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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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VÔLEI

Triste América

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Tudo voltou ao seu devido lugar: o Brasil venceu a Venezuela e conquistou o título sul-americano. Mas alguém tinha alguma dúvida disso? Está certo: os venezuelanos derrotaram os brasileiros nas semifinais do Pan-Americano, mas esse foi um daqueles resultados que dificilmente vão se repetir tão cedo.
Você sabe: o Brasil tem um time tecnicamente bem superior ao da Venezuela e, embalado pelo clima de revanche, não tinha como perder novamente. Mas quem assistiu ao jogo percebeu: o saque e o bloqueio da seleção brasileira estão muito irregulares. A equipe fez só dois pontos de bloqueio.
O certo é que o calendário também é ingrato com o vôlei. São muitas competições. Só a seleção já disputou neste ano a Liga Mundial, o Pan-Americano e o Sul-Americano. Difícil manter um time no topo o tempo todo. Em novembro, na Copa dos Campeões, o principal torneio do ano, a seleção vai estar bem melhor.
O Sul-Americano mostrou que a Venezuela evoluiu, mas que a realidade dos outros países do continente continua bem distante do Brasil, campeão mundial e da Liga. O Paraguai e o Chile têm equipes quase amadoras. Os paraguaios vieram de ônibus para o Rio de Janeiro em uma viagem de mais de 20 horas.
A Argentina, que já foi a segunda força do continente, veio com um time renovado. Por causa de questões políticas entre a federação internacional e os dirigentes argentinos, a seleção foi suspensa dos torneios oficiais e não jogava uma partida havia mais de dez meses. Para o Sul-Americano, a equipe só fez um treino antes de desembarcar no Brasil.
Triste América do Sul. No mundo do vôlei, o poder está cada vez mais deslocado para a Europa. Mesmo os países da América do Norte, como Estados Unidos, que já foram bicampeões olímpicos, e Cuba, que passa por renovação, já não são mais tão poderosos. A seleção brasileira é a única grande força do continente.
Basta dar uma olhadinha no último Mundial. O Brasil foi o campeão, mas as outras quatro posições seguintes ficaram com as seleções européias: Rússia, França, Sérvia e Montenegro e Itália.
Na Liga Mundial deste ano, das 16 equipes inscritas, três eram da América, uma da Ásia e 12 da Europa. O Campeonato Europeu, que está sendo disputado desde a última quinta-feira na Alemanha, é outro exemplo da força desse continente. Bem diferente do Sul-Americano, lá pelo menos três seleções têm condições de conquistar o título: Rússia, Itália e Sérvia e Montenegro.
E será com as equipes européias a luta do Brasil por uma das três vagas olímpicas que estarão jogo na Copa dos Campeões, do Japão. E, para os países da América do Sul, é bom que os brasileiros se classifiquem porque Venezuela e Argentina passam a ter chances de ir aos Jogos de Atenas por meio do Pré-olímpico do continente.
No feminino, nenhuma surpresa também. A seleção brasileira, comandada por José Roberto Guimarães, foi campeã invicta de um Sul-Americano com mais três seleções bem frágeis: Argentina, Peru e Colômbia.

África 1
A seleção da Tunísia surpreendeu o Egito e conquistou o título do Campeonato Africano, disputado no Cairo. Mesmo jogando em casa, os egípcios perderam por 3 sets a 0, com parciais de 25/19, 26/24 e 27/25. Com o resultado, a Tunísia garantiu a sua classificação para a Copa dos Campeões. Na última Olimpíada, disputada em Sydney, o Egito foi o único representante do continente africano.

África 2
Já no Campeonato Africano feminino, o Egito levou a melhor. Jogando na casa do adversário, a equipe derrotou o Quênia na decisão do título por 3 sets a 1 (25/19, 22/25, 29/27 e 25/19) e assegurou vaga para a disputa da Copa dos Campeões. Em Sydney-2000, o Quênia, único time africano na competição feminina, acabou em 11º lugar.


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