São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2011

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TOSTÃO

Emoção e talento


O Brasil precisa descobrir um craque que arme, organize e atue de uma área à outra


É PRECISO separar, em uma partida, a emoção, as viradas de placar, os belos gols, os lances surpreendentes, que podem ocorrer em jogos entre grandes e entre pequenos, do futebol organizado e de grande qualidade técnica.
O perigo é uma partida com excelentes jogadores e entre ótimas equipes se tornar excessivamente tática, cautelosa, previsível e fria, como vimos várias vezes na Copa de 2010. Era bola para cá, para lá, e nada acontecia.
O ideal é unir a emoção com a qualidade técnica, como fizeram Fluminense e Botafogo. Já Corinthians x Palmeiras foi fraco. O Palmeiras foi muito melhor e perdeu. O Corinthians jogou tão mal quanto contra o Tolima e ganhou. Duro foi escutar Tite dizer que houve uma grande transformação na equipe.
A seleção brasileira sub-20 deve se classificar para a Olimpíada de Londres. Tem Neymar e outros bons jogadores, que já atuam nas equipes principais e que já estão mais prontos, física e tecnicamente, que os adversários. Coletivamente, é um futebol de chutes para a frente, de bolas longas, de muita marcação, luta e socos. É o futebol guerreiro e feio, modelo de se jogar hoje no Brasil.
Hoje, contra a França, Renato Augusto, que joga na Alemanha pela direita, deve ocupar o lugar que seria de Neymar, e Hernanes, o de Ganso.
Muitos torcedores e comentaristas não querem mais ver Robinho na seleção. Não entendo. Robinho tem jogado muito bem no Milan, atuou bem na Copa e nos quatro anos sob o comando de Dunga, além de ter tido uma passagem recente brilhante pelo Santos, apesar de muitos acharem que ele foi apenas um coadjuvante de Neymar e Ganso.
Como Robinho criou a expectativa, no início da carreira, de que se tornaria o melhor do mundo, houve uma grande frustração, como se ele tivesse fracassado. Robinho nunca foi, não é e nunca será um fora de série, mas é um excelente jogador. Na seleção que joga hoje, é o mais importante do meio para a frente.
Minha grande esperança é a de o Brasil ter Kaká, Ganso e Neymar, todos em forma. Será difícil Mano Menezes escalar os três e mais Robinho e um centroavante. Quem sabe Ganso poderia se adaptar a uma função diferente. O futebol brasileiro precisa descobrir, com urgência, um craque, armador, organizador, que, além de marcar, jogue de uma intermediária à outra.
Sem Ganso, Neymar e Kaká, o Brasil, mesmo se fizer hoje uma grande exibição, será apenas um bom time, igual a muitos. Isso é pouco.


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