São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009

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FUTEBOL

O cara


O senhor do futebol decidiu nos bastidores a maior e mais importante façanha olímpica de toda a história deste país


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O SENHOR está bastante envolvido na campanha do Rio para ter a Olimpíada-16, não?
"Não estou envolvido, é que sou membro do COI, decano. Estou lá por eleição há 45 anos. E naturalmente me dou com a maioria dos membros, são 115. Mudou muita gente, mas ainda tenho uma penetração e espero trabalhar pelo Rio, que pode trazer os Jogos para o Brasil. Estarei feliz se isso acontecer e, se Deus me der a vida no dia dos Jogos, terei exatamente cem anos."
Acha que sua influência pesará?
"É mais difícil. Primeiro, tem país da Europa [Espanha], da Ásia [Japão] e do continente americano [EUA]. Mandarei carta aos 115 [membros]. Tenho todos os votos dos árabes, são meus amigos, da África, alguns da Ásia e da Europa.
Vamos ver o que posso fazer."
Pensando bem, o que pode fazer mesmo um homem que tem a África, o Oriente Médio, mais um pedaço da Ásia e parte da Europa? Quem já jogou War sabe que quase tudo.
João Havelange, goste ou não, tem esse poder. As respostas dele, acima, saíram na Folha no dia 26 de junho do ano passado, muito antes de as pesquisas colocarem o Rio tecnicamente empatado com Chicago, bem antes de Pelé trocar Michael Jordan por Michael Jackson, antes mesmo de Lula ser "O cara" para Obama e para tantos outros.
Alguns sinais (muitos dados pelo ótimo jornalista e goleiro Márcio de Castro, da Record) nos últimos meses apontavam para o Rio. Surpresa com a vitória só teve quem estava mal informado ou quem não deu ouvido às pessoas certas. No meio de 2008 (!), Havelange não garantia vitória, mas oferecia quase a metade do mundo à sua cidade.
No discurso emocionado na bancada após o anúncio da vitória do Rio, o mundo viu a maior vitória política de Lula e a maior satisfação da vida de Nuzman. Havelange ficou em seu lugar, nos bastidores.
O projeto pode ter sido ótimo, os filmes foram maravilhosos, o Lula pode ser pé-quente (Pelé não é pé- -frio?), o Rio é lindo, o momento pode ser do Brasil, mas, sem puxar saco, Havelange foi "O cara".

INGLATERRA
Joseph Blatter, cria de Havelange, deu sutil estocada nas candidaturas conjuntas para as Copas de 2018 e 2022 (Bélgica e Holanda/ Espanha e Portugal). Alguma dúvida de que a Inglaterra ganhará?

RÚSSIA
Andreas Herren, que durante anos (Havelange/Blatter) chefiou o departamento de comunicação da Fifa, está divulgando a campanha russa para ter um Mundial. Amanhã, o lançamento oficial russo.

QATAR
O marqueteiro Mike Lee (Rio-16) trabalhará pelo Qatar. Imagem não é tudo. Política/dinheiro pode ser.

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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