São Paulo, terça-feira, 08 de junho de 2010

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África do Sul se junta pela seleção

Em treino aberto, torcida multicolorida canta, dança, tieta atletas e acredita na união do país

JOSÉ GERALDO COUTO
PAULA CESARINO COSTA
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

Um país unido. Pelo menos entre os torcedores presentes ontem ao treinamento aberto da África do Sul no Elizabeth Sturrock Park, em Johannesburgo, havia a confiança de que a realização da Copa do Mundo no país, e a torcida pela seleção local, irá melhorar, se não a vida das pessoas, o clima interno.
Muitos não vinham apostando no time. Mas a evolução da equipe, se comparada com o período de treinos no Brasil, em março, é visível. E foi reforçada por 12 jogos sem perder, o último deles uma vitória de 1 a 0 contra a Dinamarca, no sábado passado.
No treino de ontem, de duas horas, os atletas fizeram um coletivo movimentado, praticaram jogadas de ataque e cobranças de falta.
O treino foi visto em grande parte por professores, estudantes e pessoas relacionadas à Universidade de Witwatersrand, nem todos fãs antigos de futebol. Agora, muitos passaram a acompanhar a seleção. Com histeria, gritos, cantos e coreografias.
Lesley Salter, funcionária da universidade e mais acostumada ao críquete, acha que o clima de patriotismo está fazendo bem ao país.
"Sinto que esse clima pode recuperar a união dos tempos do [Nelson] Mandela", afirmou Lenore Longwe, outra que trabalha na Universidade de Witwatersrand.
No final do treino, a tietagem era explícita. Diferentemente da maior parte das seleções, os atletas foram até a torcida, conversaram, deram autógrafos, tiraram fotos.
"Nos últimos dez anos, cresceu bastante o número de sul-africanos brancos interessados em futebol. A Copa certamente estimulará outros a acompanhar o esporte", diz Jason Burt, branco, que assistiu a sete jogos da Copa das Confederações e vai ver 19 do Mundial.
Há apenas um branco no time sul-africano, o zagueiro Matthew Booth. "Não é que os brancos joguem mal, mas, como a grande maioria da população é negra, é lá que está o talento", analisa Burt.
Grace Rasatshwanu, senhora negra emigrante de Botsuana, funcionária da administração da universidade, concorda: "Eles jogam bem, mas não o suficiente para estar na seleção".


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