São Paulo, sexta-feira, 08 de maio de 2009

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Em alta, natação do Brasil atrai vizinhos

Atletas sul-americanos buscam no país, hoje uma referência do esporte no continente, ambiente competitivo e dinheiro

Infraestrutura superior e índices mais fortes são elogiados por nadadores estrangeiros que participam do Troféu Maria Lenk, no Rio


MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Eles vestem a touca de clubes do Brasil e desfilam à vontade em meio aos atletas, mas ouvidos mais atentos podem notar que um pequeno grupo se diferencia dos brasileiros que disputam o Troféu Maria Lenk.
A cada ano uma série de estrangeiros chega ao Rio de Janeiro para buscar o que não encontra em seus países de origem. A maioria deles sai das piscinas da América do Sul.
"Na Colômbia, nado sozinha, ganho com 2s ou 3s de vantagem. É triste que seja assim. O Brasil aumenta muito meu nível", diz a colombiana Carol Colorado, 21, do Minas, quarta nos 100 m borboleta, ontem.
O Brasil já era referência de natação no continente. O status do país só aumentou com o ouro olímpico de César Cielo.
Os países vizinhos conseguem descobrir novos talentos e até treiná-los, mas não têm atletas suficientes para criar campeonatos competitivos.
Neste ano, nove estrangeiros estão inscritos no Maria Lenk.
Ontem, o argentino Andres Gonzalez, 26, quebrou o recorde sul-americano dos 50 m borboleta, com 23s45. A marca superada era de Fernando Scherer -23s55 em 2005.
Na série anterior da eliminatória, César Cielo havia superado a marca. A final é hoje.
"Hoje ainda é possível treinar lá e, quando fizer 18 anos, ir para os EUA ou outro país. Mas, na minha época, não havia como ficar e ser atleta de elite", diz Juan Pereyra, argentino.
O nadador de 28 anos chegou ao Brasil aos 8 para acompanhar a irmã nadadora. Passou por alguns clubes e, mais velho, conseguiu trabalhar com um técnico argentino e ter verba para viajar pelo mundo. Mas todo ano está no Maria Lenk.
Juan não é nem mais considerado estrangeiro -cada clube pode inscrever dois. Quem não tiver uma equipe também pode nadar "em observação", representando só seu país.
"O torneio tem grande número de nadadores de alto nível", diz Juan, ex-dono do recorde do torneio dos 1.500 m.
Juan foi sétimo no Rio, resultado que pode atrapalhar seus planos de ir a Roma. Na Argentina, os atletas disputam vários eventos e somam pontos. Quem tem mais leva as vagas. "É mais difícil do que no Brasil", diz o atleta do Corinthians.
Em 2007, o Maria Lenk serviu como seletiva de vários países para o Pan, e 18 estrangeiros disputaram a competição.
Kristel Kobrich era uma das que estavam naquele ano e nas últimas seis edições. A chilena detém o recorde do torneio dos 800 m livre. "A infraestrutura é muito maior do que no Chile, e os índices são mais fortes, te obriga a nadar seu melhor", diz a atleta do Corinthians.
Os sul-americanos também acham no Brasil algo, para muitos, raro: dinheiro. "Na Colômbia, você paga para nadar. Paga suas viagens, seu uniforme, o clube, é muito difícil... Aqui, você recebe da sua equipe. É incrível", afirma Carol.


NA TV - Troféu Maria Lenk
Sportv2, ao vivo, às 10h



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