DO PAINEL FC

Enquanto setores do PT começam a divergir sobre o Estatuto do Desporto, documento que deverá ser o norte da política esportiva do governo Lula, o Ministério do Esporte do atual governo se mexia ontem para concluir uma nova medida provisória para o setor.
O secretário-executivo do ministério, José Luiz Portella, enviaria ontem à noite um novo documento ao presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
A principal novidade em relação à MP39, que foi rejeitada na terça-feira no Congresso, deve ficar por conta da exigência de os clubes se transformarem em empresa para poderem assinar contratos de imagem com atletas.
É certo que a CBF, bem como clubes, ligas e federações, terão que publicar balanços anuais, item que foi excluído da MP anterior pelo relator Ronaldo Cezar Coelho (PSDB-RJ).
O novo documento, que seria assinado ontem por FHC, pode ser publicado no "Diário Oficial" na próxima segunda. O governo faz contas para que a MP, que tem validade de 60 dias úteis, não tranque a pauta no Congresso e só seja votada no governo Lula.
A edição de uma nova MP foi criticada por Gilmar Machado (PT-MG), relator do Estatuto do Desporto. Em sua opinião, o documento abrange só o futebol.
Mas, dentro do próprio PT, há quem divirja de alguns itens do estatuto, aprovado anteontem por unanimidade em comissão especial. O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que participou da CPI da CBF/Nike, critica a utilização de verbas do bingo -e a liberação desse tipo de jogo no país- para fomentar o esporte.
"Eu vou polemizar e vou forçar a discussão dentro do partido porque acho que bingo e esporte não se misturam. Se tivermos que liberar o bingo, que isso seja feito em uma lei própria. Não posso conceber que jogos de azar possam financiar práticas sadias", disse Dr. Rosinha, que relatou que a questão bingo foi discutida na elaboração do estatuto.
A Folha tentou contatar Machado e Portella durante toda a tarde de ontem, mas não os localizou. (FERNANDO MELLO)


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