|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
África do Sul se junta pela seleção
Em treino aberto, torcida multicolorida canta, dança, tieta atletas e acredita na união do país
JOSÉ GERALDO COUTO
PAULA CESARINO COSTA
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO
Um país unido. Pelo menos entre os torcedores presentes ontem ao treinamento
aberto da África do Sul no
Elizabeth Sturrock Park, em
Johannesburgo, havia a confiança de que a realização da
Copa do Mundo no país, e a
torcida pela seleção local, irá
melhorar, se não a vida das
pessoas, o clima interno.
Muitos não vinham apostando no time. Mas a evolução da equipe, se comparada
com o período de treinos no
Brasil, em março, é visível. E
foi reforçada por 12 jogos sem
perder, o último deles uma
vitória de 1 a 0 contra a Dinamarca, no sábado passado.
No treino de ontem, de
duas horas, os atletas fizeram um coletivo movimentado, praticaram jogadas de
ataque e cobranças de falta.
O treino foi visto em grande parte por professores, estudantes e pessoas relacionadas à Universidade de Witwatersrand, nem todos fãs
antigos de futebol. Agora,
muitos passaram a acompanhar a seleção. Com histeria,
gritos, cantos e coreografias.
Lesley Salter, funcionária
da universidade e mais acostumada ao críquete, acha
que o clima de patriotismo
está fazendo bem ao país.
"Sinto que esse clima pode
recuperar a união dos tempos do [Nelson] Mandela",
afirmou Lenore Longwe, outra que trabalha na Universidade de Witwatersrand.
No final do treino, a tietagem era explícita. Diferentemente da maior parte das seleções, os atletas foram até a
torcida, conversaram, deram
autógrafos, tiraram fotos.
"Nos últimos dez anos,
cresceu bastante o número
de sul-africanos brancos interessados em futebol. A Copa certamente estimulará outros a acompanhar o esporte", diz Jason Burt, branco,
que assistiu a sete jogos da
Copa das Confederações e
vai ver 19 do Mundial.
Há apenas um branco no
time sul-africano, o zagueiro
Matthew Booth. "Não é que
os brancos joguem mal, mas,
como a grande maioria da
população é negra, é lá que
está o talento", analisa Burt.
Grace Rasatshwanu, senhora negra emigrante de
Botsuana, funcionária da administração da universidade, concorda: "Eles jogam
bem, mas não o suficiente
para estar na seleção".
Texto Anterior: Sob as traves, seleções africanas encaram crise de confiabilidade Próximo Texto: Parreira vê time pronto para a Copa Índice
|