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XICO SÁ
Sexo, mentiras e bola na rede
Que semana incrível! Teve de tudo, desde confusão no Come-Fogo até lampejos da obra de Telê em Junior Baiano
A
MIGO TORCEDOR , amigo secador, que semana!, a melhor de
todas desde que iniciamos a
nossa ludopédica távola redonda de
todas as sagradas sextas.
Ao secador, só festa: o Norusca
empatou com o São Paulo, o Palmeiras não sabe mais o que é vitória,
aquele técnico dos oclinhos (sic)
modernos não vê o ninho de periquito que se forma na cabeça... O Corinthians não está lá essas coisas...
Só o Santos brilha aqui e na América,
como me diz uma nega chamada Camila, meio Iemanjá meio Nina Simone, santista linda, com quem vejo
o jogo de mãos dadas.
E Leonor, como fica nessa, meu
velho, cochicha o vizinho tricolor,
mó onda, ainda puto por domingo,
quando saiu o gol em Bauru botei o
rádio no último! Leonor, amigo, é
um perigo, soam as trombetas de
Momo e a mulher endoida, foi ali
com a Petra, luxuosa japonega, no
ensaio da Vai-Vai, e sabe de uma coisa, adoro que a cabocla enlouqueça
no terreiro dos deuses que dançam,
volta mais gostosa ainda para casa.
Mas, como ia dizendo, antes de
entrar mulher no meio, que semana!
No Come-Fogo, deu, como me
cantou Durvalzim, secador-mor da
zona canavieira: Comercial na cabeça. Ainda com direito à confusão dos
diabos entre um gandula e um arqueiro. Sim, lamentável, muita gente "civilizada" e "honesta" da crônica enche a bocarra moralista para
dizer coisas do gênero, enquanto repete obsessivamente as imagens,
numa exploração perversa de quem
no fundo goza com as cenas. A canalha adora que o pau cante, vive disso!
No episódio, lembrei: ser gandula
era atividade de garotos, até de
crianças, mas alguém deve ter limado, sob algum pretexto politicamente correto. Com a meninada, talvez
ficasse impossível controlar a máfia
que segura a bola quando o time da
casa está ganhando, e criança, você
que é pai sabe, adora que a vida corra, que flua o jogo, o game, a narrativa, o Lobato, o Harry Porter, pois,
quando a bola corre, a imaginação
corre com ela grudada na canela-superbonder de Gulliver.
Ora, nas partidas à tarde, era uma
diversão para os moleques. Não seria legal nos jogos em que a Globo e
os cartolas castigam a torcida e impõem que chegue em casa na madruga. A Câmara de SP tentou mudar a sessão coruja, aprovou lei, fez o
certo, mas aí veio o prefeito Kassab,
que acha que todo mundo é "vagabundo" e não carece trabalhar no dia
seguinte, e vetou a proposta sob desculpa absurda ou escambo político.
Esqueçamos o alcaide, nada estraga a fabulosa semana. Gente, na noite em que Romário ficou no banco,
só deu Junior Baiano. Quem já passou pela escolinha de Telê não esquece, o zagueiro era um craque nas
mãos do mestre, Telê que fazia de
um grosso um profeta de Aleijadinho, pedra-sabão, o dom. E quem
passou por aquelas mãos pode fazer
lambanças a perder de vista, mas
num relâmpago de verão reacende.
E lá ganhamos: América 2x1 Vasco.
E o barraco de Marcelinho x Luxa,
no Datena? Sexo, mentiras, garotas,
manicures & videoteipe, chama a
polícia, chama o ladrão, que semana!
Sim, ganhamos algo com a derrota
do Dunga, mas, por princípio, seleção é futebol para nossas mães, para
amadores, moças que não são chegadas, para bissextos de Copa, tchau
e bênção, quero ver é a vida à vera, de
responsa, onde pastam e ruminam
os deuses enlameados da várzea!
Tricolores
Justo no centenário do frevo, fiz
de Capiba, na última crônica, um
timbu coroado, quando era tricolor
pernambucano de rocha. Assim como João Máximo, autor, com Carlos Didier, do genial "Noel Rosa -
Uma Biografia", que já foi dentista
no Vasco, mas é das Laranjeiras e
nunca passou pelo Bota. Quem
manda confiar mais na memória
enfumaçada do que no Google?!
xico.folha@uol.com.br
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