São Paulo, domingo, 08 de maio de 2011

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Credor da bola

Presente na maioria das camisas do país, BMG se torna principal credor bancário dos clubes ao emprestar mais de R$ 100 mi

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

Visível para o torcedor nas camisas de seus times, o banco BMG tornou-se também o principal financiador dos buracos nas contas dos clubes.
Levantamento da Folha em 17 balanços de equipes da Série A do Brasileiro mostra uma dívida de pelos menos R$ 132,3 milhões com a instituição financeira mineira ao final do ano passado.
A maior parte foi emprestada durante 2010. Ao final de 2009, eram só R$ 13,7 milhões. Esses valores podem ser maiores porque vários documentos não informam os credores bancários.
Assim, o BMG tornou-se o principal banco no futebol, superando o BIC Banco, ao qual os clubes registram dever R$ 90 milhões.
Foi também no ano passado que o banco mineiro se tornou o principal patrocinador no futebol do país. E passou a comprar e vender direitos de jogadores por meio de empresa subsidiária.
De propriedade de Ricardo Guimarães, ex-presidente do Atlético-MG, o BMG ganhou notoriedade por estar envolvido no escândalo do mensalão. E atua no mercado de empréstimos consignados.
Seus principais devedores são São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos, Flamengo e Vasco -só não patrocina palmeirenses e corintianos.
"Em função do patrocínio, cria-se um relacionamento mais estreito", explicou o diretor de finanças do São Paulo, Oswaldo Vieira de Abreu.
Seu clube pegou R$ 40,6 milhões em 2010. Os empréstimos são feitos com garantias de rendas futuras, isto é, contratos de patrocínio e de TV. A receita que o time tem pode voltar para o banco.
O patrocínio do próprio BMG pode ser usado na quitação. Por enquanto, não há nessa relação com o São Paulo negociações de atletas.
O Corinthians deve R$ 36,7 milhões ao banco. "O BMG tem política agressiva de taxas. [O banco escolhido] Depende do momento", contou o diretor financeiro corintiano, Raul Corrêa da Silva.
Pelo balanço corintiano, o BMG é quem cobra os juros mais altos entre as instituições que tem relação com o clube: 1,9% por mês ou CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais 0,65%.
Os juros cobrados mudam para cada clube. Mas o que pesa em favor do BMG é liberar o dinheiro às vezes em 24 horas. O Bradesco, por exemplo, pode demorar sete dias.
Ser dependente de Ricardo Guimarães se mostrou danoso a longo prazo para seu próprio clube de coração.
O presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, contou que zerou empréstimos do BMG. "Preferimos o BIC."
Mas restaram R$ 108 milhões em dívida do clube com a empresa EGL Empreendimentos, também de Guimarães. O empréstimo foi contraído justamente na gestão do banqueiro no Atlético-MG. Hoje, o time mineiro ostenta o maior débito absoluto entre todos os times do país.


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