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Carrasco vê ar de 1950 para o Brasil
Autor do gol que calou o Maracanã, Ghiggia diz que o país também era favorito na época e hoje precisa cuidar da defesa
Ex-jogador, que assistirá à abertura da Copa com mais 169 campeões mundiais, compara Ronaldinho com
os craques que viu jogar
DO ENVIADO A MUNIQUE
Alcides Ghiggia, 79, nunca
deixa de concordar com os palpites entusiasmados sobre a
participação do Brasil na Copa.
Porém nota uma coincidência.
"Pelo que me lembro, só se
falava de uma seleção ser tão favorita ao título em 1950. E deu
no que deu", afirmou à Folha.
O sorriso que exibe mostra
que ele tem fresca na memória
as cenas daquele 16 de julho.
Era o dia da final da Copa, quase 200 mil pessoas se espremiam no Maracanã e o time da
casa era tido como imbatível.
Um gol de Friaça dá a liderança aos brasileiros no duelo
com o Uruguai. Schiaffino empata. Na etapa final, o placar
acabou definido por Ghiggia.
Ele mesmo descreve o lance.
"Recuei um pouco e recebi a
bola do Julio Cesar, um grande
colega de time. Vi que havia espaço e parti com a bola dominada. Eu era muito rápido. Vi
onde o goleiro estava. Chutei. A
bola entrou. Vencemos."
Ontem, em Munique, Ghiggia recebeu tratamento de astro. Foi abordado pela imprensa do mundo todo, e, sempre
que intimado a comentar a
emoção daquele tento, repetia
o mesmo mantra. "Dizem que
apenas três pessoas conseguiram calar o Maracanã lotado: o
Papa, Frank Sinatra e eu."
Ele vai acompanhar a cerimônia de abertura da Copa,
amanhã, com outros 169 campeões mundiais convidados pelo comitê organizador. Não fica
na Alemanha até o jogo final,
programado para 9 de julho.
Avisa o Brasil, todavia, que é
preciso ter calma para chegar
até lá. "O time é o melhor que
existe, só que favoritismo precisa ser provado no campo. É
necessário se preocupar também com a defesa, sabia? Uma
defesa bem armada é fundamental em qualquer Mundial."
Atleta do Peñarol, Ghiggia se
transferiu para a Itália após fazer gols em todos os jogos do
Mundial-50. Chegou a se naturalizar e defender a seleção local antes de voltar ao Uruguai,
onde encerrou a carreira.
Testemunha das atuações de
craques como Pelé, Maradona
e Di Stéfano, crê que Ronaldinho esteja entre os melhores.
"É quem mais me agrada hoje.
Joga bola como se brincasse."
(GUILHERME ROSEGUINI)
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