São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2000

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MOTOCICLISMO
Organizador da etapa do Mundial no país desdenha de promoções de venda de ingressos feitas pela Indy
GP do Rio ainda paga dívidas para se consolidar no país


ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O GP Brasil de motociclismo está se consolidando no calendário do Rio, embora as dívidas contraídas em 1995 e 1996 ainda estejam sendo pagas.
"Os primeiros dois anos foram desastrosos", declarou Moacir Galo, diretor da Vadam Internacional, empresa que organiza a etapa brasileira do Mundial de motociclismo há cinco anos.
"Mas hoje estabilizamos o evento, e nossa perspectiva é muito boa", acrescentou o empresário.
Galo não divulga o valor da dívida atual. "Dizem que dívida não se paga, se administra. Nossa dívida está sendo bem administrada."
Este ano foram gastos US$ 6 milhões com a promoção do evento. Esse dinheiro vem, em sua maior parte, de patrocinadores, como o ABN Amro Bank, a Rede Globo, a Petrobras, a Honda e a Audi.
Se, por um lado, os patrocínios garantem a viabilidade da corrida brasileira, por outro, Galo não admite fazer promoções similares às da Indy, também realizada no Rio, há seis meses.
As entradas para o GP Brasil de motociclismo, que seria ontem à tarde, são "salgadas" para o consumidor médio. A arquibancada descoberta saiu por R$ 30. Para lugares cobertos, o valor chegou a R$ 90. Já o espectador que pudesse se dar ao luxo de assistir à prova no VIP Village -com direito a ar-condicionado e serviço de bufê- teve que pagar R$ 900.
"Não faço ingresso a preços populares porque ninguém compra. Fizeram isso aqui no Rio (no GP da Indy), e ninguém veio."
A organização da Rio-200, etapa brasileira da Indy, chegou a abrir os portões durante um dos treinos livres e, mesmo assim, a presença de público foi irrisória.
"Isso aqui é negócio. Essas pessoas têm que estudar na Escola Superior de Propaganda e Marketing primeiro, para depois poder fazer uma pós em Harvard."
Para o promotor do GP Brasil de motociclismo, caso a organização tivesse baixado os preços das entradas, o público desconfiaria da qualidade do evento.
"Posso oferecer um camarote VIP por R$ 100. Mas aí estarei enganando o torcedor. Ninguém vai ter luxo por R$ 100."
Galo lembra que, há três anos, fez uma promoção, vendendo entradas para uma arquibancada por R$ 5 e outra por R$ 15. Segundo ele, os ingressos mais baratos tiveram menos procura.
"O público tem uma desconfiança de cara. Se você colocar preços muito baratos, as pessoas pensam que seu produto é vagabundo. Não faço caridade. Isso é um desrespeito com quem paga."
A meta da Vadam é, para o futuro, conseguir pagar o GP Brasil somente com o dinheiro vindo da venda de ingressos. "Nos outros países, a bilheteria paga o evento."



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