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órfãos
Bragantino e São Caetano brilham sós
Com morte de patronos, clubes perdem apoio de prefeituras, montam grupos modestos, mas têm sucesso no Paulista
Em Bragança, sem Nabi Abi
Chedid, equipe teve de
negociar dívidas, e no ABC,
ex-time de Luiz Tortorello
recebe verba de só R$ 5.000
EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os patronos morreram, assim como a aliança com as prefeituras de suas cidades. Com
pouco dinheiro, os elencos, antes estrelados para os padrões
de clubes de tal porte, são formados por jogadores modestos.
Essa combinação parecia a
garantia de Bragantino e São
Caetano seguirem ladeira abaixo no Paulista-07. Mas não foi o
que aconteceu. Os dois times
começaram a penúltima rodada na zona de classificação às
semifinais, deixando Corinthians e Palmeiras para trás.
O time do ABC, rebaixado em
2006 para a Série B do Brasileiro, em terceiro, e o de Bragança
Paulista, em quarto.
Uma surpresa para quem
perdeu muito mais que os padrinhos com os falecimentos de
Nabi Abi Chedid, no ano passado, e Luiz Tortorello, em 2004.
Bragantino, feudo da família
Chedid por décadas, e São Caetano, que teve o ex-prefeito da
cidade como um de seus fundadores, são hoje um arremedo
em relação ao tempo em que
ganharam fama e títulos.
Isso porque as famílias de
seus mecenas não têm agora a
mesma força política em seus
municípios, o que dificulta a vida financeira de ambos.
Jesus, irmão de Nabi, perdeu
na Justiça eleitoral, por irregularidades na campanha, o seu
mandato como prefeito de Bragança Paulista. Em seu lugar
entrou um tucano opositor dos
Chedid. Com "inimigos" no poder, as verbas públicas secaram. "Nem o rapaz que cortava
a grama do estádio eles mandam mais", diz Marco Antônio
Abi Chedid, filho de Nabi e presidente do Bragantino.
Domingos Alves, chefe de divisão de esportes da Secretaria
da Juventude, Esportes e Lazer
de Bragança, diz que a política
de investimentos da cidade é
assunto da prefeitura.
Sem auxílio estatal, o Bragantino, campeão paulista em
1990, fez uma reengenharia na
sua dívida para voltar a brilhar
na elite. O clube fez um acordo
com a Justiça para parcelar
seus débitos trabalhistas -segundo Abi Chedid, esse valor
chegava a R$ 6 milhões.
Dentro de campo, acabou
com a categoria de base e tem
um elenco profissional que custa menos de R$ 200 mil mensais -menos da metade do que
ganhava Leão no Corinthians.
Se o dinheiro não é o mesmo,
o dirigente garante que seu clube segue com a força nos bastidores que tinha quando Nabi
era vivo e vice-presidente da
CBF. "Os amigos dele viraram
meus amigos", afirma.
Brigas políticas também deixaram o São Caetano mais frágil. O atual prefeito, José Auricchio Jr., foi eleito com o apoio
de Tortorello, mas hoje é desafeto da família do ex-prefeito.
"Hoje não existe mais o relacionamento entre prefeitura e
clube. Todo o incentivo da prefeitura, o trabalho, não existe
mais", reclama o ex-deputado
estadual Marquinho Tortorello, filho do ex-prefeito.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, a prefeitura de São
Caetano diz que Tortorello ajudava o clube, mas não com recursos da prefeitura.
Também diz que, por lei, o
São Caetano, assim como outros clubes amadores, recebe
uma subvenção de R$ 5.000.
Tanto em Bragança quanto
no ABC a distância entre os clubes e as cidades são sentidas.
"Não há mais carinho, incentivo dos torcedores. Não existe
mais aquilo que o clube representava para a cidade. Por isso
os jogos têm as piores rendas
do Paulista", afirma Marquinho Tortorello. "A cidade de
Bragança deve muito ao Bragantino. E está em dívida com o
clube", fala Marcelo Veiga, o
técnico atual da equipe.
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