São Paulo, sexta-feira, 08 de junho de 2001

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Derrota para franceses precipita decisão da CBF de demitir o treinador

Brasil perde o jogo, e Leão, a sobrevida

Garantia dada ao técnico de dirigir equipe contra o Uruguai, dia 1º, desmorona após novo fracasso, e dispensa se torna questão de tempo

Associated Press
Emerson Leão reclama de maarcação na derrota do Brasil para a França na Copa das Confederações


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

A carreira de Emerson Leão como técnico da seleção brasileira ganhou prazo de validade após a derrota para a França ontem, por 2 a 1, na semifinal da Copa das Confederações, na Coréia do Sul.
Antes garantido no cargo até a partida de 1º de julho contra o Uruguai, pelas eliminatórias, o treinador já não conta com o apoio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para dirigir a seleção no jogo crucial para as pretensões do Brasil de disputar a Copa do Mundo de 2002.
A dúvida da CBF agora é: trocar ou não de treinador menos de três semanas antes de um jogo tão importante, em Montevidéu.
Em que pese a equipe limitada tecnicamente que Leão levou para a Ásia, diretores da CBF avaliam que ele não reúne condições de comandar o time.
Os dirigentes que tramavam pela troca de comando na seleção brasileira convenceram ontem o último ponto de apoio de Leão a mudar de lado, Ricardo Teixeira, presidente da entidade.
Além do aspecto técnico, a sobrevida de Leão, ironicamente, depende também da sobrevida da CPI da CBF/Nike, instalada na Câmara e que na próxima semana põe à prova seu relatório, um catatau cheio de ataques a Teixeira.
Na reta final das investigações que devassaram seus negócios e os da CBF, Teixeira tem dedicado mais tempo ao Congresso do que ao futebol. Ele passou os últimos quatro dias em Brasília.
Se a CPI acabar na próxima semana, Teixeira terá mais tempo para procurar o substituto de Leão. O dirigente e seus assessores também avaliam o impacto que a mudança pode causar na opinião pública, já que Leão tinha o apoio dos paulistanos, segundo pesquisa do Datafolha, antes da Copa dos Confederações.
Dentro desse raciocínio, o substituto de Leão poderá ser escolhido com base em pesquisas entre os torcedores. Isso significa que o nome do substituto do atual técnico ainda não está acertado.
Até a derrota para a seleção francesa, em mais uma atuação ruim do time brasileiro, o treinador tinha chances de mudar o quadro desfavorável e convencer a cúpula da CBF de que poderia continuar no cargo.
Agora, nem o próprio técnico parece encontrar força para lutar por sua permanência no time.
Após o jogo de ontem, questionado se considerava a partida contra o Uruguai decisiva para o seu futuro na seleção, Leão limitou-se a responder: "Não sei".
Pelas eliminatórias, Leão dirigiu a equipe três vezes: ganhou da Colômbia, perdeu do Equador e empatou com o Peru. Na Ásia, só pode tentar agora o terceiro lugar, amanhã, contra a Austrália.

Munição da CPI
A performance da seleção também interessa à CPI. Um parlamentar da comissão disse à Folha que o fracasso do time na Copa das Confederações será utilizado para pressionar o governo e a opinião pública pelo afastamento de Teixeira da presidência da CBF.
O relatório final da comissão pede ao governo que trabalhe pela queda do dirigente, inclusive entre os integrantes do colégio eleitoral da entidade. Para seus adversários, Teixeira, à frente da CBF desde 1989, é o responsável pelo desempenho sofrível da seleção brasileira no último ano.

Colaborou Fábio Victor, enviado especial a Suwon

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