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Seleção rende mais quando se apressa
Com Dunga, time faz melhores atuações com poucos passes, mas apostará no fundamento ante a Bolívia
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS
Quanto menos passes, melhor. É assim, na contramão de
uma das mais tradicionais características do futebol brasileira, que a seleção de Dunga
tem os seus melhores momentos nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, torneio
em que fechará sua participação contra Bolívia, no domingo,
e Venezuela, na quarta-feira.
Foram 16 jogos pelo qualificatório sul-americano até agora. Em nove, o time trocou menos de 370 passes por jogo, segundo o Datafolha (a média da
seleção nos últimos 15 anos se
aproxima dos 450 passes).
Neles, o Brasil fez 22 gols
(média de 2,44 por partida) e
ganhou 74% dos pontos disputados. Em algumas das melhores exibições da equipe sob o
comando de Dunga, a troca de
bolas foi próxima à dos piores
clubes que disputam o Brasileiro, em termos de passes.
Contra o Uruguai (goleada
por 4 a 0), foram apenas 261
trocas de bola. Diante da Argentina, em Rosario (triunfo
por 3 a 1), ocorreram 263.
Quando ficou dentro da sua
média histórica no fundamento, o Brasil de Dunga foi menos
ofensivo e também somou menos pontos. Nos sete jogos em
que trocou mais de 400 passes,
o time nacional marcou só dez
tentos (1,43 por jogo) e registrou aproveitamento de 62%.
Muitos dos piores momentos
da seleção com o atual treinador aconteceram em partidas
com intermináveis trocas de
passes. No empate sem gols
contra a frágil Bolívia, no Engenhão, foram 461 passes.
A maioria dos jogos em que o
Brasil fugiu da sua característica de trocas de bola aconteceu
em atuações como visitante.
Nesses confrontos, quem tinha o controle da bola era o adversário do time de Dunga. Mas
esse domínio não dava frutos.
No jogo em Rosario, a Argentina fez 398 passes, ou quase
150 a mais do que o Brasil, mas
conseguiu marcar só um gol.
Apesar de números muito
melhores no estilo "pingue-
-pongue" de jogar, a seleção
aposta no passe para superar a
Bolívia. Isso por causa dos
3.600 m de La Paz. Para os atletas, correr demais será fatal.
"A dica é correr o mínimo
possível. Temos que errar o
menor número de passes possível", disse o volante Gilberto
Silva, que, vindo da Grécia, só
se apresentou ontem na Granja
Comary, em Teresópolis.
Para Dunga, que segue sem
dar dicas se vai escalar um time
basicamente reserva na Bolívia,
o sucesso de sua equipe passa
pelo jogo coletivo. "O que pode
deixar um jogador fora da Copa
é a falta de comprometimento,
o egoísmo. Se o jogador pensar
individualmente, fica difícil."
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