Técnico, que tem primeiro jogo fora de casa contra o Vitória, admite que atletas precisam de tempo para assimilar seus métodos

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

Treino de sexta do Santos. Após alguns minutos, jornalistas se questionam sobre quem está na lateral direita. Nenhum deles chega a uma conclusão.
É esse o efeito que provoca o técnico Cuca em seus treinamentos. É o estilo que começará a mostrar na sua estréia contra o Vitória, hoje, no Barradão.
Mesmo usando quase os mesmos jogadores que o antecessor Emerson Leão, o treinador da Vila Belmiro já criou forma inovadora de montar a equipe, repetindo o que fizera no Botafogo. Assim, a resposta aos jornalistas é: não havia lateral ou ala pela direita.
Ocupavam espaços desse lado do campo Betão, Wesley e Domingos, dependendo da jogada. Na esquerda, Adriano, Kléber e Molina se revezavam na criação e marcação.
Compunham uma espécie de esquema 3-4-3, em que a maioria dos atletas circulava em mais de uma posição. Durante o treino, havia buracos na marcação e erros de passe na frente, normais com as novidades.
Enquanto isso, Cuca não parava de falar, apontar e até participar do treino -executava as jogadas ensaiadas para demonstrar como deveriam ser realizadas. Até o técnico admite que os atletas não assimilarão suas ordens rapidamente.
"Cada um tem sua maneira de trabalhar. Muda a maneira e depende da aceitação dos jogadores", explicou Cuca, que admite falar muito em treinos e mais ainda durante os jogos.
Outra característica sua é usar marcadores de campo para exemplificar o posicionamento em campo de seu time e do adversário. Borrachas laranjas e amarelas no gramado substituem botões imantados em pranchetas e quadros.
E Cuca se abaixa, pega os marcadores e aponta, enquanto os 11 titulares o observam.
"[Cuca] Estuda o adversário e trabalha muito para nos dar ferramentas para enfrentar [o rival]", observou Molina. "Percebi que ele tem muitas formas de jogar. A qualquer hora do jogo, pode mudar a maneira."
Já antes do coletivo, Cuca formou uma roda de bobo -da qual participou- em que até de mãos dadas os jogadores tinham de ficar. Eram constantes os gritos e os festejos.
No fim do treino de anteontem, quando dava a impressão de que se acalmaria, Cuca falou com jornalistas, pediu que não publicassem seu esquema, fez piada com microfone...
E explicou que seu apelido é Cuca porque sua mãe, por ele não parar quieto, ameaçava chamar um delegado com esse nome para contê-lo.