São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009

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Seleção rende mais quando se apressa

Com Dunga, time faz melhores atuações com poucos passes, mas apostará no fundamento ante a Bolívia

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS

Quanto menos passes, melhor. É assim, na contramão de uma das mais tradicionais características do futebol brasileira, que a seleção de Dunga tem os seus melhores momentos nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, torneio em que fechará sua participação contra Bolívia, no domingo, e Venezuela, na quarta-feira.
Foram 16 jogos pelo qualificatório sul-americano até agora. Em nove, o time trocou menos de 370 passes por jogo, segundo o Datafolha (a média da seleção nos últimos 15 anos se aproxima dos 450 passes).
Neles, o Brasil fez 22 gols (média de 2,44 por partida) e ganhou 74% dos pontos disputados. Em algumas das melhores exibições da equipe sob o comando de Dunga, a troca de bolas foi próxima à dos piores clubes que disputam o Brasileiro, em termos de passes.
Contra o Uruguai (goleada por 4 a 0), foram apenas 261 trocas de bola. Diante da Argentina, em Rosario (triunfo por 3 a 1), ocorreram 263.
Quando ficou dentro da sua média histórica no fundamento, o Brasil de Dunga foi menos ofensivo e também somou menos pontos. Nos sete jogos em que trocou mais de 400 passes, o time nacional marcou só dez tentos (1,43 por jogo) e registrou aproveitamento de 62%.
Muitos dos piores momentos da seleção com o atual treinador aconteceram em partidas com intermináveis trocas de passes. No empate sem gols contra a frágil Bolívia, no Engenhão, foram 461 passes.
A maioria dos jogos em que o Brasil fugiu da sua característica de trocas de bola aconteceu em atuações como visitante.
Nesses confrontos, quem tinha o controle da bola era o adversário do time de Dunga. Mas esse domínio não dava frutos.
No jogo em Rosario, a Argentina fez 398 passes, ou quase 150 a mais do que o Brasil, mas conseguiu marcar só um gol.
Apesar de números muito melhores no estilo "pingue- -pongue" de jogar, a seleção aposta no passe para superar a Bolívia. Isso por causa dos 3.600 m de La Paz. Para os atletas, correr demais será fatal.
"A dica é correr o mínimo possível. Temos que errar o menor número de passes possível", disse o volante Gilberto Silva, que, vindo da Grécia, só se apresentou ontem na Granja Comary, em Teresópolis.
Para Dunga, que segue sem dar dicas se vai escalar um time basicamente reserva na Bolívia, o sucesso de sua equipe passa pelo jogo coletivo. "O que pode deixar um jogador fora da Copa é a falta de comprometimento, o egoísmo. Se o jogador pensar individualmente, fica difícil."


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