São Paulo, sábado, 08 de julho de 2006

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Família Buffon quer recordes

Perto de entrar para a história, goleiro é filho de campeões no atletismo e suas irmãs jogam vôlei

Jogador está a 65 minutos de superar o também italiano Zenga, que ficou 517 minutos sem ser vazado durante o Mundial de 1990


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A DUISBURGO

Restam 65 minutos para o recorde, aparentemente pouco para quem já ficou outros 453 sem levar gol. É a chance de colocar o nome na história, de superar monstros de sua profissão, de provar que sua escolha para integrar a lista dos melhores da Copa não foi por acaso.
Parece o cenário perfeito para a consagração, mas Gianluigi Buffon, 28, prefere ver a final contra a França de outra forma. "Aprendi que marcas individuais são importantes se ajudam o time a chegar a algum lugar. Esse recorde pode facilitar nossa jornada até o título. É por isso que vou buscá-lo."
A naturalidade com que trata o tema não aparece em vão. Desde criança, ele aprendeu a conviver com recordes esportivos. O feito que pode superar agora -Walter Zenga, também italiano, ficou 517 minutos sem ser vazado no Mundial de 1990- apenas incrementa a lista de façanhas de sua família.
A mãe, Maria Masocco Star, puxa a fila. Em 14 de maio de 1972, ela estabeleceu as melhores marcas italianas em duas provas de atletismo: arremesso de disco e arremesso de peso. Arrebatou 17 títulos nacionais.
Nas andanças pelas competições, conheceu Adrian, campeão italiano de arremesso de peso. Casaram-se e tiveram três filhos. Gianluigi é o caçula. Antes de começar a brilhar no futebol, acompanhou o sucesso de Guendalina e Veronica, suas irmãs. Ambas se tornaram jogadoras de vôlei e atuaram na primeira divisão do país.
"Consegui me expressar no esporte graças a esta atmosfera que tínhamos em casa", afirma Buffon. "Nunca fui pressionado a praticar isso ou aquilo, mas sempre tive um apoio fora de série para encontrar uma atividade que me agradasse", diz.
O que o agradava, na infância, era ver Lothar Matthäus atuar no meio-campo do Bayern de Munique e na seleção alemã.
Maria e Adrian, então, trataram de matriculá-lo em uma escola de futebol. Jogou na linha até chorar a derrota de seu país nas semifinais da Copa de 90. Curiosamente, não foi Zenga quem o impressionou naquela competição.
"Eu me encantei por Thomas N'Kono e suas defesas por Camarões", afirma Buffon.
Inspirado no africano, iniciou uma carreira meteórica como goleiro. Com o físico privilegiado -hoje mede 1, 90 m e pesa 80 kg- que diz ter herdado dos pais, estreou na divisão principal italiana em 1996, pelo Parma. Tinha 17 anos. Duas temporadas depois, na França, disputou seu primeiro Mundial. Era reserva de Pagliuca.
Em 2002, ganhou a vaga de titular. Seu espírito de buscar sempre a perfeição técnica é apontado como trunfo de sua caminhada na Alemanha até aqui. Ele não leva gols desde o confronto diante dos EUA, o segundo da Azzurra na Copa. "Em alguns momentos da carreira, você se sente inseguro, torce para os atacantes não chutarem no gol. Agora, estou 100%. A bola não vai entrar."
Se cumprir a promessa e o ataque funcionar, Buffon vai se equiparar a um antecessor famoso. Dino Zoff, goleiro e capitão do time de 1982, virou selo na Itália após a conquista do tricampeonato. "Selo, eu? Acho que não. Isso é para o Dino. Quero apenas ajudar meus companheiros. Nada mais."


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