São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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Carrasco vê ar de 1950 para o Brasil

Autor do gol que calou o Maracanã, Ghiggia diz que o país também era favorito na época e hoje precisa cuidar da defesa

Ex-jogador, que assistirá à abertura da Copa com mais 169 campeões mundiais, compara Ronaldinho com os craques que viu jogar


DO ENVIADO A MUNIQUE

Alcides Ghiggia, 79, nunca deixa de concordar com os palpites entusiasmados sobre a participação do Brasil na Copa. Porém nota uma coincidência.
"Pelo que me lembro, só se falava de uma seleção ser tão favorita ao título em 1950. E deu no que deu", afirmou à Folha.
O sorriso que exibe mostra que ele tem fresca na memória as cenas daquele 16 de julho. Era o dia da final da Copa, quase 200 mil pessoas se espremiam no Maracanã e o time da casa era tido como imbatível.
Um gol de Friaça dá a liderança aos brasileiros no duelo com o Uruguai. Schiaffino empata. Na etapa final, o placar acabou definido por Ghiggia. Ele mesmo descreve o lance.
"Recuei um pouco e recebi a bola do Julio Cesar, um grande colega de time. Vi que havia espaço e parti com a bola dominada. Eu era muito rápido. Vi onde o goleiro estava. Chutei. A bola entrou. Vencemos."
Ontem, em Munique, Ghiggia recebeu tratamento de astro. Foi abordado pela imprensa do mundo todo, e, sempre que intimado a comentar a emoção daquele tento, repetia o mesmo mantra. "Dizem que apenas três pessoas conseguiram calar o Maracanã lotado: o Papa, Frank Sinatra e eu."
Ele vai acompanhar a cerimônia de abertura da Copa, amanhã, com outros 169 campeões mundiais convidados pelo comitê organizador. Não fica na Alemanha até o jogo final, programado para 9 de julho.
Avisa o Brasil, todavia, que é preciso ter calma para chegar até lá. "O time é o melhor que existe, só que favoritismo precisa ser provado no campo. É necessário se preocupar também com a defesa, sabia? Uma defesa bem armada é fundamental em qualquer Mundial."
Atleta do Peñarol, Ghiggia se transferiu para a Itália após fazer gols em todos os jogos do Mundial-50. Chegou a se naturalizar e defender a seleção local antes de voltar ao Uruguai, onde encerrou a carreira.
Testemunha das atuações de craques como Pelé, Maradona e Di Stéfano, crê que Ronaldinho esteja entre os melhores. "É quem mais me agrada hoje. Joga bola como se brincasse." (GUILHERME ROSEGUINI)

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