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BOXE
Do outro lado do balcão
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Popó estava sério. Muito sério. Os sorrisos eram ocasionais e sua testa seguia franzida
durante a maior parte do tempo.
Por sua expressão, parecia que
ele ia subir no ringue. Ou melhor,
estava até mais sério do que na
véspera dos combates, quando o
brasileiro parece mais relaxado.
Foi na estréia de Popó como
promotor de programações de boxe, na terça-feira, em Salvador.
Apesar de ser o chefão da Ali
Promoções e Produções, Popó serviu como espécie de faz-tudo.
Até o dia anterior à programação, deu uma de fotógrafo ao produzir as imagens do cartaz promocional, serviu de relações-públicas participando de diversas
entrevistas desde a semana anterior e matchmaker (responsável
pelo casamento das lutas), indo
às academias pessoalmente convidar alguns dos pugilistas para
participar da programação. Serviu de office boy, indo retirar luvas e outros materiais na alfândega, atuou como contato comercial
e também no congresso técnico.
Para quem pensava que no dia
da programação Popó estaria
menos atribulado, enganou-se.
Além de conceder umas dez entrevistas no decorrer do evento,
Popó, de terno, fez questão de supervisionar os menores detalhes.
Por exemplo, quando viu uma
moça subindo no ringue para
anunciar o quinto assalto em um
combate que só tinha quatro, ficou desesperado. Começou a gesticular. Como não foi notado pela
mocinha, saiu correndo para o
outro lado do ringue e a avisou
que não era mais preciso subir.
E não é que Popó ainda deu
uma de contador e psicólogo?
Pois é, depois da programação,
foi ele o responsável pelo pagamento dos atletas e, em um dos
vestiários, ficou consolando um
dos pugilistas, que reclamava ter
sido prejudicado pela arbitragem.
Pode-se dizer que Popó poderia
ter sido um pouco menos centralizador, mas no final das contas,
apesar de cansativo, foi bom para
ele estar por dentro de todas as fases de uma promoção. E essa nova
atividade deve fazer maravilhas
para o amadurecimento de Popó.
A programação, que lotou o
Balbininho, cumpriu seu objetivo.
Foi o que os americanos chamam
de "club show", não tinha nenhum top, mas entreteve. Os combates, na maioria, foram bem casados: até quando alguém perdia,
mostrava combatividade. Chamou atenção especialmente a semifinal entre os penas Anderson
"Manhoso" e Fernando "Fumaça", um dos melhores combates
nacionais dos últimos tempos.
Antes mesmo de vê-lo no ringue
vencer "Manhoso" (pupilo de Popó), dava para perceber o carisma
de "Fumaça", que chamou a
atenção desde a pesagem. Como
personagem, é um projeto de Hector "Macho" Camacho: lutador
habilidoso, tagarela, que a maioria torce contra. Mas que, nessa
esperança, pagam para assisti-lo.
Uma cena curiosa da programação, que deve ter sua segunda
edição em maio, no Balbininho
ou em Vitória (ES), foi quando a
arena foi iluminada por luzes estroboscópicas e o promotor de Popó, Arthur Pelullo, ameaçou uma
dança. Um conselho para Pelullo:
fique no ramo das lutas, dança
definitivamente não é seu forte.
Popó
O brasileiro já começa a imprimir sua visão ""de promotor" em sua
própria carreira. Ao ser questionado qual superpena preferiria enfrentar (entre Erik Morales, Manny Pacquiao e Marco Antonio Barrera), Popó escolheu o último. Motivo: Barrera bateu seu irmão, Luís
Cláudio, em defesa de cinturão, e as TVs têm imagens de Popó entrando no ringue para ajudá-lo, o que aumentaria o apelo de tal encontro. Nenhum dos três superpenas, no entanto, se animou.
Feminino
Duas brasileiras retornaram do Pan-Americano de boxe feminino,
organizado em Buenos Aires, na Argentina, com medalha de ouro:
Débora Simabuku (até 54 kg) e Adriana Araújo (até 60 kg). Outras
seis pugilistas brasileiras conquistaram medalhas de bronze.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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