São Paulo, segunda-feira, 08 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Próximo Texto | Índice

Futebol
Clássico empolga torcida e estressa jogadores

Ormuzd Alves/Folha Imagem
O zagueiro palmeirense Argel (à esq.) e o atacante corintiano Dinei discutem durante o clássico de ontem



Técnicos ignoram Libertadores, usam os melhores jogadores e garantem uma partida nervosa, com muitos gols e faltas


FERNANDO MELLO
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
da Reportagem Local

O clássico de ontem entre Corinthians e Palmeiras, que terminou empatado em 2 a 2, contrariou as expectativas: extenuou os jogadores e empolgou a torcida que compareceu ao Morumbi.
Depois de terem anunciado que entrariam em campo com times bastante desfalcados, poupando os principais jogadores para as partidas decisivas da Libertadores no meio de semana, os dois técnicos acabaram optando por utilizar seus melhores atletas.
No final, o empate manteve as duas equipes na liderança do Grupo 8 do Paulista-2000, com quatro pontos cada, e não alterou o panorama da chave, que tem a Ponte Preta na terceira colocação, com três pontos.
O jogo, bastante equilibrado do começo ao fim, teve um alto nível técnico, principalmente no primeiro tempo, quando saíram os quatro gols.
Alex e Pena marcaram para o Palmeiras, enquanto o meia-atacante Marcelinho anotou os dois do atual campeão paulista, brasileiro e mundial.
O Palmeiras foi o time que mais forçou seus atletas. Ao contrário do que havia divulgado na véspera, o técnico Luiz Felipe Scolari não poupou nenhum jogador.
O treinador declarou à imprensa que não utilizaria cinco titulares no clássico de ontem. Deu até os nomes, coisa que nunca faz: Rogério, César Sampaio, Júnior, Alex e Euller, atletas que formam a espinha dorsal do Palmeiras.
A tática de Scolari era confundir Oswaldo de Oliveira, que é seu desafeto. Em cima da hora, o técnico anunciou que entraria com força máxima. "Na sexta-feira, achei que aquele era o melhor time. Hoje (ontem), achei que é esse. Não posso mudar de idéia?", questionou, irritado, o treinador.
O meia Alex desmentiu a versão do técnico. "A gente já sabia que ia jogar. Eu almocei no quarto para ninguém da imprensa me ver. Isso fez parte da estratégia do Felipão para o clássico. Ele nos pediu que fizéssemos sigilo absoluto, e nós acatamos."
Oliveira disse que já sabia que o Palmeiras entraria com todos os titulares. "A mim, ele não enganou. Tinha certeza de que ele iria fazer isso. A escalação do Corinthians não depende da do adversário", disse o corintiano.
Scolari, que tem um grupo reduzido sob seu comando, só tirou um titular de campo quando faltavam cinco minutos para o fim.
Do lado corintiano, Oliveira acabou poupando apenas o lateral Daniel. Apesar de ter iniciado o jogo sem cinco titulares, o técnico pôs em campo, no segundo tempo, Luizão e Ricardinho.
Os zagueiros Fábio Luciano e Adílson, que se recuperam de contusão, não tinham condições de atuar no clássico.
"Não é questão de titulares ou reservas. Coloquei em campo o que eu podia colocar para o time render melhor. Mas foi tudo dentro do planejado", declarou o técnico corintiano.
A Federação Paulista de Futebol vai decidir hoje se as equipes serão multadas por terem "esvaziado" o clássico de véspera. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, não está descartada uma punição ao Palmeiras.
Apesar de não ter entrado em campo com reservas, o anúncio de que Scolari escalaria um time misto pode ter afastado os palmeirenses do Morumbi. Coincidência ou não, os corintianos eram maioria no estádio ontem.
O Corinthians está ameaçado de perder suas cotas na terceira fase. Na etapa anterior da competição, o time do Parque São Jorge já foi punido. Seu técnico, Oswaldo de Oliveira, foi multado em R$ 150 mil por ter escalado equipes reservas em quatro jogos. O departamento jurídico do Corinthians recorreu.


Próximo Texto: Scolari acusa rival de esvaziar jogo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.