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BOXE
Papéis trocados
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo fato de ser mais velha
(39 anos), por ser filha do
menos popular entre os dois ex-campeões mundiais dos pesados
(Joe Frazier) e também por todos acharem que sua rival é
mais bonita do que ela, Jacqui
Frazier-Lyde é vista como a
""azarona" no combate de hoje,
no cassino Turning Stone, em
Verona, em Nova York (EUA).
Sua adversária é Laila Ali, 23,
filha do maior peso-pesado da
história, Muhammad Ali, um
campeão que transcendeu os
ringues e tornou-se um herói
aos olhos do público.
Além de ser conhecido por sua
habilidade (inigualável entre os
"grandalhões") e por sua atuação em questões político-sociais,
Ali também foi, e é, um dos
maiores embaixadores do esporte. Não importa qual a sua
mensagem, ele sempre tinha
tempo para, em grande parte
das vezes com bom humor, exibir suas idéias, além de sempre
ter se mostrado um amigo dos
microfones (um de seus apelidos
era "tagarela").
Frazier, por outro lado, mantinha sempre uma expressão séria (ainda o faz) e não gostava
tanto de expressar suas opiniões.
Pudera, nesse quesito não era
nem de longe páreo para Ali,
que chamava o rival de "Tio Tomás" ou "gorila" e que aproveitava todas as oportunidades para ridicularizá-lo.
Em uma dessas ocasiões, no
show de Ed Sullivan, Frazier
mostrou o quanto aquilo realmente o machucava quando
derrubou Ali e começou a brigar
no palco.
Os apelidos oficiais deixavam
transparecer não apenas o estilo, mas a personalidade de ambos. O slogan de Ali invocava
graça e simpatia -"picar como
uma abelha, flutuar como uma
borboleta". Frazier, por sua vez,
era o furioso "smokin Joe" ("fumegante Joe").
Quem teve a oportunidade de
ter contato com Laila e Jacqui,
porém, percebeu que seus papéis
estão invertidos na promoção
da luta de hoje.
De longe, a mais simpática é a
advogada Jacqui. Aliás, ela surpreendeu quando, ao entrevistá-la pela primeira vez, no ano
passado, me cumprimentou em
castelhano ("hola, como esta
hermano?").
Na semana passada, Jacqui
mostrou espontaneidade, mesmo quando perguntei o que
achava do fato de as pessoas
acharem de mau gosto o fato de
a luta estar sendo promovida
como Ali x Frazier 4.
"Por que as pessoas têm problemas com as crianças desses
grandes campeões estar lutando? Muita gente fez dinheiro
com nossos pais, como autores
de livros, fotógrafos, colunistas
de boxe etc. Qual o problema de
suas filhas fazerem dinheiro
com seu nome? Como todos os
lutadores, também temos de
suar, sangrar, correr. Ninguém
está dando nada para nós", argumenta Jacqui.
Laila, por sua vez, não parece
ter a mesma intimidade com as
palavras que seu pai.
Até mesmo suas respostas não
são informativas. Um exemplo?
No ano passado, por meio do
então promotor de suas lutas,
Mike Acri, confirmou a esta coluna que seu pai lhe deu algumas dicas sobre o que deveria
fazer quando estivesse lutando,
mas se recusou a revelar quais
seriam tais conselhos. ""É muito
particular", disse Laila, ex-proprietária de um salão de beleza.
Agora será a chance para conferir quem herdou mais talento
com os punhos.
Programação 1
O peso-pesado Daniel Frank, algoz de Adilson Rodrigues, o
Maguila, manteve-se em atividade ao vencer Richard da Glória
no segundo assalto, anteontem, em São Paulo. Ele deve desafiar
o campeão brasileiro da categoria, George Arias, em agosto.
Programação 2
Na próxima terça, Muhammad Said e Valmir Rosário disputam
o título paulista dos médios, que está vago. O combate será no
Baby Barione (rua Germaine Burchard, 451, Água Branca). A
programação tem início por volta das 19h30. A entrada é franca.
Sem progresso
O meio-médio-ligeiro Kelson Carlos e o superpena André Nicola tiveram suas últimas lutas, disputadas de forma irregular,
desconsideradas pela Confederação Brasileira de Boxe, segundo a edição do ranking da entidade divulgado nesta semana.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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