São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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Brasil adulto perde feio da elite jovem

Marcas do Mundial juvenil são melhores do que as dos brasileiros

DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO

Atletas brasileiros da categoria adulto teriam muita dificuldade de obter medalha no Mundial juvenil, encerrado 25 de julho, em Moncton, na costa leste canadense.
Alguns nem sequer chegariam ao pódio contra atletas de até 19 anos, segundo levantamento baseado nos melhores tempos dos adultos brasileiros nesta temporada e dos campeões juvenis.
O professor Fernando Franco, do Centro de Estudos de Atletismo, sediado em Brasília, avaliou, a pedido da Folha, os índices de 22 provas. "A situação dos nossos atletas é realmente estarrecedora", definiu Franco.
O desnível técnico é gritante no feminino e nas provas de fundo. Os 5.000 m é um exemplo. A etíope Genzebe Dibaba foi ouro em Moncton com 15min08s06. A queniana Alice Aprot, bronze, marcou 15min17s39.
A brasileira mais veloz nessa prova no ano é a paulista Simone Alves da Silva, que marcou 15min49s79.
Já nos 200 m, a bahamense Shaunae Miller, 16 anos, fez incríveis 52s52. Dezoito centésimos mais rápida do que Jailma Sales de Lima, 23, a melhor do Brasil (52s70).
"Com exceção das provas de salto em distância e salto com vara, os recordes femininos do adulto no Brasil são piores que os recordes mundiais juvenis", afirmou Franco, que estuda resultados do atletismo desde 1998.
A marca dos 100 m masculino também impressiona. Dexter Lee, 19, garantindo a renovação jamaicana, foi ouro em Moncton com 10s21. O paulista Nilson de Oliveira André tem tempo idêntico em 2010, lidera o ranking nacional, mas é cinco anos mais velho do que Lee.
O Brasil teve atleta nessa prova no Canadá. Caio Cézar dos Santos foi à semifinal com 10s62, mas queimou a largada e acabou eliminado.
Esta é uma prova em que o país parou no tempo. Desde 88, o recorde é de Robson Caetano, que cravou 10s. Só um centésimo mais rápido do que o recorde mundial sub-19, do trinitense Darrel Brown (de 2003) e do americano Jeffery Demps (2008).
No salto triplo entre os homens, o russo Aleksey Fedorov foi campeão juvenil com 16,68 m. Jadel Gregório, um dos mais renomados saltadores do país, tem como melhor marca em 2010 16,98 m.
O Brasil levou 20 atletas a Moncton e terminou em 20º, com um ouro -o primeiro desde 94 na faixa etária.
Coube à paulista Geisa Arcanjo quebrar o tabu: venceu no arremesso de peso, mas a comparação com o adulto é imprecisa, pois os menores usam peso 1 kg mais leve.
O superintendente técnico da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), Martinho Nobre, disse que o resultado do país era esperado. "Participamos de quatro finais, e os atletas vão se ambientando com o clima de competição internacional."


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