São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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MOTOR

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Limitação à eletrônica na F-1 deve derrubar algumas máscaras já na largada de Melbourne, em uma semana


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

M ASSA FOI extraordinariamente revelador em duas respostas que deu num encontro com a imprensa brasileira, nesta semana, em São Paulo. A primeira, sobre o fim do controle de tração e seus efeitos na pilotagem. "A gente estava acostumado a usar o acelerador como um botão. Não tinha como dosar na hora de tracionar. A gente usava de um jeito radical. Pisava 100% numa saída de curva, pisava 100% forte. Hoje, tem que controlar o acelerador, tracionar o carro. É impressionante como você desenvolve essa capacidade."
A segunda, assunto relacionado ao primeiro, sobre a extinção do controle de largada: "A largada vai ser mais difícil. Agora, é o piloto que vai ter que largar, não são mais os computadores ou os engenheiros. A gente sempre dizia que a largada era mérito dos engenheiros, pelo menos os primeiros 200 ou 300 metros. Daí, o piloto assumia. Agora, a largada vai ser humana, não eletrônica". Uma coisa é você ou eu falarmos ou escrevermos isso num jornal, num site, numa mesa de botequim.
Outra é um piloto admitir assim, com uma simplicidade cortante, que em vários e vários momentos de uma prova era mero passageiro do carro. Ou, melhor, de um software. Por 118 domingos, do GP da Espanha de 2001 ao GP Brasil de 2007, não vimos pilotos largando bem ou mal, não vimos pilotos tracionando melhor numa saída de curva para buscar um adversário logo à frente ou para fugir de uma perseguição.
Vimos apenas times com engenheiros e softwares melhores que os outros. Caso notório da Renault, um azougue nos tais "primeiros 200, 300 metros" relatados por Massa. Da turma que correrá em Melbourne, apenas seis disputaram a F-1 "humana" -descontados os então novatos Raikkonen e Alonso nos quatro primeiros GPs de 2001. Ou seja, 63% do grid viverá experiência nova em Melbourne: largar por si só. Máscaras cairão?
Ah, sim. Algumas, certamente. Mas vai ser sutil. Será necessário acompanhar com muita atenção. Os engenheiros, afinal, não foram demitidos.

SILÊNCIO
De passagem rápida pelo Brasil, Massa chamou a imprensa para conversar. Mas o que Nelsinho e Barrichello pensam sobre a disputa do título, sobre o fim do controle de tração, sobre suas chances, sobre suas equipes, sobre as novidades do calendário, sobre seus companheiros? Por aqui, ninguém sabe.

BARULHO
O cenário para a primeira corrida noturna da MotoGP é de arrepiar. Mas a Bridgestone esqueceu que iria para o Qatar e não se preparou para a brusca queda de temperatura do clima desértico. Péssima notícia para Rossi e Stoner. Ótima para Hayden, que calça Michelin.

fseixas@folhasp.com.br


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