São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009

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país do futebol?

Com Rio-16, COI quer criar cultura olímpica no Brasil

Estratégia para catequizar público é a realização de Mundiais antes dos Jogos

Apontando a escola como caminho, entidades traçam planos para acostumar a população a acompanhar as modalidades do evento

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A COPENHAGUE

Diante do domínio do futebol no cenário nacional, parte dos membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) entende ser necessário criar uma cultura esportiva no Brasil para ter um público acostumado aos eventos dos Jogos-2016.
Segundo um membro do COI, o público terá de aprender a gritar gol no handebol, assim como já faz no futebol.
Esse pensamento é compartilhado pela cúpula do comitê organizador da Rio-2016. Sua aposta é a realização de Mundiais de esportes diversos nos anos anteriores à Olimpíada.
Em discurso no COI, Carlos Arthur Nuzman, presidente do comitê carioca, deixou esse objetivo claro. "Foi fantástico o que ocorreu no Rio. Não poderia esperar a recepção [quando voltou à cidade, no domingo]. Foi parecido com a recepção da Copa. Vamos trabalhar perto do COI, precisamos das recomendações das federações. Queremos organizar não só eventos-teste, mas Mundiais."
Além disso, pretende-se criar programas nas escolas para ensinar as crianças sobre os esportes que serão disputados.
"Será preciso. É, para o Brasil, uma novidade em diversos aspectos. Acho que as escolas são um caminho", disse o delegado do COI Gerhard Heiberg.
Ainda estão previstas iniciativas para jornalistas.
A Folha apurou que executivos do COI veem a necessidade de educação, inclusive da mídia, para que o espaço de interesse do público se estenda para vários esportes olímpicos, sem monocultura do futebol.
Outros membros do comitê entendem que os Jogos vão despertar naturalmente uma explosão de interesse pelos esportes olímpicos. É o caso do italiano Mariano Pescante.
"Até [os Jogos de Roma] 1960, a Itália era só futebol e ciclismo. Depois, perceberam muitos outros esportes. A prova de Abebe Bikila [maratonista etíope que levou o ouro após correr descalço] inspirou milhões de pessoas", afirmou.
Para a membro do COI Claudia Bokel, alemã e ex-esgrimista, será mais fácil criar o entusiasmo no brasileiro, pois ele já tem tendência a gostar de esportes. "Se é apaixonado por futebol, o público se apaixonará por outros esportes. Estive em evento de esgrima no Rio, e o público parecia apaixonado."
De fato, durante o Pan de 2007, o público apareceu em bom número e estava empolgado. Às vezes, até extrapolava. Tanto que houve vaias para atletas de outros países na ginástica artística, por exemplo, o que causou constrangimento.
Mas, em alguns eventos, houve pouca presença da torcida, tanto que foram distribuídos bilhetes. E é verdade que havia desconhecimento em relação a alguns esportes de pouca tradição no país.


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