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na marcação
Ministério Público usa corpo-a-corpo contra a violência
Promotor se mistura a organizadas do Corinthians para identificar vândalos
Estratégia já serviu para
identificar torcedores que
danificaram Pacaembu e brigaram com policiais
em jogo da Libertadores
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o objetivo de identificar
integrantes de organizadas que
participaram de tumultos em
estádios, promotores do Ministério Público de São Paulo deixaram seus gabinetes e passaram a, de forma literal, entrar
em campo para reconhecê-los.
De posse de imagens de TV e
fotos publicadas nos jornais de
torcedores que deixaram o Pacaembu destruído e brigaram
com policiais durante a partida
com o River Plate, em maio, pela Libertadores, os promotores
Paulo Sérgio de Castilho e Eder
do Lago Mendes Ferreira vêm
freqüentando as partidas do
Corinthians no Brasileiro.
A dupla de promotores públicos do Estado, que conta com o
apoio da Polícia Militar e da Polícia Civil, trabalha durante os
jogos mais ou menos como uma
equipe de TV. Castilho, o ""produtor", permanece próximo à
torcida e identifica os torcedores que crê aparecerem nas
imagens feitas no Pacaembu.
A seguir, liga para Mendes,
cuja base é a cabine de monitoramento de imagens, que por
sua vez orienta o técnico de
imagem para que dê um close
naquele torcedor para uma
identificação positiva ou não.
Também vão ao estádio, como na partida de quinta passada entre Corinthians e Santos,
pelo Nacional, para analisar os
membros das organizadas munidos com binóculos especiais.
""Só pela veiculação das fotos
estava difícil identificar. Então
se tem de ir ao estádio. E vamos
continuar indo. Facilita que a
gente gosta de futebol, mas a
gente não se diverte, pois só ficamos de olho na torcida", explica Castilho, 39, que treinou
entre os juniores de São Paulo,
XV de Jaú e Olímpia.
Para identificar os torcedores em suas conversas, os promotores até batizaram alguns
deles com apelidos peculiares,
de acordo com suas características físicas. Um deles ganhou o
codinome ""Vampeta", pela semelhança com o volante.
Segundo o Ministério Público, as diligências surtiram efeito. Já foram identificadas pelo
menos seis pessoas que fizeram
parte dos tumultos, incluindo
dirigentes das organizadas Gaviões da Fiel e Camisa 12.
""Eles [integrantes das organizadas do Corinthians], embora de forma respeitosa, fizeram
algumas ironias, disseram que
somos palmeirenses, são-paulinos...", comenta Ferreira.
O inquérito sobre o caso deve
ser finalizado até o final do mês.
Os promotores esperam agora
o encaminhamento de material
da investigação conduzida pelo
23º Distrito Policial.
Os envolvidos no episódio
poderão ser indiciados por dano ao patrimônio público, incitação ao crime, lesão corporal,
desacato à autoridade e resistência à prisão. A pena total ultrapassa sete anos de prisão.
Os representantes do Ministério Público, porém, crêem
que a identificação de torcedores problemáticos não implicará tanto trabalho no futuro.
""É por isso que foi importante a assinatura do termo de
ajustamento de conduta firmado na federação paulista que
obriga os integrantes das organizadas a tirar a carteirinha para ir às partidas", diz Castilho.
As funções do Ministério Público se estendem à prevenção.
Amanhã, o meia Zé Roberto e
o técnico Vanderlei Luxemburgo, do Santos, serão notificados
para esclarecer a provocação
feita à torcida rival no jogo com
o Corinthians, na quinta passada. Em uma ação paralela, devem ser convocados para uma
""conversa" os presidentes de
torcidas do Corinthians e do
Palmeiras, que teriam agendado brigas via internet.
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