São Paulo, quarta-feira, 08 de abril de 2009

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Clubes ignoram o caixa por palco das semifinais

Recusado por rivais do São Paulo, Morumbi é o campo mais rentável do Paulista

Em jogos com rendas brutas quase iguais, receita líquida no campo são-paulino é até 50% superior do que a registrada no Pacaembu

EDUARDO OHATA
PAULO COBOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o futebol se resumisse a uma planilha de custos, trocar o Morumbi por Parque Antarctica, Pacaembu e Vila Belmiro, como irá acontecer nas semifinais do Campeonato Paulista-2009, seria um erro crasso.
O estádio são-paulino, classificado pelos rivais como não sendo um campo neutro, é mais rentável do que as arenas onde Corinthians, Palmeiras e Santos vão exercer seus mandos.
E isso não é só por ser bem maior. Os borderôs das partidas do Estadual mostram despesas menos robustas no Morumbi, tanto que o São Paulo teve a maior rentabilidade no torneio -da sua arrecadação bruta, 72% entraram nos cofres do clube após os descontos.
Número muito acima do que o Corinthians conseguiu no Pacaembu -lá, o clube só ficou com 49% do que arrecadou de forma bruta. E também bem superior ao que obteve o Santos dentro da Vila Belmiro (51%).
Uma comparação entre jogos com arrecadações próximas mostra de maneira mais clara que o estádio municipal é bem mais caro do que o são-paulino.
No clássico com o Santos, o Corinthians conseguiu arrecadar R$ 1,048 milhão no Pacaembu, porém só ficou com R$ 576 mil. Isso porque gastou, por exemplo, R$ 105 mil com ingressos e catracas e R$ 65 mil com "despesas diversas".
No Morumbi, a renda bruta de São Paulo x Corinthians ficou em R$ 1,067 milhão, ou apenas 2% a mais do que a de Corinthians x Santos. O lucro do jogo, no entanto, foi 50% maior, batendo nos R$ 866 mil. O São Paulo não gastou nada com catracas. E as "despesas diversas" ficaram em R$ 7.800.
É fato que o São Paulo é mais econômico quando quem joga no Morumbi é o próprio clube.
Mas jogos recentes no estádio mostram que o Morumbi ainda é mais vantajoso financeiramente também para terceiros. No clássico contra o Palmeiras no Paulista-2008, o Corinthians levou para casa 64% da renda bruta. Esse percentual não chegou perto de nenhuma partida no Pacaembu, onde paga aluguel idêntico ao cobrado pelo Morumbi, neste ano.
O Corinthians alega que em primeiro lugar vem a parte técnica, mas admite que jogar no Morumbi é mais lucrativo.
"Falando estritamente da parte financeira, há no Morumbi um potencial de receita maior. Os custos operacionais no Pacaembu são maiores porque temos gastos que não temos no Morumbi. Temos de alugar banheiros, grades", diz Lucio Blanco, diretor de arrecadação do clube. Palmeiras e Santos pensam de outra forma.
"Tem que analisar jogo a jogo. Tem jogo que é mais rentável no Morumbi, no Pacaembu, na Vila... É questão de analisar cada evento dentro de sua própria dimensão", fala Modesto Roma Junior, superintendente administrativo do Santos.
"Estudando os números descobrimos que, com o aluguel do Morumbi, mais as despesas extras, mesmo com uma ótima renda, a diferença é mínima entre mandar partidas lá e jogar no Parque Antarctica lotado", argumenta Fabio Raiola, diretor financeiro do Palmeiras.
O São Paulo diz receber com estranheza a fuga do Morumbi.
"Já que o futebol é um esporte profissional, o objetivo é ter arrecadação compensadora para subsidiar os custos do time. Um momento como este, uma fase decisiva, com os clubes com maior capacidade de arrecadação, e eles abrem mão disso", diz João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol do clube.


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