São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

promessa real

Jade é a terceira mais completa

Ginasta falha no solo, quando liderava a final do individual geral, mas assegura o bronze no Mundial

Estreante na competição, carioca de 16 anos é a primeira do Brasil a obter medalha no torneio fora do solo e, hoje, disputa o salto

Michael Probst/Associated Press
Jade Barbosa salta sobre o cavalo na final do individual geral no Mundial disputado na Alemanha


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Jade Barbosa tinha diante de si, ontem, na decisão do individual geral do maior Mundial de ginástica artística de todos os tempos, campeã européia, campeã pan-americana e muitas ginastas consagradas.
E a carioca não se intimidou, tanto que surpreendeu de novo em Stuttgart (ALE) e conquistou o maior feito de uma ginasta brasileira: uma medalha na prova que elege a atleta mais completa do campeonato.
"Eu ainda não estou acreditando", afirmou Jade, antes de pegar a medalha de bronze.
Além da façanha histórica, que assegurou ao Brasil sua quinta medalha em Mundiais, Jade se transformou na mais nova do país a alcançar o pódio.
Com 16 anos, 2 meses e 6 dias, a atleta, que foi lapidada por Georgette Vidor, supera marca de Daniele Hypólito, prata em Gent-2001 com 17 anos. A ginástica nacional ainda ostenta um ouro com Daiane dos Santos, em Anaheim-2003, e outro ouro e uma prata de Diego Hypólito, em Melbourne-2005 e Aarhus-2006.
"Foi fantástico. Essa conquista foi muito mais difícil do que as outras por ter que que passar pelos quatro apare- lhos", disse Eliane Martins, supervisora de seleções da Confederação Brasileira de Ginástica.
Jade teve que suar até o final, pois já havia cumprido os quatro aparelhos duas vezes nas provas por equipes -ela foi decisiva na conquista do histórico quinto lugar da seleção e havia ficado em sexto na classificatória do individual geral.
O resultado de Jade impressiona também por ser o primeiro do Brasil fora do solo.
E foi justamente a prova em que o país domina que impediu que ela faturasse uma medalha de cor diferente no ginásio Hanns-Martin-Schleyer.
Após liderar por três aparelhos (salto, paralelas assimétricas e trave), Jade deixou o primeiro lugar após executar sua série de solo, na qual registrou o equivalente a uma queda (por ter apoiado a mão no tablado para não cair) -acabou perdendo pelo menos 0,8 ponto.
Porém sua folga era tanta que ela conseguiu assegurar o terceiro lugar, com 60,550, empatada com a italiana Vanessa Ferrari, a atual campeã européia, que também registrou uma queda na final de ontem.
O título ficou com a americana Shawn Johnson, com 61,875, que foi campeã no Pan-2007. A romena Steliana Nistor levou a prata, com 60,625.
Dizendo-se alvo de muitos beijos e abraços, o que a fez chorar, Jade declarou que não poderia festejar muito. "Já está tarde e daqui a pouco tenho que descansar, pois amanhã [hoje] tenho a final do salto", explicou a atleta, que ficou notória em 2003, aos 13 anos, ao ser a primeira no país e a mais jovem do mundo a executar o duplo twist carpado de Daiane dos Santos.
Jade arrancou suspiros. "É uma menina competente. Arrisco dizer que, no feminino, é a maior revelação deste Mundial. Pena que não atua pela Alemanha", disse Jörg Hoppenkamps, um dos organizadores.
E hoje Jade tentará surpreender o Mundial de novo, na prova decisiva do salto.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Entrevista: "Posso lidar com os erros", afirma novata
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.