São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2008

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JUCA KFOURI

José Roberto Guimarães, o fofão



Sim, todas as homenagens devem ser direcionadas para ela, a maior levantadora que nosso vôlei já teve. Mas ele...


FOFÃO PAROU . E eu peço licença para a nossa competentíssima Cida Santos para falar dela, a Fofão. E dele, o fofão. Fofão é dessas atletas que você não nota de cara. Que você aprende a admirar. Que você passa a respeitar até pelo que ouve dos especialistas em vôlei, coisa que Cida é e eu não. E mais do que admirar e respeitar, Fofão é daquelas pessoas que você passa a gostar. Mesmo sem conhecer, sem jamais, por estranhas circunstâncias, ter falado com ela. Porque Fofão não é apenas a exímia levantadora que por 18 anos vestiu a camisa do Brasil, ora na quadra, ora no banco, sempre para o conjunto, sempre líder, sempre boa, sem ser boazinha, porque nunca deixou de apontar o que estava errado e na cara de quem errava, franca e lealmente. A cena final de sua histórica passagem pela seleção não poderia ter sido mais sugestiva. Fosse em Pequim, com o ouro no peito, teria sido épica e da maneira mais gloriosa possível. Mas foi em Fortaleza, num torneio menor, o suficiente para permitir que todas as atenções fossem para ela, como ela mereceu apesar de perfil sempre discreto. E para que o técnico José Roberto Guimarães, mais uma vez, revelasse que ele não é apenas o mais dourado de todos os treinadores de vôlei pelo mundo afora. Zé Roberto foi campeão com o pé e com a mão: com as mulheres e com os homens no vôlei e com o Corinthians que comandou como gerente no primeiro Mundial de Clubes da Fifa. Zé Roberto é tão discreto que muita gente nem sabe disso ou se sabia já esqueceu. Mas sua comoção no momento final de Fofão revela bem diante de que tipo de caráter estamos quando diante dele. Difícil dizer quem estava mais emocionado, se ela ou ele. E ele por ser grato a ela, por ser capaz de dizer para quem quiser ouvir que sem ela o ouro olímpico teria sido impossível. José Roberto Guimarães diz que passou quatro anos de luto depois daquele 24 a 19 na Rússia em Atenas. E agora que ganhou o que ninguém jamais ganhou, ouro com mulheres e homens, não teve uma palavra de vingança, de revanche, apenas ganhou. Felizmente ele desmente essa bobagem de que a imagem é tudo, simplificação bem a gosto dos marqueteiros medíocres. Zé Roberto é a prova viva de que quem tinha razão eram nossos avós que já diziam que o que é do homem o bicho não come.

Dunga, o sobrevivente
A seleção chilena é horrorosa. A seleção do Dunga não tem nada com isso. Achou um gol em bola de Ronaldinho para Luís Fabiano, perdeu um pênalti com o mesmo Ronaldinho traseiro de tanajura e fez um lindo gol com Robinho que, a exemplo do chileno Suazo, perdera um gol feito. Tudo no primeiro tempo, o tempo que definiu o jogo e salvou o pescoço de Dunga, apesar de ele ter escalado Kléber, expulso, e de insistir com Diego. Pior, só mesmo Valdivia conseguiu ser. Como a Bolívia será goleada na quarta-feira, o Brasil terminará a rodada consolidado em segundo lugar. Nem por isso jogou bola.

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