São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

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JUCA KFOURI

Como o diabo gosta


A eleição no Clube dos 13 é daquelas em que as pessoas de bem torcem para que os dois lados percam...


O MELHOR para o futuro do futebol seria a eleição de uma Patrícia Amorim, de um Luís Alvaro de Oliveira, de um Maurício Assunção, para presidir o Clube dos 13, fundar a Liga Profissional do Futebol Brasileiro, negociar com todas as redes de TV interessadas em ter futebol e deixar a CBF encarregada apenas da seleção brasileira. Ao menos por serem sangue novo, sem vícios, acabando de chegar ao Flamengo, ao Santos e ao Botafogo.
Curiosamente, Amorim está com Fábio Koff, Assunção com Kléber Leite, e Oliveira ainda não sabe.
Mas essa hipótese está descartada na eleição desta segunda-feira, que terá Koff defendendo com unhas e dentes o seu trono já caduco e Leite querendo tomá-lo, moderno.
Koff tem a maioria hoje, sabe Deus se a terá daqui a quatro dias, porque no futebol nacional tudo é possível. Desde prometer a Taça das Bolinhas para o Flamengo. Ou empréstimo para o Botafogo. Ou a diminuição da pena para o Coritiba.
Ou ameaçar o Goiás com o rebaixamento. Ou acenar com estádio para o Corinthians, golpe no São Paulo.
Não é por acaso que Corinthians, Goiás, Coritiba e Botafogo estão com o candidato Leite, apoiado pela CBF, pela Globo Esportes e pela Traffic, além do Vasco, do Vitória e do Cruzeiro, os quais não se conhece que tipo de acenos receberam.
Gente que garante fundar um G7 em caso de derrota no C13, porque imagina ter em dois meses a adesão geral e irrestrita dos demais, depois de um trabalho de persuasão mais demorado por parte da sempre convincente CBF.
O pior é que, dentro dos usos e costumes em vigor, dada a necessidade de Ricardo Teixeira em deixar correr o Brasileirão, porque tem uma Copa em 2014 e uma eleição na Fifa em 2015 para pensar, o menos ruim para o progresso de nosso futebol está desse lado e não no de Koff, já conhecido o suficiente para saber que não ata nem desata.
Para ter uma ideia de como a coisa está do jeito que o diabo gosta, mesmo com este surpreendente raciocínio, este escriba, se votasse, não votaria em Leite. Tampouco em Koff, que seu estômago tem limites, mas se absteria, embora torcesse pelo gaúcho, só para ver Teixeira derrotado, mesmo que só por uns dias.
Coisa burra, não é?
Sim, porque o quarteto Teixeira$Leite$Hawilla$Pinto, ao mesmo tempo em que tomaria conta de vez de nosso futebol, sem disfarces, tem mais a oferecer do que a alegada dupla Koff/bispo, uma parceria, se houver mesmo, circunstancial, não tradicional como é a do harmônico quarteto.
Quarteto que abriga um trio que tem negócios comuns (T$L$H) e antigos na exploração da seleção brasileira, conflito óbvio que Leite nega como se a mistura fosse apenas com café, embora seja com o ervanário que há anos comandam. Estamos ou não diante de uma jogada diabólica, a ponto de este colunista se ver diante da necessidade de dizer que Leite é menos ruim que Koff, embora torça para o pior?
Veja a que ponto chegamos.
Mas se há algo que um jornalista não pode fazer é brigar com os fatos. E o fato é que Koff já era e Leite pode ser. Mesmo que venha a ser mais um engodo.
O que é, aliás, o mais provável.

blogdojuca@uol.com.br


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