|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Família Buffon quer recordes
Perto de entrar para a história, goleiro é filho de campeões no atletismo e suas irmãs jogam vôlei
Jogador está a 65 minutos de superar o também italiano Zenga, que ficou 517 minutos sem ser vazado durante o Mundial de 1990
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A DUISBURGO
Restam 65 minutos para o recorde, aparentemente pouco
para quem já ficou outros 453
sem levar gol. É a chance de colocar o nome na história, de superar monstros de sua profissão, de provar que sua escolha
para integrar a lista dos melhores da Copa não foi por acaso.
Parece o cenário perfeito para a consagração, mas Gianluigi
Buffon, 28, prefere ver a final
contra a França de outra forma.
"Aprendi que marcas individuais são importantes se ajudam o time a chegar a algum lugar. Esse recorde pode facilitar
nossa jornada até o título. É por
isso que vou buscá-lo."
A naturalidade com que trata
o tema não aparece em vão.
Desde criança, ele aprendeu a
conviver com recordes esportivos. O feito que pode superar
agora -Walter Zenga, também
italiano, ficou 517 minutos sem
ser vazado no Mundial de
1990- apenas incrementa a lista de façanhas de sua família.
A mãe, Maria Masocco Star,
puxa a fila. Em 14 de maio de
1972, ela estabeleceu as melhores marcas italianas em duas
provas de atletismo: arremesso
de disco e arremesso de peso.
Arrebatou 17 títulos nacionais.
Nas andanças pelas competições, conheceu Adrian, campeão italiano de arremesso de
peso. Casaram-se e tiveram
três filhos. Gianluigi é o caçula.
Antes de começar a brilhar no
futebol, acompanhou o sucesso
de Guendalina e Veronica, suas
irmãs. Ambas se tornaram jogadoras de vôlei e atuaram na
primeira divisão do país.
"Consegui me expressar no
esporte graças a esta atmosfera
que tínhamos em casa", afirma
Buffon. "Nunca fui pressionado
a praticar isso ou aquilo, mas
sempre tive um apoio fora de
série para encontrar uma atividade que me agradasse", diz.
O que o agradava, na infância,
era ver Lothar Matthäus atuar
no meio-campo do Bayern de
Munique e na seleção alemã.
Maria e Adrian, então, trataram de matriculá-lo em uma
escola de futebol. Jogou na linha até chorar a derrota de seu
país nas semifinais da Copa de
90. Curiosamente, não foi Zenga quem o impressionou naquela competição.
"Eu me encantei por Thomas
N'Kono e suas defesas por Camarões", afirma Buffon.
Inspirado no africano, iniciou uma carreira meteórica
como goleiro. Com o físico privilegiado -hoje mede 1, 90 m e
pesa 80 kg- que diz ter herdado dos pais, estreou na divisão
principal italiana em 1996, pelo
Parma. Tinha 17 anos. Duas
temporadas depois, na França,
disputou seu primeiro Mundial. Era reserva de Pagliuca.
Em 2002, ganhou a vaga de
titular. Seu espírito de buscar
sempre a perfeição técnica é
apontado como trunfo de sua
caminhada na Alemanha até
aqui. Ele não leva gols desde o
confronto diante dos EUA, o
segundo da Azzurra na Copa.
"Em alguns momentos da carreira, você se sente inseguro,
torce para os atacantes não
chutarem no gol. Agora, estou
100%. A bola não vai entrar."
Se cumprir a promessa e o
ataque funcionar, Buffon vai se
equiparar a um antecessor famoso. Dino Zoff, goleiro e capitão do time de 1982, virou selo
na Itália após a conquista do
tricampeonato. "Selo, eu? Acho
que não. Isso é para o Dino.
Quero apenas ajudar meus
companheiros. Nada mais."
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Imprevisto: Forte chuva na europa faz itália trocar local de treinos antes da partida final em Berlim Índice
|