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Pan-Americano quer ser seletiva olímpica
dos enviados a Winnipeg
Os Jogos Pan-Americanos de
Winnipeg terminam neste domingo, após 18 dias de competições em 41 modalidades esportivas, que envolveram cerca de
5.000 atletas de 42 países.
Descartados três casos positivos
de doping -um deles de Javier
Sotomayor, astro do atletismo cubano-, o mexicano Mário Vázquez Raña, 58, presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), se mostra satisfeito
com o evento, que tem sua próxima edição programada para 2003,
em Santo Domingo, na República
Dominicana.
Até lá, no entanto, ele tem um
desafio importante pela frente,
que poderá resultar na elevação
do nível técnico do Pan-Americano, abalado a cada nova disputa
pela ausência das grandes estrelas, principalmente de atletas norte-americanos.
Vázquez Raña, dono de 61 jornais, emissoras de rádio e TV no
México, quer que as modalidades
se valham dos Jogos como seletivas olímpicas americanas. Como
a Olimpíada é a meta de todo atleta, os Jogos podem, dessa forma,
resgatar seus astros.
(EA e MD)
Folha - Qual é a avaliação que
o senhor, como presidente da
Odepa, faz destes Jogos?
Mário Vázquez Raña - Estou à
frente dos Jogos Pan-Americanos
desde 1975, na Cidade do México.
Este é o melhor desde que me tornei o presidente. Tivemos muitos
problemas com o Comitê Organizador, que discutiu com a nossa
Comissão Executiva. As partes cederam em vários pontos, e tudo se
acertou na organização, no nível
esportivo, na participação e nas
instalações esportivas. O melhor
mesmo, o mais importante, é a
participação dos voluntários. Todos sabem o que devem fazer,
suas responsabilidades, executam
o trabalho com educação. Trabalham de graça e isso tem muito
valor para os Jogos.
Folha - Na primeira semana,
em 45 provas de atletismo, canoagem, ciclismo e ginástica artística, em apenas um caso, o do
cubano Ivan Pedroso, no salto
em distância, o resultado teria
dado pódio na Olimpíada de
Atlanta, em 96. Como o senhor
avalia isso?
Vázquez Raña - Eu não gostaria
de opinar sobre outros países.
Posso dizer que o Brasil, em geral,
tem uma grande participação
desportiva, com muitas medalhas. Isso é positivo. Argentina,
Brasil e México sempre lutam pelas mesmas posições.
Folha - Sem os países sul-americanos, o futebol transforma o
Pan num torneio menor?
Vázquez Raña - Eu me opus a
pagar, a dar dinheiro, para que os
países sul-americanos viessem. A
Odepa não pode pagar. Preferimos ficar sem o futebol da América do Sul. Agradeço à Concacaf
por ter trazido suas equipes, que
já jogam em nível elevado.
Folha - A Confederação Sul-Americana pediu dinheiro?
Vázquez Raña - A Conmebol
(Confederação Sul-Americana)
queria dinheiro. Dissemos que
não pagaríamos, primeiro para os
homens. Depois falaram sobre as
mulheres. Dissemos não. Tenho
respeito pelo futebol. Somos ricos
em capacidade, em emoção, gostamos das coisas grandes, mas
não temos dinheiro. Não podíamos pagar os US$ 2 milhões que
queriam por participação de cada
país. Vou procurar a Fifa para saber sobre essa questão.
Folha - O período dos Jogos
sempre coincide com o Mundial
de Atletismo. Isso ajuda a esvaziar a modalidade?
Vázquez Raña - Nós queremos
realizar os Jogos no período das
férias escolares de verão no hemisfério norte. A Federação Internacional de Atletismo faz o
mesmo. Eu e o presidente da Federação, Primo Nebiolo, conversamos e tratamos de acertar as datas. Por isso, colocamos o atletismo na primeira semana dos Jogos, quando o normal seria no final, mas assim ficaria muito perto
do Mundial de Sevilha.
Folha - Uma saltadora uruguaia saltou do trampolim de 5
m, enquanto as demais usaram
o de 10 m. Por que permitir esse
tipo de participação?
Vázquez Raña - Não posso opinar sobre a participação de atleta
deste ou daquele país. É um trabalho para o setor técnico, que podemos ver no futuro. É um trabalho cem por cento da parte técnica da Odepa.
Folha - E a questão de Cuba no
levantamento de peso, que se
sentiu prejudicada pela redução
do número de medalhas em disputa, setor em que aquele país
sempre foi destaque?
Vázquez Raña - Nós não reduzimos as medalhas. A Odepa não
tira medalhas. Apenas aplicou o
programa das federações olímpicas em Sydney. Em vez de três
medalhas por prova, agora é uma
só, como nos Jogos Olímpicos.
Nós queremos que os Jogos Pan-Americanos sejam classificatórios
para a Olimpíada. Teremos que
ajustar, amoldar nosso programa
ao da Olimpíada.
Folha - Qual é o orçamento
anual da Odepa?
Vázquez Raña - Não gastávamos nada. Agora, temos uma sede muito bonita na Cidade do
México e vamos gastar em torno
de US$ 80 mil por ano. Damos
mensalmente US$ 500 para cada
comitê nacional para que pague
uma pessoa para contato exclusivo conosco. Damos também US$
25 mil a cada comitê a cada três ou
quatro anos. Aqui no Canadá, por
exemplo, recebemos US$ 1,6 milhão. São nossos gastos para quatro anos.
Folha - Os direitos de TV dos
Jogos vão para a Odepa?
Vázquez Raña - Vai tudo para o
Comitê Organizador dos Jogos,
que repassa 25% à Odepa. O Comitê sempre se queixa, e fazemos
um acerto, que desta vez ficou em
US$ 1 milhão.
Folha - O Comitê Olímpico Internacional esteve envolvido
num escândalo de corrupção. A
Odepa sentiu a pressão?
Vázquez Raña - Como também
sou presidente da Associação dos
Comitês Olímpicos Nacionais, e
como presidente da Odepa, trato
de defender o movimento olímpico desses ataques. Vamos fortalecer mais o movimento. O problema tem dois pontos: a comercialização e o profissionalismo, que
não manejamos bem. Mas, se os
manejamos bem, são problemas
positivos.
Folha - Aqui, ocorreram três
casos positivos de doping. A delegação cubana levantou a suspeita de sabotagem na comida
do Javier Sotomayor. Ao contrário da Odepa, Cuba também disse que não justificou o doping
alegando consumo de um chá
que continha coca. Como fica
esse caso para a Odepa?
Vázquez Raña - A Odepa só
anunciou o que a Comissão Médica informou. Ela não se mete
nesses casos para saber por onde
entrou a droga. Não sabemos. Eu
incentivei Cuba a fazer a defesa
para amenizar a falta cometida.
Os outros dois casos envolvem o
Canadá, país organizador, com
seu esporte (hóquei in line) nacional. O outro, o da saltadora dominicana, foi o que mais doeu,
porque é o país que vai organizar
os próximos Jogos.
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