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Clube quer ser procurador de atletas
Após saída de Fágner, homem forte do futebol idealiza agência para empresariar os jogadores da base
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Ainda atordoado pela saída
repentina do jovem lateral Fágner, 17, o Corinthians pretende
criar uma agência para gerenciar a carreira de seus atletas
das categorias de base.
Em entrevista à Folha, Renato Duprat, homem forte do
futebol corintiano, revelou a
idéia e afirmou que somente
dessa forma o clube conseguirá
vencer a crise financeira que
assola o Parque São Jorge.
Duprat, que diz fazer levantamento da atual situação do
Corinthians para apresentar ao
magnata russo Boris Berezovski, acredita que, com a reestruturação do departamento amador e a venda de jogadores, será
possível convencer o investidor a entrar no clube.
A idéia da agência surgiu
após a saída de Fágner, negociado com o PSV, da Holanda.
O contrato do lateral-direito,
da seleção brasileira sub-20
que classificou o país para a
Olimpíada de 2008, venceu no
final do mês passado e os cartolas do Corinthians foram pegos
de surpresa com a notícia. Fágner recebia R$ 1.000 por mês e
pediu R$ 3 milhões para renovar. O Corinthians ofereceu R$
8.000 de salário e luvas de R$
60 mil. Não houve acordo.
"Baseado nesses erros que
vêm acontecendo, nós discutimos a idéia de que o Corinthians-MSI tenha uma agência
que credencie os procuradores.
Quer jogar no Corinthians, o
procurador é o Corinthians. O
clube recebe 3.000 jogadores
por mês", afirma Duprat.
"A culpa é do Corinthians.
Dizer que é da Lei Pelé, que é
do agente, é uma conversa. Um
time grande não pode perder
jogador. Você tem amador,
profissional, jurídico. Não tem
cabimento. Falhou o amador e
falhou o profissional", completou ele, que promete punição
aos culpados neste caso.
Segundo ele, a criação da
agência vai diminuir o poder de
ação dos empresários. E, daqui
a quatro, cinco anos, prevê Duprat, 80% dos jogadores da base terão as carreiras gerenciadas pela agência do clube alvinegro, até mesmo se forem negociados para outras equipes.
"Hoje o agente ficou muito
forte. Não que eles estejam errados, estão dentro da lei, só
que você tem que equilibrar as
forças. Quem pode mais chora
menos", afirma Duprat. "É como qualquer outra agência. A
longo prazo, 80% do faturamento fica para o Corinthians."
Pela proposta, a idéia é traçar
um mapa com os atletas disponíveis para cada posição e formar três ou quatro para o time
principal. Dessa forma, o clube
poderá negociar um deles.
Com déficit mensal de R$
900 mil, Duprat diz que o clube
pode sair do vermelho com a
venda de um bom jogador. "O
resto é lucro", afirma.
"Por isso estou trazendo o
Boris e fazendo todo o levantamento estrutural. Ninguém
gosta de colocar dinheiro onde
não vai receber nada. Temos de
ajustar a máquina que está desencontrada para servir um
aporte. Senão acontecerá outra
vez e, daqui a dois anos, temos
de arranjar outro [investidor]."
No clube, a idéia de Duprat é
vista com ressalvas por conselheiros. Dizem que a boa parte
de seus projetos fica no papel.
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