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São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

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FUTEBOL

Coisas boas e ruins

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

O futebol está esquentando. Foi anunciada a tabela do Brasileiro com 24 clubes e já começaram os estaduais, a Copa do Brasil e a Libertadores, com goleada do Santos, golaço do Diego e show de dribles do Robinho. Ele deu um "elástico" com a mesma beleza que fazia o Rivelino.
Para ficar melhor, o brasileiro da série A deveria ter menos equipes e ter somente jogos nos finais de semana. No meio da semana, aconteceriam a Copa do Brasil, Libertadores, Copa Sul-Americana e partidas da seleção, sem justaposição de datas. Dessa forma, não haveria necessidade de proibir uma equipe de disputar a Libertadores e a Copa do Brasil.
Os regionais, que mostraram na prática serem melhores e mais rentáveis do que os estaduais, desapareceram. Os estaduais continuam por causa da política de troca de favores e de votos entre a CBF, federações e clubes.
O Cruzeiro, que apoiava os regionais, voltou atrás. Em troca, ganhou o direito de participar da Copa Sul-Americana. O Atlético-MG, que conquistara esse direito por ter ficado entre os oito primeiros no Brasileiro, perdeu a vaga, porque o presidente do conselho, Alexandre Kalil, criticou a CBF. "É dando que se recebe."
A tradição e a proteção aos pequenos, argumentos bastante utilizados para manter os estaduais, não são convincentes. Por que o mesmo clássico é mais emocionante no estadual do que no regional? Os pequenos clubes organizados e com chances de evoluir disputariam as séries inferiores do Brasileiro, a Copa do Brasil e torneios classificatórios para os regionais, com acesso e descenso.
A presença de equipes de tradição na série B, como Palmeiras e Botafogo, vai valorizar esse campeonato. Isso vai minimizar a possível queda na revelação de jogadores que acontece nos estaduais, quando os pequenos enfrentam os grandes.
Há também um grande número de times pequenos despreparados no Brasil, sem perspectiva, que só se reúnem na véspera dos estaduais. Eles deveriam assumir a condição de amadores.
Mas há também boas coisas acontecendo no futebol brasileiro fora de campo. O campeonato será por pontos corridos, turno e returno, única fórmula justa, a tabela foi anunciada com antecedência e nada de virada de mesa.
O presidente da CBF e de algumas federações e clubes deveriam aproveitar esse momento de lucidez e entregarem os cargos. Poderiam alegar, num discurso emocionado, que estão cansados de servirem ao futebol, que precisam cuidar de seus negócios e que, na democracia, é necessário dar o lugar para outros. Os seus amigos e admiradores ficariam emocionados. O futebol agradeceria.

A cara do Geninho
Após vários anos de boas campanhas, o São Caetano já pode ser chamado de time grande. Hoje, enfrenta o Corinthians. O Timão, que piorou bastante no segundo semestre com as saídas do Dida e Ricardinho, deverá sentir falta do Deivid. O Corinthians está numa fase de transição, que pode ser longa. Geninho precisa definir logo se vai dar a sua cara para bater ou vai pedir emprestada a do Parreira. O time tem de ter uma identidade, uma única cara.
O único fator positivo para a contratação do Jorge Wagner é ele ter sido dispensado pelo Luxemburgo. Costuma dar certo. O ex-jogador do Cruzeiro tem as mesmas características do Renato: às vezes acerta um bom chute de fora da área, ocupa idêntica posição, tem pouca habilidade, quase só passa a bola para o lado e ainda está fora de forma.

Fla x Flu
Pela qualidade individual da maioria de seus titulares, o Flamengo pode formar um bom time, com grandes chances de ganhar o estadual e fazer boa campanha no Brasileiro. Fiz uma crítica construtiva ao Athirson e alguns torcedores não gostaram. Disseram até que ele é melhor que o Roberto Carlos.
Repito: Athirson é um excelente jogador, destaque do estadual, mas, se quiser ser um fora-de-série, um jogador habitual da seleção, terá de aprender a jogar de lateral. Felipe teve o mesmo problema, o que atrapalhou a sua carreira. O Fluminense, que já tinha uma fraca defesa e meio-campo, ficou sem um bom ataque com as ausências do Magno Alves e Roni. Romário terá grandes dificuldades sem os companheiros. Carlos Alberto já deveria ser titular desde o ano passado.
Hoje, se o Flu marcar bem o Felipe e o Athirson e colocar um atacante veloz pela direita, aumentará suas chances de vitória.

E-mail tostao.folha@uol.com.br




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