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Atlético-MG descobre gato na base
Jogador, que já havia sido convocado para a seleção brasileira sub-14, tem 19 anos
THIAGO BRAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Atlético-MG encontrou
nas suas categorias de base
mais um caso de gato no futebol brasileiro. O clube descobriu que o meia Vagner, que
estava no sub-14 do time desde o início deste ano, tem, na
verdade, 19 anos. O atleta inclusive já foi convocado para
a seleção brasileira sub-14.
"Ele chegou ao clube por
meio de indicação de um
olheiro, que também foi enganado. Ele não aparenta ter
a idade que tem. Mas, na
comparação com os garotos
de 14 anos, a velocidade e a
força dele chamaram a nossa
atenção. Foi aí que passamos
a investigar", declarou o gerente das categorias de base
do time, André Figueiredo.
De acordo com o diretor, o
clube demorou cerca de três
meses para conseguir provar
que o jogador, que nasceu no
Rio de Janeiro e apresentou
documentos do Espírito Santo, havia adulterado sua certidão de nascimento. Disse
que o caminho foi longo.
"Quando aparece um caso
desses, não basta só a desconfiança para você mandar
o jogador embora", disse.
"Você tem que comprovar,
fazer tudo certo, se não o
atleta pode até processá-lo
depois. Nessa situação, se é
um gato benfeito, demora
tempo e dinheiro para provar", afirmou o dirigente.
Neste caso, foram necessários três meses até o clube ter
a certeza da fraude.
Segundo ele, também
houve a preocupação do
Atlético-MG em não constranger ou expor o jogador.
O caminho percorrido pelo
clube até a comprovação começou no cartório em que o
registro adulterado foi feito,
passou pelo hospital em que
supostamente ele havia nascido e chegou até a escola em
que Vagner estudou, no Rio
de Janeiro. Só lá foi possível
comprovar que ele não tinha
a idade que dizia ter.
"Fica todo mundo com
medo de falar", disse André
Figueiredo, sobre a dificuldade para comprovar a adulteração da idade do atleta.
O dirigente diz que Vagner, por ser franzino e ter feições de um garoto, conseguiu enganar o olheiro, que o
descobriu em uma pelada no
Rio, e o clube mineiro.
Ao mesmo tempo, o fato
de ter uma habilidade fora do
comum para um garoto de 14
anos gerou desconfiança.
Mas o gerente do clube ressalta que foi o Atlético-MG
quem correu atrás da comprovação da adulteração da
idade do atleta e que isso não
partiu de denúncias.
"Nós desconfiamos e fomos atrás, porque o clube
não é conivente com isso.
Não vale a pena para o Atlético-MG formar gato", disse.
O dirigente do clube mineiro ainda destaca a importância que o surgimento de
casos como esse -e da sua
consequente descoberta-
tem para o futebol do país.
"Era muito mais fácil para
nós mandarmos ele embora
sem que ninguém soubesse.
Mas fomos atrás da comprovação para que ele, daqui a
dois meses, não aparecesse
em outros times", afirmou o
dirigente do Atlético-MG.
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