São Paulo, sexta-feira, 08 de novembro de 2002

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Rebaixamento espreita os sabotadores das ligas


Bahia, Botafogo, Flamengo, Inter, Palmeiras e Vasco, que votaram contra os interestaduais e a favor do Nacional de 8 meses, podem ter na Série B o principal campeonato de 2003


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Eles apoiaram o fim dos regionais, que garantiam quase um semestre de atividade, e agora podem ficar praticamente toda a próxima temporada na deficitária segunda divisão do Brasileiro.
Bahia, Botafogo, Flamengo, Internacional, Palmeiras e Vasco, fundadores do Clube dos 13 que se aliaram à CBF para acabar com os interestaduais, estão entre os candidatos ao rebaixamento.
Os seis clubes votaram a favor, em eleição realizada no final de agosto, da proposta da CBF que determinava o fim dos regionais e a realização de um Brasileiro com oito meses e meio de duração.
Dessa forma, caso não consigam se safar do descenso, irão provar seu próprio veneno.
O Palmeiras, cujo presidente Mustafá Contursi foi um dos principais articuladores de um Nacional maior, pode, por exemplo, disputar um Campeonato Paulista, que nem tem seus direitos de TV comercializados, por dois meses. Depois, o time, caso seja rebaixado agora, teria a segunda divisão como principal atividade entre março e dezembro.
"Não posso chorar o leite derramado. Não me arrependo de ter votado pela mudança. Se tiver que jogar nove meses na segunda divisão, vou jogar", afirma Paulo Maracajá, homem-forte do Bahia.
Os seis gigantes que uniram forças com a entidade presidida por Ricardo Teixeira e agora vêem o rebaixamento de perto ficaram do lado oposto ao de clubes que agora fazem boa campanha no Brasileiro, como São Paulo, Corinthians, Grêmio e Atlético-MG.
Para esse segundo grupo, os interestaduais eram rentáveis e deveriam continuar no calendário. "Os que são organizados são os que têm consciência do que é bom para o futebol. Os desorganizados, cheios de dívidas, não se preocupam. Mas não são só os clubes que caírem que serão vítimas. Todos vão pagar pelo fim dos regionais. A receita vai cair", lamenta o presidente são-paulino, Marcelo Portugal Gouvêa.
"Qual carinho um dirigente tem por seu clube se abre mão gratuitamente de uma grande cota por uma pequena?", diz Alexandre Kalil, presidente do Conselho Deliberativo do Atlético-MG, lamentando a opção dos rivais, que gerou um racha no Clube dos 13.
Os casos mais graves aconteceram com Bahia e Internacional.
A agremiação gaúcha, segundo o presidente da Liga Sul-Minas, Fernando Miranda, teria garantido que votaria contra a mudança no calendário, porém acabou mudando de idéia na última hora.
Hoje, Miranda só lamenta a opção dos clubes. "Quando surgiu a discussão do calendário, disse aos clubes que eles deveriam se preocupar com o médio prazo. Esse novo calendário já é arriscado para os clubes da Série A. Imagine então para a Série B, que é um inferno", afirma o dirigente.
Já o Bahia foi acusado de implodir a Copa do Nordeste, sucesso de público nos últimos anos.
Contursi e com Fernando Carvalho (Inter) não responderam aos recados deixados pela Folha.



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