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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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FUTEBOL

Após sete rodadas, torneio registra recorde histórico ao ver um quarto dos times ser vazado ao menos 2 vezes por jogo

Nunca foi tão fácil fazer gols no Nacional

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O caminho do gol no Campeonato Brasileiro-2003 é facilitado por uma proliferação de "defesas peneiras" nos clubes do país.
Só 8 dos 24 times que disputam a primeira divisão ostentam saldo positivo de gols. Um quarto das equipes, recorde histórico, é vazado em média, pelo menos, duas vezes por partida.
O desequilíbrio entre marcação e criação cresce a cada ano. Em 1990, no auge do defensivismo no Nacional, 55% dos participantes do torneio marcavam mais gols do que sofriam. Na versão de 1998, esse índice caiu para 46%. Agora, despencou para 33%.
Em nenhum outro país da elite da bola acontece algo parecido.
Nos grandes campeonatos europeus, pelo menos 40% das equipes aparecem com um número azul na contabilidade dos gols.
Hoje, no Brasil, até clubes favoritos ao título nacional, como Corinthians e São Paulo, sofrem gols em ritmo alucinante.
Média igual ou superior a dois gols sofridos por jogo, como acontece agora com seis equipes, era coisa rara até recentemente.
Na edição do ano passado, apesar da média geral de gols ter ultrapassado três pela primeira vez na história do Nacional, nenhum time atingiu esse patamar.
Novamente a comparação com o futebol internacional mostra o descompasso brasileiro.
Nenhum time italiano ou espanhol, mesmo os mais modestos, é tão incompetente a ponto de levar mais de dois gols por partida. Isso em campeonatos que contam com potências mundiais do futebol, como Real Madrid, Barcelona, Juventus e Milan.
As "defesas peneiras" são comuns em clubes de todos os níveis e que adotam os mais variados esquemas no Brasileiro-2003.
O Vasco é um bom exemplo disso. Apesar de ter um técnico especialista para a defesa -o ex-zagueiro Mauro Galvão-, o time tem média de 2,14 gols sofridos por partida. Isso acontece mesmo com um esquema conservador -o treinador Antônio Lopes chega levar a campo, em algumas partidas, três volantes.
Mas é no Goiás que a fragilidade da defesa deixa mais prejuízos. Apesar de contar com o segundo melhor ataque da competição até agora, o time do técnico Candinho é o penúltimo colocado na tabela. Isso por sua defesa sofrer, em média, 2,57 gols por jogo.
Para treinadores e jogadores, o alto número de gols sofridos por suas equipes não pode ser creditado exclusivamente aos zagueiros.
"No futebol moderno, os atacantes têm também a obrigação de defender, e os meias precisam cobrir os laterais, que se tornaram mais ofensivos", diz Geninho.
O técnico do Corinthians realmente tem motivos para preocupação. Seu time já sofreu 13 gols em sete jogos no Nacional e perdeu a segurança defensiva da época em que era comandado por Carlos Alberto Parreira.
No São Paulo, que já levou 16 gols no Nacional, a diretoria não parece pensar assim.
Os zagueiros Jean e Gustavo Nery, além do lateral-direito Gabriel, são constantemente criticados até pelo presidente Marcelo Portugal Gouvêa.
Se os diagnósticos pela "culpa" de tantos gols não bate, uma estatística do Datafolha mostra que a marcação no país só piora. Segundo o instituto, a média de desarmes por equipe a cada jogo não passa de 124 tentativas. Há cinco anos, esse número chegava a 140.
Com o trabalho dos atacantes facilitados pela debilidade das defesas, o Brasileiro-03 caminha a passos largos para estabelecer um novo recorde de artilharia.
Em média, foram marcados 3,25 gols até os jogos da sétima rodada. Até hoje, a maior média de um Nacional aconteceu no ano passado, quando as redes balançaram 3,02 vezes por duelo.
Também está aberto o caminho para que um jogador supere o recorde de gols em uma só edição, que pertence a Edmundo (29).


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