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VÔLEI
Triste América
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Tudo voltou ao seu devido
lugar: o Brasil venceu a Venezuela e conquistou o título sul-americano. Mas alguém tinha alguma dúvida disso? Está certo: os
venezuelanos derrotaram os brasileiros nas semifinais do Pan-Americano, mas esse foi um daqueles resultados que dificilmente
vão se repetir tão cedo.
Você sabe: o Brasil tem um time
tecnicamente bem superior ao da
Venezuela e, embalado pelo clima de revanche, não tinha como
perder novamente. Mas quem assistiu ao jogo percebeu: o saque e
o bloqueio da seleção brasileira
estão muito irregulares. A equipe
fez só dois pontos de bloqueio.
O certo é que o calendário também é ingrato com o vôlei. São
muitas competições. Só a seleção
já disputou neste ano a Liga
Mundial, o Pan-Americano e o
Sul-Americano. Difícil manter
um time no topo o tempo todo.
Em novembro, na Copa dos Campeões, o principal torneio do ano,
a seleção vai estar bem melhor.
O Sul-Americano mostrou que
a Venezuela evoluiu, mas que a
realidade dos outros países do
continente continua bem distante
do Brasil, campeão mundial e da
Liga. O Paraguai e o Chile têm
equipes quase amadoras. Os paraguaios vieram de ônibus para o
Rio de Janeiro em uma viagem de
mais de 20 horas.
A Argentina, que já foi a segunda força do continente, veio com
um time renovado. Por causa de
questões políticas entre a federação internacional e os dirigentes
argentinos, a seleção foi suspensa
dos torneios oficiais e não jogava
uma partida havia mais de dez
meses. Para o Sul-Americano, a
equipe só fez um treino antes de
desembarcar no Brasil.
Triste América do Sul. No mundo do vôlei, o poder está cada vez
mais deslocado para a Europa.
Mesmo os países da América do
Norte, como Estados Unidos, que
já foram bicampeões olímpicos, e
Cuba, que passa por renovação,
já não são mais tão poderosos. A
seleção brasileira é a única grande força do continente.
Basta dar uma olhadinha no
último Mundial. O Brasil foi o
campeão, mas as outras quatro
posições seguintes ficaram com as
seleções européias: Rússia, França, Sérvia e Montenegro e Itália.
Na Liga Mundial deste ano, das
16 equipes inscritas, três eram da
América, uma da Ásia e 12 da Europa. O Campeonato Europeu,
que está sendo disputado desde a
última quinta-feira na Alemanha, é outro exemplo da força
desse continente. Bem diferente
do Sul-Americano, lá pelo menos
três seleções têm condições de
conquistar o título: Rússia, Itália
e Sérvia e Montenegro.
E será com as equipes européias
a luta do Brasil por uma das três
vagas olímpicas que estarão jogo
na Copa dos Campeões, do Japão.
E, para os países da América do
Sul, é bom que os brasileiros se
classifiquem porque Venezuela e
Argentina passam a ter chances
de ir aos Jogos de Atenas por meio
do Pré-olímpico do continente.
No feminino, nenhuma surpresa também. A seleção brasileira,
comandada por José Roberto
Guimarães, foi campeã invicta de
um Sul-Americano com mais três
seleções bem frágeis: Argentina,
Peru e Colômbia.
África 1
A seleção da Tunísia surpreendeu o Egito e conquistou o título do
Campeonato Africano, disputado no Cairo. Mesmo jogando em casa, os egípcios perderam por 3 sets a 0, com parciais de 25/19, 26/24 e
27/25. Com o resultado, a Tunísia garantiu a sua classificação para a
Copa dos Campeões. Na última Olimpíada, disputada em Sydney, o
Egito foi o único representante do continente africano.
África 2
Já no Campeonato Africano feminino, o Egito levou a melhor. Jogando na casa do adversário, a equipe derrotou o Quênia na decisão do
título por 3 sets a 1 (25/19, 22/25, 29/27 e 25/19) e assegurou vaga para
a disputa da Copa dos Campeões. Em Sydney-2000, o Quênia, único
time africano na competição feminina, acabou em 11º lugar.
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