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BOXE
Uma segunda impressão
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Você já conheceu alguém
que em um primeiro instante não foi com a cara, mas,
depois, tornou-se seu amigo?
Pois é, as primeiras impressões
enganam.
Esse pode ter sido o caso da estréia profissional do pugilista
olímpico Valdemir Pereira, o
Sertão, 26, na última terça-feira.
Se os torcedores esperavam
que ele desferisse um, dois socos,
o oponente caísse no chão, e, a
seguir, fosse comemorar sem
derramar um pingo de suor, voltaram para casa insatisfeitos.
Como se não bastasse o fato de
o pugilista, natural de Cruz das
Almas (BA), ter demorado quatro assaltos para vencer o conterrâneo Ronaldo Conceição,
por nocaute técnico, o combate
foi parelho em alguns momentos, e Sertão ainda recebeu fortes contragolpes.
Houve gente que balançou a
cabeça. Afinal, se os também
olímpicos Kelson Carlos, conhecido por ser sparring de Popó, e
o meio-pesado Laudelino Barros, o Lino, estrearam de forma
mais contundente, por que Sertão encontrou dificuldades?
(Kelson venceu por nocaute
no primeiro assalto em combate
no México, e Lino, que fez sua
primeira luta profissional no
Baby Barione, no segundo).
Do meu ponto de vista, no entanto, Sertão fez a estréia mais
proveitosa do grupo, e os resultados, a longo prazo, serão benéficos. Exibindo agressividade
no gerenciamento da carreira
de seu pupilo, Servílio de Oliveira contrariou os palpites de curiosos e selecionou Ronaldo
Conceição, um veterano de cinco combates profissionais para
enfrentar seu pugilista.
""Disseram que seria bom ele
pegar um cara ruim para estrear logo com um nocaute, mas
não concordei. Preferi alguém
que não fosse matar meu lutador, mas que tivesse condições
de testá-lo, para que Sertão
aprenda a lidar com diversas situações no futuro", diz Servílio.
Filosofia semelhante com lutadores em início de carreira é
aplicada pela empresa Main
Events, do clã Duva, e pela
America Presents (que promove
Mike Tyson), entre outros.
O ex-campeão Evander Holyfield creditou seu sucesso ao fato, entre outros motivos, de desde o início de sua carreira ter
enfrentado rivais de qualidade.
Venceu por pontos sua estréia
profissional, em 1984, contra
Lionel Byarm. Na época, Byarm
já era campeão regional, experiente. Quando chegou a hora
de lutar por um cinturão, o dos
cruzadores, em sua 12ª luta,
Holyfield estava pronto. Em
contrapartida, na década de 80,
só para citar um caso, o médio-ligeiro Engels Pedroza obteve
vários nocautes (sobre oposição
questionável), foi ranqueado,
mas nunca ganhou um título.
No final do ano passado, vários olímpicos fizeram suas estréias profissionais pela Main
Events. Diversas dessas lutas foram decididas por pontos, mostrando que eles preferem construir lutadores com chances
reais a manufaturar cartéis.
A tática, porém, foi fatal para
David Reid, único boxeador dos
EUA a ganhar ouro em Atlanta-96. Como Holyfield, por causa
do nível de oposição, foi campeão em sua 12ª luta, em 1999.
Mas seus empresários o colocaram com Félix Trinidad, que o
massacrou. Não souberam avaliar a hora de deter seu avanço.
O exemplo mostra que tal estratégia oferece riscos, mas é o
melhor meio de maximizar potencial e chances dos pugilistas.
Servílio aposta nisso.
Brasileiro 1
As bolsas de apostas já estão trabalhando com o confronto entre
o brasileiro Acelino Freitas, o Popó, e Joel Casamayor, campeão
dos superpenas pela AMB (Associação Mundial de Boxe), marcado para o dia 14 de julho, nos Estados Unidos. O pugilista cubano é o favorito na proporção de 7 por 5, mas esse quadro pode
mudar, dependendo das performances de ambos no dia 5 de
maio, em combates separados.
Brasileiro 2
O peso-leve Edson do Nascimento, o Xuxa, informa que seu
próximo treinador será Miguel Diaz, que trabalha com lutadores da empresa Top Rank, do norte-americano Bob Arum. No
próximo mês, o brasileiro encaminha pedido de rescisão de
contrato ao promotor de lutas Don King. Segundo Xuxa, o contrato previa quatro lutas em um período de um ano, mas o norte-americano somente ofereceu uma.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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