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Pan terá dois Nuzman em ação
Filha do dirigente trabalha em empresa escolhida sem concorrência para vender artigos licenciados
Dufry deverá arrecadar aproximadamente R$ 10 mi
com a comercialização de produtos que levam as marcas dos Jogos do Rio
FÁBIO VICTOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A filha do presidente do COB
(Comitê Olímpico Brasileiro) e
do Co-Rio (comitê organizador
do Pan-2007), Carlos Arthur
Nuzman, trabalha na empresa
escolhida pela organização dos
Jogos, sem concorrência, para
ser a operadora exclusiva da
venda de produtos licenciados
do evento esportivo, que será
aberto na próxima sexta-feira.
Recém-formada em administração, Larissa Nuzman é
contratada do departamento
de marketing da Dufry, empresa do ramo de free shops que
ganhou do Co-Rio a primazia
de operar as lojas do Pan.
Pelas estimativas do comitê,
a Dufry deverá arrecadar cerca
de R$ 10 milhões com a venda
de produtos licenciados.
A empresa onde trabalha a filha de Nuzman terá durante o
Pan, de acordo com o Co-Rio,
52 pontos de venda, 49 deles
nas instalações dos Jogos, inclusive na Vila Pan-americana.
Embora outros estabelecimentos possam comercializar
produtos licenciados, a Dufry é
classificada como operadora
exclusiva porque, graças à concessão do Co-Rio, é a única que
possui lojas oficiais.
Larissa entrou na Dufry em
setembro de 2006, quando ainda era estudante universitária.
A escolha da empresa como
operadora foi aprovada pelo
Co-Rio três meses depois. Quatro meses mais tarde, em abril
deste ano, ela foi contratada como assistente de marketing.
Nuzman disse não ver conflito ético no caso. Segundo ele, a
filha está na Dufry por "méritos
dela". Questionado sobre os
seus laços de amizade com diretores da empresa, afirmou:
"Como presidente do COB e do
Co-Rio, mantenho relacionamento cordial com vários empresários, executivos e personalidades de vários segmentos
da sociedade brasileira". O presidente da conselho de administração da Dufry, Humberto
Mota, afirmou à Folha que é
amigo de Nuzman.
Não é a primeira vez que familiares de Nuzman têm vínculo de trabalho com empresas
que lucram com o esporte
olímpico. Em 2004, a Folha revelou que o uniforme usado pelo Brasil em desfiles de abertura de Olimpíadas e Pans desde
1999 era desenhado por uma
cunhada do cartola, Mônica
Conceição. Ela era contratada
da Olympikus, a quem foi indicada pelo próprio Nuzman.
O COB é uma associação civil, de direito privado, sem fins
lucrativos. Mas, além de ter patrocinadores privados, recebe
dinheiro público, via Lei Piva,
que destina dinheiro das loterias ao setor. Neste ano, o comitê deve receber cerca de R$
60 milhões de repasse da lei.
Larissa não quis dar entrevista. Em dezembro de 2004,
quando ela representou o pai
na entrega de um prêmio do
COB aos destaques olímpicos
daquele ano, a revista "Veja
Rio" publicou nota informando
que a jovem tinha como sonho
trabalhar com marketing esportivo. Dois anos antes, a própria Larissa afirmara à mesma
revista que gostaria de trabalhar com produção de moda.
Comissão
Do total arrecadado com as
vendas, a Dufry tem de pagar ao
Co-Rio uma comissão que varia
de acordo com o produto, podendo chegar até a 10%.
Segundo a organização, até
meados de junho já haviam sido licenciados mais de 700 produtos de mais de 30 empresas
de segmentos variados. Os mais
procurados pelo público são canecas e peças de roupa.
Multinacional suíça que está
entre as líderes mundiais no gerenciamento de free shops, a
Dufry comprou, dois anos
atrás, a brasileira Brasif.
Durante o Pan carioca, a operadora informa que vai empregar mais de 200 pessoas em
seus pontos-de-venda.
Colaborou RODRIGO MATTOS, enviado
especial ao Rio
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