Com revelações encostadas, time encara Cúcuta, na Colômbia, podendo até perder por um gol para seguir na Libertadores

Só 1 dos 17 tentos da equipe no torneio continental até agora foi marcado por jogador revelado nas categorias de base do clube

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Carleto, Thiago Luís, Alemão, Renatinho. Era com esses, e outras crias da sua categoria de base, que o Santos esperava dar a volta por cima após um início de temporada tenebroso.
Mas hoje, às 23h15, quando entrar em campo na Colômbia podendo perder por até um gol de diferença para o Cúcuta na disputa por uma vaga nas quartas-de-final da Libertadores, os novos "meninos da Vila" serão mais uma vez coadjuvantes.
O Santos, que começou o ano dando vexame com um time de garotos, é hoje uma equipe em recuperação com atletas contratados de outras equipes.
No início do Paulista, quando chegou a ficar na zona do rebaixamento, o time do litoral chegou a escalar seis titulares formados no clube, como contra o Barueri (derrota por 2 a 1).
Hoje, contra o Cúcuta, o técnico Emerson Leão deve mandar a campo só dois atletas que nasceram no Santos -o zagueiro Marcelo e o volante Adriano.
Os números explicam a razão de tamanha mudança.
Na Libertadores, o Santos marcou até agora 17 gols. Só um foi anotado por um "menino da Vila" (o zagueiro Domingos). Contando também o Paulista, a base santista responde por só 13% da artilharia do time na temporada de 2008.
Promessas santistas estão no limbo. O lateral-esquerdo Carlinhos, que chegou a ser convocado por Dunga para a seleção brasileira, é hoje o terceiro da posição e nem na reserva fica. O clube quer emprestá-lo, mas ele recusou as propostas recebidas até agora.
A dupla de atacantes Thiago Luís e Alemão, que estrearam no time principal no meio de uma polêmica sobre seus contratos com o clube, também foi esquecida por Leão.
Tudo muito diferente do que pensavam o treinador e Marcelo Teixeira, o presidente do Santos. O cartola chegou a pedir o aproveitamento do time vice-campeão da Copa São Paulo de juniores para o clube sair da crise do começo do ano.
Leão se dizia pronto para repetir o que aconteceu em 2002, quando tirou o Santos da fila com Robinho e Diego, craques revelados no clube. "Não será novidade nenhuma escalar um jovem para jogar, desde que tenha competência. Conversei com eles individualmente, mostrei que a bola é redonda, igualzinha, e que o gramado em que eles jogam é igualzinho também", declarou o treinador no final de janeiro.
A campanha desastrosa com os garotos fez o clube apelar para contratações, quase todas baratas. Mas elas deram resultado. O colombiano Molina é o artilheiro do time na Libertadores. Lima, que estava no Juventus, estreou na semana passada, contra o Cúcuta, já balançando as redes uma vez.
O Santos entra em campo tendo vencido a primeira partida contra os colombianos por 2 a 0, na Vila Belmiro. Caso faça um gol hoje, o time paulista pode perder por 3 a 1 que garante a vaga. Decisão nos pênaltis só se o Cúcuta ganhar por 2 a 0.