São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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Clube quer ser procurador de atletas

Após saída de Fágner, homem forte do futebol idealiza agência para empresariar os jogadores da base

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Ainda atordoado pela saída repentina do jovem lateral Fágner, 17, o Corinthians pretende criar uma agência para gerenciar a carreira de seus atletas das categorias de base.
Em entrevista à Folha, Renato Duprat, homem forte do futebol corintiano, revelou a idéia e afirmou que somente dessa forma o clube conseguirá vencer a crise financeira que assola o Parque São Jorge.
Duprat, que diz fazer levantamento da atual situação do Corinthians para apresentar ao magnata russo Boris Berezovski, acredita que, com a reestruturação do departamento amador e a venda de jogadores, será possível convencer o investidor a entrar no clube.
A idéia da agência surgiu após a saída de Fágner, negociado com o PSV, da Holanda.
O contrato do lateral-direito, da seleção brasileira sub-20 que classificou o país para a Olimpíada de 2008, venceu no final do mês passado e os cartolas do Corinthians foram pegos de surpresa com a notícia. Fágner recebia R$ 1.000 por mês e pediu R$ 3 milhões para renovar. O Corinthians ofereceu R$ 8.000 de salário e luvas de R$ 60 mil. Não houve acordo.
"Baseado nesses erros que vêm acontecendo, nós discutimos a idéia de que o Corinthians-MSI tenha uma agência que credencie os procuradores. Quer jogar no Corinthians, o procurador é o Corinthians. O clube recebe 3.000 jogadores por mês", afirma Duprat.
"A culpa é do Corinthians. Dizer que é da Lei Pelé, que é do agente, é uma conversa. Um time grande não pode perder jogador. Você tem amador, profissional, jurídico. Não tem cabimento. Falhou o amador e falhou o profissional", completou ele, que promete punição aos culpados neste caso.
Segundo ele, a criação da agência vai diminuir o poder de ação dos empresários. E, daqui a quatro, cinco anos, prevê Duprat, 80% dos jogadores da base terão as carreiras gerenciadas pela agência do clube alvinegro, até mesmo se forem negociados para outras equipes.
"Hoje o agente ficou muito forte. Não que eles estejam errados, estão dentro da lei, só que você tem que equilibrar as forças. Quem pode mais chora menos", afirma Duprat. "É como qualquer outra agência. A longo prazo, 80% do faturamento fica para o Corinthians."
Pela proposta, a idéia é traçar um mapa com os atletas disponíveis para cada posição e formar três ou quatro para o time principal. Dessa forma, o clube poderá negociar um deles.
Com déficit mensal de R$ 900 mil, Duprat diz que o clube pode sair do vermelho com a venda de um bom jogador. "O resto é lucro", afirma.
"Por isso estou trazendo o Boris e fazendo todo o levantamento estrutural. Ninguém gosta de colocar dinheiro onde não vai receber nada. Temos de ajustar a máquina que está desencontrada para servir um aporte. Senão acontecerá outra vez e, daqui a dois anos, temos de arranjar outro [investidor]."
No clube, a idéia de Duprat é vista com ressalvas por conselheiros. Dizem que a boa parte de seus projetos fica no papel.


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