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Clubes ignoram o caixa por palco das semifinais
Recusado por rivais do São Paulo, Morumbi é o campo mais rentável do Paulista
Em jogos com rendas brutas quase iguais, receita líquida no campo são-paulino é
até 50% superior do que
a registrada no Pacaembu
EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o futebol se resumisse a
uma planilha de custos, trocar
o Morumbi por Parque Antarctica, Pacaembu e Vila Belmiro,
como irá acontecer nas semifinais do Campeonato Paulista-2009, seria um erro crasso.
O estádio são-paulino, classificado pelos rivais como não
sendo um campo neutro, é mais
rentável do que as arenas onde
Corinthians, Palmeiras e Santos vão exercer seus mandos.
E isso não é só por ser bem
maior. Os borderôs das partidas do Estadual mostram despesas menos robustas no Morumbi, tanto que o São Paulo
teve a maior rentabilidade no
torneio -da sua arrecadação
bruta, 72% entraram nos cofres
do clube após os descontos.
Número muito acima do que
o Corinthians conseguiu no Pacaembu -lá, o clube só ficou
com 49% do que arrecadou de
forma bruta. E também bem
superior ao que obteve o Santos
dentro da Vila Belmiro (51%).
Uma comparação entre jogos
com arrecadações próximas
mostra de maneira mais clara
que o estádio municipal é bem
mais caro do que o são-paulino.
No clássico com o Santos, o
Corinthians conseguiu arrecadar R$ 1,048 milhão no Pacaembu, porém só ficou com
R$ 576 mil. Isso porque gastou,
por exemplo, R$ 105 mil com
ingressos e catracas e R$ 65 mil
com "despesas diversas".
No Morumbi, a renda bruta
de São Paulo x Corinthians ficou em R$ 1,067 milhão, ou
apenas 2% a mais do que a de
Corinthians x Santos. O lucro
do jogo, no entanto, foi 50%
maior, batendo nos R$ 866 mil.
O São Paulo não gastou nada
com catracas. E as "despesas diversas" ficaram em R$ 7.800.
É fato que o São Paulo é mais
econômico quando quem joga
no Morumbi é o próprio clube.
Mas jogos recentes no estádio mostram que o Morumbi
ainda é mais vantajoso financeiramente também para terceiros. No clássico contra o Palmeiras no Paulista-2008, o Corinthians levou para casa 64%
da renda bruta. Esse percentual
não chegou perto de nenhuma
partida no Pacaembu, onde paga aluguel idêntico ao cobrado
pelo Morumbi, neste ano.
O Corinthians alega que em
primeiro lugar vem a parte técnica, mas admite que jogar no
Morumbi é mais lucrativo.
"Falando estritamente da
parte financeira, há no Morumbi um potencial de receita
maior. Os custos operacionais
no Pacaembu são maiores porque temos gastos que não temos no Morumbi. Temos de
alugar banheiros, grades", diz
Lucio Blanco, diretor de arrecadação do clube. Palmeiras e
Santos pensam de outra forma.
"Tem que analisar jogo a jogo. Tem jogo que é mais rentável no Morumbi, no Pacaembu,
na Vila... É questão de analisar
cada evento dentro de sua própria dimensão", fala Modesto
Roma Junior, superintendente
administrativo do Santos.
"Estudando os números descobrimos que, com o aluguel do
Morumbi, mais as despesas extras, mesmo com uma ótima
renda, a diferença é mínima entre mandar partidas lá e jogar
no Parque Antarctica lotado",
argumenta Fabio Raiola, diretor financeiro do Palmeiras.
O São Paulo diz receber com
estranheza a fuga do Morumbi.
"Já que o futebol é um esporte profissional, o objetivo é ter
arrecadação compensadora para subsidiar os custos do time.
Um momento como este, uma
fase decisiva, com os clubes
com maior capacidade de arrecadação, e eles abrem mão disso", diz João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol do clube.
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