São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2005

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BOXE

Do outro lado do balcão

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Popó estava sério. Muito sério. Os sorrisos eram ocasionais e sua testa seguia franzida durante a maior parte do tempo.
Por sua expressão, parecia que ele ia subir no ringue. Ou melhor, estava até mais sério do que na véspera dos combates, quando o brasileiro parece mais relaxado.
Foi na estréia de Popó como promotor de programações de boxe, na terça-feira, em Salvador.
Apesar de ser o chefão da Ali Promoções e Produções, Popó serviu como espécie de faz-tudo.
Até o dia anterior à programação, deu uma de fotógrafo ao produzir as imagens do cartaz promocional, serviu de relações-públicas participando de diversas entrevistas desde a semana anterior e matchmaker (responsável pelo casamento das lutas), indo às academias pessoalmente convidar alguns dos pugilistas para participar da programação. Serviu de office boy, indo retirar luvas e outros materiais na alfândega, atuou como contato comercial e também no congresso técnico.
Para quem pensava que no dia da programação Popó estaria menos atribulado, enganou-se.
Além de conceder umas dez entrevistas no decorrer do evento, Popó, de terno, fez questão de supervisionar os menores detalhes.
Por exemplo, quando viu uma moça subindo no ringue para anunciar o quinto assalto em um combate que só tinha quatro, ficou desesperado. Começou a gesticular. Como não foi notado pela mocinha, saiu correndo para o outro lado do ringue e a avisou que não era mais preciso subir.
E não é que Popó ainda deu uma de contador e psicólogo?
Pois é, depois da programação, foi ele o responsável pelo pagamento dos atletas e, em um dos vestiários, ficou consolando um dos pugilistas, que reclamava ter sido prejudicado pela arbitragem.
Pode-se dizer que Popó poderia ter sido um pouco menos centralizador, mas no final das contas, apesar de cansativo, foi bom para ele estar por dentro de todas as fases de uma promoção. E essa nova atividade deve fazer maravilhas para o amadurecimento de Popó.
A programação, que lotou o Balbininho, cumpriu seu objetivo. Foi o que os americanos chamam de "club show", não tinha nenhum top, mas entreteve. Os combates, na maioria, foram bem casados: até quando alguém perdia, mostrava combatividade. Chamou atenção especialmente a semifinal entre os penas Anderson "Manhoso" e Fernando "Fumaça", um dos melhores combates nacionais dos últimos tempos.
Antes mesmo de vê-lo no ringue vencer "Manhoso" (pupilo de Popó), dava para perceber o carisma de "Fumaça", que chamou a atenção desde a pesagem. Como personagem, é um projeto de Hector "Macho" Camacho: lutador habilidoso, tagarela, que a maioria torce contra. Mas que, nessa esperança, pagam para assisti-lo.
Uma cena curiosa da programação, que deve ter sua segunda edição em maio, no Balbininho ou em Vitória (ES), foi quando a arena foi iluminada por luzes estroboscópicas e o promotor de Popó, Arthur Pelullo, ameaçou uma dança. Um conselho para Pelullo: fique no ramo das lutas, dança definitivamente não é seu forte.

Popó
O brasileiro já começa a imprimir sua visão ""de promotor" em sua própria carreira. Ao ser questionado qual superpena preferiria enfrentar (entre Erik Morales, Manny Pacquiao e Marco Antonio Barrera), Popó escolheu o último. Motivo: Barrera bateu seu irmão, Luís Cláudio, em defesa de cinturão, e as TVs têm imagens de Popó entrando no ringue para ajudá-lo, o que aumentaria o apelo de tal encontro. Nenhum dos três superpenas, no entanto, se animou.

Feminino
Duas brasileiras retornaram do Pan-Americano de boxe feminino, organizado em Buenos Aires, na Argentina, com medalha de ouro: Débora Simabuku (até 54 kg) e Adriana Araújo (até 60 kg). Outras seis pugilistas brasileiras conquistaram medalhas de bronze.

E-mail eohata@folhasp.com.br

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