São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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Seleção de Dunga, enfim, desencanta

Equipe aplica a maior goleada da Copa América e agora, com moral, enfrenta o Uruguai nas semifinais da competição

Brasil 6
Chile 1

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A PUERTO LA CRUZ

Foi com três volantes. Foi com Júlio Baptista armando. Foi com olé e com bom futebol. Foi a melhor atuação da seleção brasileira na Copa América. Os 6 a 1 no Chile ontem em Puerto La Cruz classificaram o Brasil para a semifinal do torneio continental na estréia do técnico Dunga em mata-matas.
Robinho anotou mais dois (com seis, é o goleador da disputa), porém desta vez a artilharia esteve bem distribuída.
O Chile, que já havia perdido de 3 a 0 do Brasil na primeira fase, foi presa ainda mais fácil nas quartas-de-final -nos últimos quatro confrontos com a seleção brasileira, os chilenos marcaram apenas um gol e sofreram 18. Só na curta era Dunga, 6 a 1, 4 a 0 e 3 a 0.
A noite começou mesmo boa para o novato treinador brasileiro. Seu lateral-direito preferido no elenco, Maicon, foi a campo apesar de algumas dores no ombro, já que havia sofrido luxação no primeiro duelo com os chilenos. Taticamente, o time foi mantido em relação ao jogo passado com o Equador.
Gilberto Silva, Mineiro e Josué formavam o trio de volantes, que segue invicto na Copa América -desde seu nascimento no final do jogo com o Chile na fase de grupos, são seis gols a favor e nenhum contra. Na armação do time, Dunga optou de novamente por Júlio Baptista, jogador vigoroso que também já atuou muito de volante no Brasil.
Com essa formação pouco convencional para a seleção brasileira, o time envolveu o adversário desde o início, com toques simples, sem firula, como gosta o ex-volante Dunga.
Logo aos 8min, o Brasil poderia ter aberto o placar, Vágner Love, movimentando-se mais do que nas partidas anteriores, chutou forte da entrada da área, e a bola passou perto da trave de Bravo.
O atacante do CSKA, que ainda não havia balançado as redes na competição e que mesmo assim segue prestigiado, perdeu melhor chance dois minutos depois na cara do goleiro.
Aos 16min, veio o gol. Em jogada de bola parada, um escanteio bem batido por Robinho, a bola foi desviada na primeira trave por Maicon e encontrou no segundo pau Juan, que escorou de cabeça para o gol. Dunga vinha treinando muita bola parada na Venezuela.
Seis minutos depois, boa trama no meio-campo, bola de Maicon para Vágner Love, dele para Júlio Baptista e daí para o gol. Golaço. O ex-são-paulino pegou forte de primeira no canto esquerdo baixo de Bravo.
Parecia treino já nessa altura. Os chilenos, talvez cansados, apenas assistiam ao toque de bola brasileiro. O terceiro gol não demorou: Júlio Baptista achou Robinho na entrada da área, ele tirou a bola do goleiro com estilo e voltou a marcar com a camisa da seleção.
A goleada poderia ter sido construída ainda no primeiro tempo, pois Vágner Love e Mineiro tiveram boas oportunidades para marcar. Mineiro é o volante que mais chega ao ataque no esquema de Dunga, e ontem o ex-são-paulino fez grande partida, marcando firme no campo de defesa e apoiando bem mais vezes.
Para o segundo tempo, mudança apenas do lado chileno. O técnico Nelson Acosta, que já enfrentou o Brasil com vários esquemas e se deu mal de todas as formas, apostou em Valdivia, meia palmeirense que vinha sofrendo com uma lesão e por isso começou no banco.
Robinho aproveitou aos 5min um cruzamento de Gilberto e fez o quarto sem dificuldades. A bola passou por Vágner Love, que parecia brigado com o gol. Para poupar Robinho e dar ânimo para Love, Dunga colocou Afonso no lugar da estrela maior da equipe.
Aos 24min, outra jogada pela esquerda, e o Josué, pouco acostumando com gols, apareceu para anotar o quinto da seleção. Suazo descontou com golaço por cobertura aos 30min. Love, porém, conseguiu balançar a rede aos 40min após boa trama com Elano. A maior goleada da Copa América estava assim estabelecida.
O Brasil seguiu criando jogadas de ataque, animando a torcida com um futebol objetivo. As vaias dos outros jogos não pintaram. Ao contrário, o bom futebol fez a seleção rever os aplausos. Assim, os venezuelanos têm para quem torcer.


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