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Brasil adulto perde feio da elite jovem
Marcas do Mundial juvenil são melhores do que as dos brasileiros
DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO
Atletas brasileiros da categoria adulto teriam muita dificuldade de obter medalha
no Mundial juvenil, encerrado 25 de julho, em Moncton,
na costa leste canadense.
Alguns nem sequer chegariam ao pódio contra atletas
de até 19 anos, segundo levantamento baseado nos
melhores tempos dos adultos
brasileiros nesta temporada
e dos campeões juvenis.
O professor Fernando
Franco, do Centro de Estudos
de Atletismo, sediado em
Brasília, avaliou, a pedido da
Folha, os índices de 22 provas. "A situação dos nossos
atletas é realmente estarrecedora", definiu Franco.
O desnível técnico é gritante no feminino e nas provas de fundo. Os 5.000 m é
um exemplo. A etíope Genzebe Dibaba foi ouro em
Moncton com 15min08s06. A
queniana Alice Aprot, bronze, marcou 15min17s39.
A brasileira mais veloz
nessa prova no ano é a paulista Simone Alves da Silva,
que marcou 15min49s79.
Já nos 200 m, a bahamense Shaunae Miller, 16 anos,
fez incríveis 52s52. Dezoito
centésimos mais rápida do
que Jailma Sales de Lima, 23,
a melhor do Brasil (52s70).
"Com exceção das provas
de salto em distância e salto
com vara, os recordes femininos do adulto no Brasil são
piores que os recordes mundiais juvenis", afirmou Franco, que estuda resultados do
atletismo desde 1998.
A marca dos 100 m masculino também impressiona.
Dexter Lee, 19, garantindo a
renovação jamaicana, foi ouro em Moncton com 10s21. O
paulista Nilson de Oliveira
André tem tempo idêntico
em 2010, lidera o ranking nacional, mas é cinco anos
mais velho do que Lee.
O Brasil teve atleta nessa
prova no Canadá. Caio Cézar
dos Santos foi à semifinal
com 10s62, mas queimou a
largada e acabou eliminado.
Esta é uma prova em que o
país parou no tempo. Desde
88, o recorde é de Robson
Caetano, que cravou 10s. Só
um centésimo mais rápido
do que o recorde mundial
sub-19, do trinitense Darrel
Brown (de 2003) e do americano Jeffery Demps (2008).
No salto triplo entre os homens, o russo Aleksey Fedorov foi campeão juvenil com
16,68 m. Jadel Gregório, um
dos mais renomados saltadores do país, tem como melhor marca em 2010 16,98 m.
O Brasil levou 20 atletas a
Moncton e terminou em 20º,
com um ouro -o primeiro
desde 94 na faixa etária.
Coube à paulista Geisa Arcanjo quebrar o tabu: venceu
no arremesso de peso, mas a
comparação com o adulto é
imprecisa, pois os menores
usam peso 1 kg mais leve.
O superintendente técnico
da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), Martinho Nobre, disse que o resultado do país era esperado.
"Participamos de quatro finais, e os atletas vão se ambientando com o clima de
competição internacional."
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