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FUTEBOL
Técnico admite contato com dirigentes do São Paulo, mas descarta, por enquanto, deixar órfãos os Meninos da Vila
Assediado, Leão diz que o coração é Santos
DA REPORTAGEM LOCAL
O São Paulo quer Emerson
Leão. O Santos até admite que pode perdê-lo. Mas a dramática vitória de ontem, sobre o Nacional,
do Uruguai, pela Libertadores,
pode ter garantido a sobrevida do
técnico no clube da Vila Belmiro.
Os 3 a 1 nos pênaltis contra o time de Montevidéu devem minar
as investidas do São Paulo sobre o
treinador. Mesmo com uma boa
proposta financeira, dificilmente
ele sairia do Santos agora, com a
classificação para as quartas-de-final da Libertadores da América.
"Convites e interesses de outros
clubes me deixam profissionalmente feliz, mas meu coração só
fica contente com o Santos em
campo", declarou o técnico, após
o jogo de ontem, descartando
uma mudança por enquanto.
O discurso poderia ser outro caso o Nacional tivesse vencido.
Leão já havia avisado a diretoria
de que fora procurado pelo São
Paulo. A cúpula santista já admitia perdê-lo por causa de dinheiro
e demonstrava irritação com a
sondagem do clube do Morumbi.
A principal preocupação da diretoria santista era com o valor da
oferta ao técnico. Segundo o diretor de futebol do time da Vila,
Francisco Lopes, as chances de
Leão permanecer no Santos só
dependeriam de nova proposta
são-paulina, já que a primeira não
teria sido "tão atraente".
"Pelo que eu entendi da reunião
franca que fizemos ontem [anteontem], os valores apresentados não foram os mesmos que são pagos para o Kaká e o Ricardinho. Acho que o Leão não vai
trocar seis por meia dúzia. Mas
nós sabemos que hoje ninguém
joga futebol por amor à camisa.
Queremos aqui só quem quer ficar no Santos. Se ele aceitar [o que
ofereceram", que seja feliz no São
Paulo", afirmou o dirigente.
Para deixar o Santos, Leão teria
que pagar ao clube uma multa
rescisória equivalente a três meses
de seu salário -cerca de R$ 100
mil mensais livres não declarados.
Um valor considerado "irrisório"
para impedir uma negociação, segundo o diretor santista.
Irritado, Lopes considerou a
postura do São Paulo antiética, já
que os santistas estavam às vésperas de um jogo "importante e histórica" na Libertadores.
Apesar de Leão já ter deixado
vazar a proposta são-paulina, a
diretoria do clube do Morumbi
tenta mostrar tranquilidade e sinaliza com a manutenção de Roberto Rojas, há cinco dias como
interino, até conseguir fechar com
o técnico "certo" para o clube.
Ontem, sob comando do chileno, o São Paulo empatou em 0 a 0
com o Goiás pela Copa do Brasil.
"Esperamos um técnico que tenha disputado decisões nos últimos tempos. É bom ter alguém no
comando que nos dirija. Tenho
certeza de que o São Paulo tomou
a decisão certa", disse o goleiro
Rogério, capitão do time, após a
partida, descrevendo o perfil de
Leão. Naquele momento, o Santos ainda decidia sua vaga.
Mesmo com a pressão do grupo
de jogadores e da torcida, o presidente Marcelo Portugal Gouvêa
despachou normalmente e disse
que não tem pressa para anunciar
o novo treinador. O recado foi
passado aos conselheiros, em reunião realizada anteontem.
Segundo o dirigente, o São Paulo não pode fazer as vias de laboratório e se apressar a contratar
um técnico qualquer e se ver envolto a uma nova crise em breve.
Com a diretriz traçada pelo presidente, o diretor de futebol Carlos Augusto Barros e Silva embarcou para Goiânia, onde chefiou a
delegação e assistiu ao jogo. Pela
agenda, só haveria uma reunião
de cúpula hoje, às 18h, para definir se o time participará ou não da
Copa da Paz, na Coréia, em julho.
O vice-presidente do clube,
Márcio Aranha, acredita que a
política de Gouvêa é acertada. Rojas esteve bem contra o Figueirense no último domingo e, provavelmente, terá que comandar o time do banco de reservas contra o
Atlético-MG, domingo, porque
não haverá tempo hábil para o
novo técnico trabalhar.
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