São Paulo, terça-feira, 08 de março de 2011

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Esquecido

Comercial prepara no ano de seu centenário uma homenagem ao último gol de Garrincha, feito em 1972 e que passou praticamente despercebido

Silva Junior - 30.dez.10/Folhapress
O ex-goleiro do Comercial-SP Pascoalim, no Palma Travassos

LUCAS REIS
DE SÃO PAULO

O último gol de Mané Garrincha quase ninguém sabe, quase ninguém viu.
Foi em 1972, no estádio Francisco de Palma Travassos, em Ribeirão Preto (a 313 km ao norte de São Paulo).
Entre tantos feitos, gols, dribles e histórias, o último ato de um dos maiores craques do futebol mundial passou praticamente despercebido.
Em uma noite quente de março, Garrincha, aos 38 anos e em fim de carreira, enfrentou o Comercial, em Ribeirão, pelo Olaria. O amistoso terminou 2 a 2. A informação está no livro "Estrela Solitária - Um Brasileiro Chamado Garrincha", de Ruy Castro, colunista da Folha.
A equipe do interior, que joga a Série A-2 do Paulista, informou que pretende registrar o fato e fazer uma homenagem póstuma ao jogador.
"Celebraremos o centenário em 2011 [em 10 de outubro], e o gol do Garrincha será lembrado e homenageado", diz Nelson Lacerda, gestor e presidente do clube.
Seu último gol como profissional foi visto por menos de 5.000 pessoas, segundo relatos. Cinco meses depois, Garrincha, que foi campeão com o Brasil na Copas da Suécia-58 e do Chile-62, faria sua última partida como profissional, contra o Botafogo.
A partir de 1972, ele ainda participaria de inúmeros amistosos por clubes amadores do interior do país.
Pelo Agap/DF, em 1982, jogou pela última vez -e não marcou nenhum gol. Menos de um mês depois, Garrincha morreu no Rio de Janeiro.
"Consegui não tomar gols do Pelé. Mas levei o último gol do Garrincha. Acho que entrei para a história, não?", brinca Pascoalim, então goleiro do Comercial e que ainda defenderia o São Paulo.
Dentro de campo, Garrincha já não representava muito perigo. Além da idade avançada, os efeitos do alcoolismo faziam do jogador presa fácil para a marcação.
"Quando ele participava de amistosos e jogos festivos, já em fim de carreira, a ordem era para, já na saída do jogo, passar a bola para o Garrincha, para ver se ele fazia alguma coisa", diz Ruy Castro.
O goleiro Pascoalim afirma que se lembra de poucos detalhes daquela noite.
"Conversamos com ele antes do jogo. Era muito simpático. Lembro que ele brincou com um dos nossos jogadores, chamando-o de "armário". Era muito simples e carismático", diz o ex-jogador.
Do gol em si, Pascoalim não guarda lembranças. "O amistoso não teve grande apelo, o time do Comercial naquela época já não era tão forte. Acho que foi o segundo [gol do Olaria]. Não me lembro muito bem", declara ele.
Mas o promotor de Justiça Carlos Cezar Barbosa, que tinha 11 anos quando viu o jogo da arquibancada do estádio, não tem dúvidas. "O gol do Garrincha eu tenho certeza de que foi de pênalti. Até deu a impressão de que arrumaram um pênalti para ele poder bater", diz.
"Tenho até hoje uma foto que tirei com ele no gramado. Dei parabéns pelo gol, ele foi muito simpático", lembra o promotor, também vice-presidente do clube. "Uma placa precisa ser colocada no estádio. É um fato que coloca o Comercial na história."

FOLHA.com
Biógrafo afirma que o "verdadeiro" Garrincha parou de jogar em 1962
folha.com/es885620


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