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Prancheta do PVC
PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br
O técnico em formação
ERA A véspera do clássico contra o Palmeiras, em novembro de
2008. Márcio Fernandes
atendeu o telefone e falou sobre o duelo contra seu ex-chefe, Vanderlei Luxemburgo,
como um fato corriqueiro.
Não era. Vencer seria a senha para o técnico recém-promovido sentar-se à mesa
do presidente Marcelo Teixeira para assinar o novo contrato. Depois da entrevista
formal terminada, Márcio desabafou: "Com você eu posso
falar. Para mim, o jogo é mesmo diferente".
Quatro meses depois, a situação de Márcio Fernandes
não mudou muito. Na véspera
do clássico do Parque Antártica contra Luxemburgo -digo,
contra o Palmeiras- havia
quem olhasse com um pouco
menos de resistência para
Fernandes, por causa da alteração que valeu a vitória sobre
o São Caetano, na quinta. Tirou Lúcio Flávio, que atrasava
o ritmo santista, pôs Róbson.
Contra o Palmeiras, Lúcio
Flávio começou jogando. Não
precisava.
Técnico formado, com autonomia, é aquele que põe o
dedo na ferida. O Palmeiras é
o time mais veloz do Brasil
neste início de ano. O Santos,
dos que mais cadenciam. Com
Lúcio Flávio, tem errado passes em demasia e jogado com
lentidão assustadora. Contra
o Palmeiras, passe errado significava contra-ataque certo.
Erro maior, no entanto, foi
não atentar para o que o Palmeiras tem de melhor -e de
pior. No ataque, Luxemburgo
escala sempre três homens.
Quando os laterais verdes subiam, faziam parceria com os
pontas e ficavam em dois contra um lateral do Santos. Willams e Armero, pela esquerda, massacraram Adriano.
Técnico formado, Luxemburgo voltou das férias com
fome de ser apontado como o
melhor do país. Percebeu que
o Santos jogaria com apenas
um atacante infiltrado. Por isso, adiantou Edmilson para
ser volante, em vez de líbero.
Como volante, anulou Lúcio
Flávio. No segundo tempo,
sem Lúcio Flávio e com dois
atacantes, Edmilson precisou
ser líbero. O Palmeiras perdeu marcação e posse de bola.
Formiga, Pepe, Geninho,
todos sofreram na Vila quando começaram como técnicos. Fernandes também. Ele
pode ter certeza de que ainda
não terá um jogo comum no
próximo clássico contra Luxemburgo. Se chegar lá.
O DRAMA DE SOUZA
Contra a Portuguesa, Souza perdeu tantos gols como
normalmente perde. O nervosismo passa a ser outro ingrediente para impedir que
deslanche. Mas a questão é
que ele é o único jogador do
Corinthians sem reserva,
pois o investimento da diretoria foi para trazer Ronaldo.
E Souza, para ser o reserva.
O MINICARROSSEL
Zé Roberto e Marcelinho
Paraíba invertem posições
com rapidez. Fábio Luciano
joga como líbero e sai como
lateral, como no lance do gol
de Zé Roberto. O Flamengo
roda como o Botafogo de Cuca fazia há dois anos. Se já está jogando bem? Não, ainda
não. Mas já é um time dinâmico, como Cuca gosta.
A PRESSÃO
Dunga terá quatro momentos de tensão neste ano que apenas
começa. O primeiro é o amistoso contra a Itália, na terça. Mas
Ricardo Teixeira costuma dizer que não demite ninguém por
amistoso. A seleção também enfrenta o Equador, em Quito, em
março. Em junho, joga em Montevidéu e recebe o Paraguai. A
terceira casca de banana é a Copa das Confederações, contra
Itália, Estados Unidos e Egito. Se passar por tudo isso, comandará o time em Buenos Aires contra a Argentina, em setembro.
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