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FUTEBOL
Após sete rodadas, torneio registra recorde histórico ao ver um quarto dos times ser vazado ao menos 2 vezes por jogo
Nunca foi tão fácil fazer gols no Nacional
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O caminho do gol no Campeonato Brasileiro-2003 é facilitado
por uma proliferação de "defesas
peneiras" nos clubes do país.
Só 8 dos 24 times que disputam
a primeira divisão ostentam saldo
positivo de gols. Um quarto das
equipes, recorde histórico, é vazado em média, pelo menos, duas
vezes por partida.
O desequilíbrio entre marcação
e criação cresce a cada ano. Em
1990, no auge do defensivismo no
Nacional, 55% dos participantes
do torneio marcavam mais gols
do que sofriam. Na versão de
1998, esse índice caiu para 46%.
Agora, despencou para 33%.
Em nenhum outro país da elite
da bola acontece algo parecido.
Nos grandes campeonatos europeus, pelo menos 40% das equipes aparecem com um número azul na contabilidade dos gols.
Hoje, no Brasil, até clubes favoritos ao título nacional, como Corinthians e São Paulo, sofrem gols
em ritmo alucinante.
Média igual ou superior a dois
gols sofridos por jogo, como
acontece agora com seis equipes,
era coisa rara até recentemente.
Na edição do ano passado, apesar da média geral de gols ter ultrapassado três pela primeira vez
na história do Nacional, nenhum
time atingiu esse patamar.
Novamente a comparação com
o futebol internacional mostra o
descompasso brasileiro.
Nenhum time italiano ou espanhol, mesmo os mais modestos, é
tão incompetente a ponto de levar
mais de dois gols por partida. Isso
em campeonatos que contam
com potências mundiais do futebol, como Real Madrid, Barcelona, Juventus e Milan.
As "defesas peneiras" são comuns em clubes de todos os níveis e que adotam os mais variados esquemas no Brasileiro-2003.
O Vasco é um bom exemplo
disso. Apesar de ter um técnico
especialista para a defesa -o ex-zagueiro Mauro Galvão-, o time
tem média de 2,14 gols sofridos
por partida. Isso acontece mesmo
com um esquema conservador
-o treinador Antônio Lopes
chega levar a campo, em algumas
partidas, três volantes.
Mas é no Goiás que a fragilidade
da defesa deixa mais prejuízos.
Apesar de contar com o segundo
melhor ataque da competição até
agora, o time do técnico Candinho é o penúltimo colocado na tabela. Isso por sua defesa sofrer,
em média, 2,57 gols por jogo.
Para treinadores e jogadores, o
alto número de gols sofridos por
suas equipes não pode ser creditado exclusivamente aos zagueiros.
"No futebol moderno, os atacantes têm também a obrigação
de defender, e os meias precisam
cobrir os laterais, que se tornaram
mais ofensivos", diz Geninho.
O técnico do Corinthians realmente tem motivos para preocupação. Seu time já sofreu 13 gols
em sete jogos no Nacional e perdeu a segurança defensiva da época em que era comandado por
Carlos Alberto Parreira.
No São Paulo, que já levou 16
gols no Nacional, a diretoria não
parece pensar assim.
Os zagueiros Jean e Gustavo
Nery, além do lateral-direito Gabriel, são constantemente criticados até pelo presidente Marcelo
Portugal Gouvêa.
Se os diagnósticos pela "culpa"
de tantos gols não bate, uma estatística do Datafolha mostra que a
marcação no país só piora. Segundo o instituto, a média de desarmes por equipe a cada jogo não
passa de 124 tentativas. Há cinco
anos, esse número chegava a 140.
Com o trabalho dos atacantes
facilitados pela debilidade das defesas, o Brasileiro-03 caminha a
passos largos para estabelecer um
novo recorde de artilharia.
Em média, foram marcados
3,25 gols até os jogos da sétima rodada. Até hoje, a maior média de
um Nacional aconteceu no ano
passado, quando as redes balançaram 3,02 vezes por duelo.
Também está aberto o caminho
para que um jogador supere o recorde de gols em uma só edição,
que pertence a Edmundo (29).
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