São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2006

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massa verde

Mancha entra no Palmeiras e dá "golpe de Estado"

Membros da torcida organizada palmeirense protestam com ocupação da sala da presidência por cerca de 2h30min

Em tom de piada, torcedores assinaram as destituições do presidente Affonso della Monica e também do diretor de futebol Salvador Palaia


PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise no Palmeiras chegou a tal ponto que ontem o clube passou por seu primeiro "golpe de Estado" em 92 anos de existência. Integrantes da torcida organizada Mancha Alviverde entraram na sede social do Parque Antarctica no início da tarde de ontem e, por cerca de 2h30min, ocuparam a sala da presidência, num protesto que eles classificaram como uma tomada simbólica do poder.
O grupo de aproximadamente 30 torcedores, encabeçado pelos dois principais líderes da organizada, foi ao clube para fazer reivindicações à diretoria do Palmeiras. A entrada deles no Parque Antarctica foi facilitada pelo fato de alguns serem sócios e terem se utilizado disso para passar pelos portões.
"Quem não era sócio entrou normalmente também. O portão estava aberto", contou Jânio Carvalho, presidente da Mancha, que, ao lado de Paulo Serdan, presidente de honra da torcida, liderou o grupo de palmeirenses "insurgentes".
Não encontraram, porém, o presidente Affonso della Monica, em sua sala ou no clube, nem qualquer dirigente ligado ao departamento de futebol.
Ficaram então na ante-sala da presidência, onde tiveram uma conversa com o diretor administrativo, Roberto Frizzo, responsável pela gerência da parte social e do estádio.
Durante o período que os torcedores "assumiram" o comando do Palmeiras, eles aproveitaram para tomar, simbolicamente, algumas medidas administrativas. Deixaram no clube as cartas de destituição de Della Monica e do diretor de futebol Salvador Hugo Palaia e "demitiram" o gerente de futebol Ilton José da Costa por justa causa, sob as alegações de "negociações que geraram prejuízos, contratações duvidosas, falta de planejamento e desconhecimento total do cargo".
"O Palaia está surtando. O presidente tem sustentado os desmandos do Palaia. O Ilton não foi competente nem na profissão dele [é ex-árbitro]", justificou Serdan.
Segundo os torcedores, as "sugestões" que foram feitas são fundamentais para que o time não caia para a Série B do Brasileiro, onde já esteve uma vez neste século, e possa voltar a ganhar títulos de expressão.
O protesto não foi considerado invasivo pela diretoria do Palmeiras. "Como vou falar em invasão quando os filhos do Palmeiras entram na casa deles?", disse Frizzo, que ainda usou as palavras "irmãos" e "família" ao citar os torcedores.
Apesar disso, a Folha apurou que a entrada repentina dos integrantes da Mancha no clube deixou alguns sócios e conselheiros que presenciaram a cena assustados. Eles temiam que houvesse depredação.
Já membros da diretoria viram na manifestação um movimento político, arquitetado pelo grupo de Mustafá Contursi.


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