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país do futebol?
Com Rio-16, COI quer criar cultura olímpica no Brasil
Estratégia para catequizar público é a realização de Mundiais antes dos Jogos
Apontando a escola como caminho, entidades traçam planos para acostumar a população a acompanhar
as modalidades do evento
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A COPENHAGUE
Diante do domínio do futebol
no cenário nacional, parte dos
membros do COI (Comitê
Olímpico Internacional) entende ser necessário criar uma
cultura esportiva no Brasil para
ter um público acostumado aos
eventos dos Jogos-2016.
Segundo um membro do
COI, o público terá de aprender
a gritar gol no handebol, assim
como já faz no futebol.
Esse pensamento é compartilhado pela cúpula do comitê
organizador da Rio-2016. Sua
aposta é a realização de Mundiais de esportes diversos nos
anos anteriores à Olimpíada.
Em discurso no COI, Carlos
Arthur Nuzman, presidente do
comitê carioca, deixou esse objetivo claro. "Foi fantástico o
que ocorreu no Rio. Não poderia esperar a recepção [quando
voltou à cidade, no domingo].
Foi parecido com a recepção da
Copa. Vamos trabalhar perto
do COI, precisamos das recomendações das federações.
Queremos organizar não só
eventos-teste, mas Mundiais."
Além disso, pretende-se criar
programas nas escolas para ensinar as crianças sobre os esportes que serão disputados.
"Será preciso. É, para o Brasil, uma novidade em diversos
aspectos. Acho que as escolas
são um caminho", disse o delegado do COI Gerhard Heiberg.
Ainda estão previstas iniciativas para jornalistas.
A Folha apurou que executivos do COI veem a necessidade
de educação, inclusive da mídia, para que o espaço de interesse do público se estenda para vários esportes olímpicos,
sem monocultura do futebol.
Outros membros do comitê
entendem que os Jogos vão
despertar naturalmente uma
explosão de interesse pelos esportes olímpicos. É o caso do
italiano Mariano Pescante.
"Até [os Jogos de Roma]
1960, a Itália era só futebol e ciclismo. Depois, perceberam
muitos outros esportes. A prova de Abebe Bikila [maratonista etíope que levou o ouro após
correr descalço] inspirou milhões de pessoas", afirmou.
Para a membro do COI Claudia Bokel, alemã e ex-esgrimista, será mais fácil criar o entusiasmo no brasileiro, pois ele já
tem tendência a gostar de esportes. "Se é apaixonado por
futebol, o público se apaixonará por outros esportes. Estive
em evento de esgrima no Rio, e
o público parecia apaixonado."
De fato, durante o Pan de
2007, o público apareceu em
bom número e estava empolgado. Às vezes, até extrapolava.
Tanto que houve vaias para
atletas de outros países na ginástica artística, por exemplo,
o que causou constrangimento.
Mas, em alguns eventos,
houve pouca presença da torcida, tanto que foram distribuídos bilhetes. E é verdade que
havia desconhecimento em relação a alguns esportes de pouca tradição no país.
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