São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2010

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Atlético-MG descobre gato na base

Jogador, que já havia sido convocado para a seleção brasileira sub-14, tem 19 anos

THIAGO BRAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Atlético-MG encontrou nas suas categorias de base mais um caso de gato no futebol brasileiro. O clube descobriu que o meia Vagner, que estava no sub-14 do time desde o início deste ano, tem, na verdade, 19 anos. O atleta inclusive já foi convocado para a seleção brasileira sub-14.
"Ele chegou ao clube por meio de indicação de um olheiro, que também foi enganado. Ele não aparenta ter a idade que tem. Mas, na comparação com os garotos de 14 anos, a velocidade e a força dele chamaram a nossa atenção. Foi aí que passamos a investigar", declarou o gerente das categorias de base do time, André Figueiredo.
De acordo com o diretor, o clube demorou cerca de três meses para conseguir provar que o jogador, que nasceu no Rio de Janeiro e apresentou documentos do Espírito Santo, havia adulterado sua certidão de nascimento. Disse que o caminho foi longo.
"Quando aparece um caso desses, não basta só a desconfiança para você mandar o jogador embora", disse.
"Você tem que comprovar, fazer tudo certo, se não o atleta pode até processá-lo depois. Nessa situação, se é um gato benfeito, demora tempo e dinheiro para provar", afirmou o dirigente. Neste caso, foram necessários três meses até o clube ter a certeza da fraude.
Segundo ele, também houve a preocupação do Atlético-MG em não constranger ou expor o jogador.
O caminho percorrido pelo clube até a comprovação começou no cartório em que o registro adulterado foi feito, passou pelo hospital em que supostamente ele havia nascido e chegou até a escola em que Vagner estudou, no Rio de Janeiro. Só lá foi possível comprovar que ele não tinha a idade que dizia ter.
"Fica todo mundo com medo de falar", disse André Figueiredo, sobre a dificuldade para comprovar a adulteração da idade do atleta.
O dirigente diz que Vagner, por ser franzino e ter feições de um garoto, conseguiu enganar o olheiro, que o descobriu em uma pelada no Rio, e o clube mineiro.
Ao mesmo tempo, o fato de ter uma habilidade fora do comum para um garoto de 14 anos gerou desconfiança.
Mas o gerente do clube ressalta que foi o Atlético-MG quem correu atrás da comprovação da adulteração da idade do atleta e que isso não partiu de denúncias.
"Nós desconfiamos e fomos atrás, porque o clube não é conivente com isso. Não vale a pena para o Atlético-MG formar gato", disse.
O dirigente do clube mineiro ainda destaca a importância que o surgimento de casos como esse -e da sua consequente descoberta- tem para o futebol do país.
"Era muito mais fácil para nós mandarmos ele embora sem que ninguém soubesse. Mas fomos atrás da comprovação para que ele, daqui a dois meses, não aparecesse em outros times", afirmou o dirigente do Atlético-MG.


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