São Paulo, terça-feira, 08 de outubro de 2002

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Dez dos 14 candidatos mais ligados com a entidade fracassam na disputa por vagas nas eleições

Urnas varrem aliados da CBF

DA REPORTAGEM LOCAL

Os defensores da CBF no Congresso Nacional e os candidatos apadrinhados pela entidade fracassaram nas eleições 2002.
Encabeçados pelo presidente vascaíno Eurico Miranda, não conseguiram se eleger dez dos 14 integrantes de uma lista de candidatos que inclui presidentes de federações aliadas da CBF e membros das "bancadas da bola" nas CPIs que investigaram o futebol.
Muitos deles tiveram votações que não passaram nem perto das registradas em pleitos passados.
Eurico (PPB-RJ) conseguiu 25.033 votos, menos de um quarto do que obteve em 1998. No ano passado, ele foi o principal articulador do grupo que barrou o relatório do deputado Sílvio Torres na CPI da CBF/Nike. O texto trazia indícios do envolvimento do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em crimes financeiros.
"O resultado saiu, e eu não estou reeleito. De duas uma: ou o vascaíno foi induzido pela campanha da mídia que não queria a minha eleição, ou alguma coisa estranha aconteceu. Estou apurando. Se tiver acontecido alguma coisa, vou recorrer ao TRE. Se não, se efetivamente eu tiver esse número de votos, tudo bem. Aceito", disse Eurico, que afirmou não temer problemas judiciais com a perda da imunidade parlamentar.
"Processos são processos. Só isso. Todos podem ser processados. Abrir um é a coisa mais fácil do mundo. Não fiz nada. Não temo nada. Tanto faz se corre no STF ou no juizado comum", concluiu.
Um dos motivos do fiasco pode ter sido o mau desempenho do Vasco sob seu comando. Desde que assumiu a presidência do clube, em janeiro de 2001, o time não ganhou nenhuma competição.
Parceiro do vascaíno na sessão que derrubou o relatório de Torres da CPI, José Lourenço (PMDB-BA) é outro que não se reelegeu. O deputado, que está na Câmara desde 1983, somou 28.776 votos, pouco mais da metade do que nas últimas eleições.
"Ele está sem condições de falar agora. Talvez só fale na semana que vem. Está um clima muito pesado em todo o andar aqui na Câmara", disse Dina Almeida, chefe de gabinete do político baiano.
Outros dois deputados da "bancada da bola" não terão cargos na próxima legislatura. Luciano Bivar (PSL-PE), presidente do Sport, era suplente na derrotada candidatura de Carlos Wilson (PTB-PE) ao Senado. E o radialista Nelo Rodolfo (PMDB-SP) não conseguiu votos para se reeleger.
No Senado, os três principais aliados da CBF também fracassaram: Maguito Vilela (PMDB-GO), Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) e Gilvam Borges (PMDB-AP).
Os dois primeiros tentavam, respectivamente, os governos de Goiás e do Amazonas. Borges ficou na terceira colocação na disputa para senador pelo Amapá.
Além de menos apoio dos aliados antigos, o comando do futebol brasileiro também não contará com a ajuda de novos quadros.
Três presidentes de federações estaduais, todos com fortes ligações com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, tiveram seus planos eleitorais frustrados.
Chefe da delegação brasileira na conquista do penta na Ásia e presidente da federação de Brasília, Weber Magalhães (PFL-DF) deve, segundo suas próprias projeções, ficar com a quinta suplência entre os deputados federais da capital.
"Não consegui o que eu queria mas, para uma primeira eleição, acho que fui bem", diz Magalhães, que espera assumir a Secretaria de Esportes, caso Joaquim Roriz ganhe a eleição para governador.
Onaireves Moura (PSD-PR) passou por experiência parecida. O presidente da Federação Paranaense, que também já chefiou delegações da seleção brasileira no exterior, colheu apenas 6.339 votos e não ficou nem entre os cem mais votados na disputa para a Assembléia de seu Estado.
Em Rondônia, Heitor Costa (PSD), presidente da federação local e amigo de Teixeira, teve 3.652 votos e não conseguiu se eleger deputado federal.
Entre os deputados mais atuantes da "bancada da bola", os únicos sobreviventes para a próxima legislatura são José Rocha (PFL-BA), José Mendonça (PFL-PE), Darcísio Perondi (PMDB-RS) e José Janene (PPB-PR).


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