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FUTEBOL
Coisas boas e ruins
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
O futebol está esquentando. Foi anunciada a tabela
do Brasileiro com 24 clubes e já
começaram os estaduais, a Copa
do Brasil e a Libertadores, com
goleada do Santos, golaço do Diego e show de dribles do Robinho.
Ele deu um "elástico" com a mesma beleza que fazia o Rivelino.
Para ficar melhor, o brasileiro
da série A deveria ter menos equipes e ter somente jogos nos finais
de semana. No meio da semana,
aconteceriam a Copa do Brasil,
Libertadores, Copa Sul-Americana e partidas da seleção, sem justaposição de datas. Dessa forma,
não haveria necessidade de proibir uma equipe de disputar a Libertadores e a Copa do Brasil.
Os regionais, que mostraram na
prática serem melhores e mais
rentáveis do que os estaduais, desapareceram. Os estaduais continuam por causa da política de
troca de favores e de votos entre a
CBF, federações e clubes.
O Cruzeiro, que apoiava os regionais, voltou atrás. Em troca,
ganhou o direito de participar da
Copa Sul-Americana. O Atlético-MG, que conquistara esse direito
por ter ficado entre os oito primeiros no Brasileiro, perdeu a vaga,
porque o presidente do conselho,
Alexandre Kalil, criticou a CBF.
"É dando que se recebe."
A tradição e a proteção aos pequenos, argumentos bastante utilizados para manter os estaduais,
não são convincentes. Por que o
mesmo clássico é mais emocionante no estadual do que no regional? Os pequenos clubes organizados e com chances de evoluir
disputariam as séries inferiores
do Brasileiro, a Copa do Brasil e
torneios classificatórios para os
regionais, com acesso e descenso.
A presença de equipes de tradição na série B, como Palmeiras e
Botafogo, vai valorizar esse campeonato. Isso vai minimizar a
possível queda na revelação de jogadores que acontece nos estaduais, quando os pequenos enfrentam os grandes.
Há também um grande número
de times pequenos despreparados
no Brasil, sem perspectiva, que só
se reúnem na véspera dos estaduais. Eles deveriam assumir a
condição de amadores.
Mas há também boas coisas
acontecendo no futebol brasileiro
fora de campo. O campeonato será por pontos corridos, turno e returno, única fórmula justa, a tabela foi anunciada com antecedência e nada de virada de mesa.
O presidente da CBF e de algumas federações e clubes deveriam
aproveitar esse momento de lucidez e entregarem os cargos. Poderiam alegar, num discurso emocionado, que estão cansados de
servirem ao futebol, que precisam
cuidar de seus negócios e que, na
democracia, é necessário dar o lugar para outros. Os seus amigos e
admiradores ficariam emocionados. O futebol agradeceria.
A cara do Geninho
Após vários anos de boas campanhas, o São Caetano já pode ser
chamado de time grande. Hoje,
enfrenta o Corinthians. O Timão,
que piorou bastante no segundo
semestre com as saídas do Dida e
Ricardinho, deverá sentir falta do
Deivid. O Corinthians está numa
fase de transição, que pode ser
longa. Geninho precisa definir logo se vai dar a sua cara para bater
ou vai pedir emprestada a do Parreira. O time tem de ter uma identidade, uma única cara.
O único fator positivo para a
contratação do Jorge Wagner é
ele ter sido dispensado pelo Luxemburgo. Costuma dar certo. O
ex-jogador do Cruzeiro tem as
mesmas características do Renato: às vezes acerta um bom chute
de fora da área, ocupa idêntica
posição, tem pouca habilidade,
quase só passa a bola para o lado
e ainda está fora de forma.
Fla x Flu
Pela qualidade individual da
maioria de seus titulares, o Flamengo pode formar um bom time, com grandes chances de ganhar o estadual e fazer boa campanha no Brasileiro. Fiz uma crítica construtiva ao Athirson e alguns torcedores não gostaram.
Disseram até que ele é melhor que
o Roberto Carlos.
Repito: Athirson é um excelente
jogador, destaque do estadual,
mas, se quiser ser um fora-de-série, um jogador habitual da seleção, terá de aprender a jogar de
lateral. Felipe teve o mesmo problema, o que atrapalhou a sua
carreira. O Fluminense, que já tinha uma fraca defesa e meio-campo, ficou sem um bom ataque
com as ausências do Magno Alves
e Roni. Romário terá grandes dificuldades sem os companheiros.
Carlos Alberto já deveria ser titular desde o ano passado.
Hoje, se o Flu marcar bem o Felipe e o Athirson e colocar um atacante veloz pela direita, aumentará suas chances de vitória.
E-mail tostao.folha@uol.com.br
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