São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008

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Herói olímpico em Atenas, Vanderlei não vai a Pequim

Lesão tira atleta da disputa por vaga brasileira na maratona olímpica, em que conquistou o bronze quatro anos atrás

Desde sua corrida épica, ele coleciona frustrações, tendo desistido dos 42,195 km no Mundial-2005 e no Pan do Rio, quando buscava o tri

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Único medalhista do Brasil na história da maratona olímpica, Vanderlei Cordeiro de Lima, 38, desistiu de tentar vaga para a Olimpíada de Pequim.
O corredor, bronze nos Jogos de Atenas-04, não se recuperou de uma lesão a tempo de participar da Maratona de Praga. A prova será neste domingo, prazo final estipulado pela Confederação Brasileira de Atletismo para a definição dos maratonistas que competirão em Pequim.
"É uma pena. Ele queria defender sua medalha", lamentou o técnico Ricardo D'Angelo.
O fundista tornou-se herói olímpico em Atenas-04, ao ser abalroado por um ex-padre irlandês quando liderava a prova. Apesar da queda, Vanderlei retomou a corrida e terminou em terceiro lugar, atrás de Stefano Baldini (Itália) e Mebrahtom Keflezighi (EUA).
Pelo feito, além do bronze, ele recebeu a medalha Barão de Coubertin, por causa do "fair play" de ter finalizado a prova.
Vanderlei estava animado para ir a Pequim. Em março, em entrevista à Folha, disse que não teria problema para correr no ar poluído da cidade.
"Já disputei provas em São Paulo e não tive problema com isso", disse, referindo-se à desistência do etíope Haile Gebrselassie, recordista mundial da distância, que sofre de asma.
A amigos, ele admitiu que encerraria a carreira competitiva na Olimpíada. Continuaria correndo por simples prazer.
Tais planos, porém, não serão cumpridos. Há seis semanas, teve diagnosticada inflamação no músculo adutor da coxa esquerda. A lesão o fez desistir da Maratona de Turim, em abril. Anteontem, em exame realizado em São Paulo, foi constatado que a lesão não havia regredido o suficiente.
"Houve uma pequena melhora, mas não a ponto de ele estar em boas condições", diz o técnico, que cancelou vôo para a Europa e comunicou a desistência aos organizadores -Vanderlei seria uma das principais atrações da disputa.
A prova em Praga era considerada um trunfo para a vaga. "O circuito é plano, e as condições climáticas favorecem boas marcas. Daria para correr em 2h10min", acredita o treinador.
Vanderlei correu abaixo do índice exigido -2h15min- em 2007. Porém, o Brasil já tem três atletas com tempos melhores, número máximo que o país pode enviar à Olimpíada.
Em Milão-07, Vanderlei cravou 2h12min53s. No ranking nacional, porém, estava atrás de Marilson Gomes dos Santos (2h08min37s em Londres-07), José Teles (2h12min23s, em Milão-07) e Franck Caldeira (2h12min32s, em Paris-08).
Desde a épica prova olímpica, a carreira de Vanderlei é recheada por frustrações.
Em 2005, abandonou duas maratonas. Em março, dores abdominais o tiraram de Lake Biwa (JAP). No Mundial de Helsinque (FIN), em agosto, abandonou por causa de lesão muscular. Ele completou sua primeira maratona pós-olímpica em Amsterdã-06, dois anos após seu feito na Grécia.
Foi um alento para novas decepções. No Pan do Rio, em julho, Vanderlei tentava o tricampeonato, mas uma forte cãibra no 38º quilômetro o fez desistir da corrida. Franck Caldeira conquistou o ouro.


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