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VIP gera custo de até R$ 1.700 para ver jogo da Copa
Empresa dá R$ 500 mi para explorar locais reservados em
estádios, corre contra o tempo e espera arrecadar fortuna
Endinheirados terão direito
nas partidas a alimentação
sortida, champanhe francês,
cadeiras especiais e até de
ver os jogadores de perto
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE
Caixas de champanhe francês empilhadas no chão e taças de cristal espalhadas por
um balcão demonstram que alguns espectadores da abertura
da Copa terão algo mais do que
o futebol para se entreter.
Eles estarão amanhã no Estádio de Munique como tantos
outros torcedores, mas não vão
esperar nas filas das lanchonetes para comer uma salsicha ou
entornar latinhas de cerveja.
No duelo entre Alemanha e
Costa Rica, serão os primeiros a
testar um espaço que registra
números incríveis no Mundial
alemão: os camarotes.
A empresa ISE Hospitality
pediu à Fifa para explorar os locais mais nobres dos 12 estádios do torneio com exclusividade. Ouviu como resposta que
precisaria pagar 175 milhões
(R$ 500 milhões) à entidade
que comanda o futebol. Cobriu
a proposta. E já comemora.
"A expectativa é de arrecadarmos, com ingressos e serviços, de 300 a 500 milhões
(mais de R$ 1 bilhão). Investimos em um serviço muito luxuoso e conseguimos bom retorno do público", afirmou à
Folha Peter Csanadi, diretor
de comunicação da ISE.
É um valor alto mesmo se
comparado ao que a Fifa pretende angariar com seus patrocinadores na Copa - 700 milhões, ou R$ 2 bilhões.
No total, 346 mil lugares em
camarotes foram colocados à
venda na Copa. Todos foram
comprados. O preço mínimo
para entrar é 330 (R$ 950),
valor estrondoso perto dos da
arquibancada: 35 (R$ 124).
Mais: nos pacotes mais caros
e privativos, o espectador desembolsa 600 (R$ 1.700) por
jogo. "Para construirmos um
camarote que saltasse aos
olhos, precisaríamos de algo
bem feito. Optamos pelo que
há de melhor", disse Csanadi.
Ele se refere, por exemplo,
aos mais de 150 tipos de pratos
que serão servidos, às 320 mil
garrafas de vinho disponíveis,
aos 12 mil garçons especialmente treinados e às 8.000 recepcionistas contratadas.
A Folha percorreu alguns
dos salões destinados à elite no
Estádio de Munique. Pouca
coisa em ordem. A prataria estava sendo entregue pelos fornecedores, bem como as garrafas de champanhe, acomodadas em quatro bares e um restaurante. "A gente monta tudo
rápido", declarou Csanadi.
Uma discussão chamava
atenção no ambiente. Um dos
responsáveis pelos camarotes
afirmava que as cadeiras destinadas aos VIPs -com assento e
recosto forrado por tecido, enquanto o resto das acomodações do estádio é feita de plástico reforçado- estavam sujas.
Um funcionário ouviu as
queixas, reclamou, mas prometeu tudo limpo até amanhã.
O tempo é curto também para a criação de outra regalia
prometida -uma tenda especial que será erguida próxima
ao gramado, na qual os VIPs
podem ver os jogadores mais
de perto após os embates. Até
ontem, nada estava finalizado.
O diretor da ISE contou que
a maioria das entradas para os
camarotes foi adquirida por
empresas. "Só os bancos do
Reino Unido reservaram 25
mil tíquetes e os distribuíram
aos clientes mais importantes."
Csanadi disse que brasileiros
conseguiram lugar nos camarotes, mas, "por questões de segurança", não revela os nomes.
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