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Pequim poluída ajuda, diz Vanderlei
Bronze em Atenas-2004, maratonista afirma que condição ruim do ar favorecerá brasileiros na Olimpíada chinesa
Competidores não correrão "ao lado de escapamento de caminhão", justifica; médico responsável por preparação nacional recomenda máscara
MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A CAMPINAS
Para astros da maratona, a
idéia de correr 42,195 km em
Pequim assusta. O motivo, a
poluição da capital chinesa.
Para Vanderlei Cordeiro de
Lima, não será um problema.
Pelo contrário: é motivação.
O bronze nos Jogos de Atenas-2004 confia nos seus pulmões acostumados à situação
crítica dos ares de São Paulo.
Quatro anos após ser abalroado por um padre irlandês na
maratona grega, o brasileiro
não se intimida com a poluição
da capital chinesa, que, em um
dia típico, atinge nível cinco vezes maior do que a Organização
Mundial da Saúde recomenda
como seguro.
"Não acho que a poluição
possa influenciar no desempenho. Já disputei provas em São
Paulo e não tive problema com
isso. Além disso, o atleta não
correrá ao lado de um escapamento de caminhão", disse
Vanderlei, em evento no qual
foi lançado um instituto com
seu nome, em Campinas.
"Se as condições do ambiente
[em Pequim] fossem ideais, seria uma maratona rápida, e eu
acho que os brasileiros não chegariam nem entre os dez primeiros. Mas a maratona [em
Pequim] vai ser dura, com temperatura alta e poluição. Isso
favorece os brasileiros, principalmente a mim, que estou
acostumado a competir em cidades poluídas", afirmou o atleta, que disputará a Meia Maratona de São Paulo amanhã.
Segundo o fisiologista Antônio Carlos da Silva, coordenador da preparação dos brasileiros, o único componente da poluição ao qual o atleta pode se
adaptar é o ozônio.
Entretanto Pequim apresenta outros poluentes nocivos às
vias respiratórias, como monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e
partículas de poeira.
"Não acho que os brasileiros
possam ter vantagem nisso. Os
maratonistas estrangeiros já
estão cientes do que podem encontrar em Pequim e estão se
preparando para isso", analisa
Silva, médico da Universidade
Federal de São Paulo.
O fisiologista recomendará
que atletas suscetíveis a broncoespasmos (constrição das
vias aéreas por exposição a excesso de exercício ou a alergênicos) usem máscara antipoluição. Atletas britânicos, americanos e alemães também cogitam usar a proteção.
O maratonista brasileiro reconheceu a possibilidade de
adotar a máscara quando estiver na capital chinesa.
"Se for recomendado para a
delegação, eu usarei", disse
Vanderlei. "Mas acredito que as
autoridades chinesas vão melhorar o ar até os Jogos."
O comitê organizador dos Jogos corre contra o tempo para
limpar o ar até o início do evento, em agosto. Desde 1998, Pequim já gastou mais de US$ 16,8
bilhões (cerca de R$ 28,3 bilhões) contra a poluição.
Mesmo com todos os esforços pequineses, alguns atletas
mostram-se pessimistas quanto à melhora da qualidade do ar.
Um dos principais adversários de Vanderlei, o etíope Haile Gebrselassie, recordista
mundial, cogita não participar
da prova. Ele teme que seu problema com asma seja agravado
devido à baixa qualidade do ar.
"Não seria ruim para mim,
né?! Menos um para concorrer", concluiu Vanderlei, com
um sorriso de canto de boca.
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