São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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XICO SÁ

Sexo, mentiras e bola na rede

Que semana incrível! Teve de tudo, desde confusão no Come-Fogo até lampejos da obra de Telê em Junior Baiano

A MIGO TORCEDOR , amigo secador, que semana!, a melhor de todas desde que iniciamos a nossa ludopédica távola redonda de todas as sagradas sextas. Ao secador, só festa: o Norusca empatou com o São Paulo, o Palmeiras não sabe mais o que é vitória, aquele técnico dos oclinhos (sic) modernos não vê o ninho de periquito que se forma na cabeça... O Corinthians não está lá essas coisas... Só o Santos brilha aqui e na América, como me diz uma nega chamada Camila, meio Iemanjá meio Nina Simone, santista linda, com quem vejo o jogo de mãos dadas.
E Leonor, como fica nessa, meu velho, cochicha o vizinho tricolor, mó onda, ainda puto por domingo, quando saiu o gol em Bauru botei o rádio no último! Leonor, amigo, é um perigo, soam as trombetas de Momo e a mulher endoida, foi ali com a Petra, luxuosa japonega, no ensaio da Vai-Vai, e sabe de uma coisa, adoro que a cabocla enlouqueça no terreiro dos deuses que dançam, volta mais gostosa ainda para casa. Mas, como ia dizendo, antes de entrar mulher no meio, que semana!
No Come-Fogo, deu, como me cantou Durvalzim, secador-mor da zona canavieira: Comercial na cabeça. Ainda com direito à confusão dos diabos entre um gandula e um arqueiro. Sim, lamentável, muita gente "civilizada" e "honesta" da crônica enche a bocarra moralista para dizer coisas do gênero, enquanto repete obsessivamente as imagens, numa exploração perversa de quem no fundo goza com as cenas. A canalha adora que o pau cante, vive disso! No episódio, lembrei: ser gandula era atividade de garotos, até de crianças, mas alguém deve ter limado, sob algum pretexto politicamente correto. Com a meninada, talvez ficasse impossível controlar a máfia que segura a bola quando o time da casa está ganhando, e criança, você que é pai sabe, adora que a vida corra, que flua o jogo, o game, a narrativa, o Lobato, o Harry Porter, pois, quando a bola corre, a imaginação corre com ela grudada na canela-superbonder de Gulliver.
Ora, nas partidas à tarde, era uma diversão para os moleques. Não seria legal nos jogos em que a Globo e os cartolas castigam a torcida e impõem que chegue em casa na madruga. A Câmara de SP tentou mudar a sessão coruja, aprovou lei, fez o certo, mas aí veio o prefeito Kassab, que acha que todo mundo é "vagabundo" e não carece trabalhar no dia seguinte, e vetou a proposta sob desculpa absurda ou escambo político. Esqueçamos o alcaide, nada estraga a fabulosa semana. Gente, na noite em que Romário ficou no banco, só deu Junior Baiano. Quem já passou pela escolinha de Telê não esquece, o zagueiro era um craque nas mãos do mestre, Telê que fazia de um grosso um profeta de Aleijadinho, pedra-sabão, o dom. E quem passou por aquelas mãos pode fazer lambanças a perder de vista, mas num relâmpago de verão reacende.
E lá ganhamos: América 2x1 Vasco. E o barraco de Marcelinho x Luxa, no Datena? Sexo, mentiras, garotas, manicures & videoteipe, chama a polícia, chama o ladrão, que semana! Sim, ganhamos algo com a derrota do Dunga, mas, por princípio, seleção é futebol para nossas mães, para amadores, moças que não são chegadas, para bissextos de Copa, tchau e bênção, quero ver é a vida à vera, de responsa, onde pastam e ruminam os deuses enlameados da várzea!

Tricolores
Justo no centenário do frevo, fiz de Capiba, na última crônica, um timbu coroado, quando era tricolor pernambucano de rocha. Assim como João Máximo, autor, com Carlos Didier, do genial "Noel Rosa - Uma Biografia", que já foi dentista no Vasco, mas é das Laranjeiras e nunca passou pelo Bota. Quem manda confiar mais na memória enfumaçada do que no Google?!

xico.folha@uol.com.br


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