São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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FUTEBOL

A alma do negócio

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Consumidor leitor, consumada leitora, daqui até a Copa você verá um monte de anúncios com os jogadores da seleção brasileira. Além dos seis que já fazem publicidade do Santander, e de Parreira, que faz propaganda de uma escola de inglês, virão muitos outros. Pode sobrar até para o roupeiro da seleção. Sim, meu caro, nos próximos meses todo jogador será um candidato a garoto-propaganda. Ivete Sangalo que se cuide.
Mas eu não venho aqui criticar este fato. Pelo contrário. Venho, por meio desta coluna, colaborar com a propaganda nacional, sugerindo alguns reclames, como se dizia nos meu tempo.
O zagueiro Lúcio, por exemplo, que joga na Alemanha, poderia fazer um comercial da Volkswagen. Ele apareceria dando muitos chutes e cabeçadas num carro da montadora alemã e depois, cansado, diria: "Já quebrei muitos alemães, mas este aqui agüenta qualquer coisa".
Já Roque Júnior, que anda falhando em momentos importantes, poderia fazer um comercial mais ou menos assim. Ele cometeria vários erros na defesa (o que não deve ser difícil) e, a cada falha, os torcedores brasileiros arrancariam os cabelos, fechariam os olhos e roeriam as unhas. Menos um, que continuaria calmo e tranqüilo. Então a câmera daria um close nesse torcedor, e um narrador diria: "Quem tem AGF Seguros fica tranqüilo até nos maiores desastres".
Para Dida, até já vejo a cena. No vestiário da seleção, enquanto vários jogadores fazem seu aquecimento pulando para lá e para cá, vemos uma geladeira. A câmera vai até ela, a porta se abre, e lá dentro está Dida. Ele olha para a câmera e fala: "Sempre me perguntam como é que eu consigo ser tão frio nos momentos decisivos. O segredo é esse aqui. Enquanto o pessoal faz o aquecimento, eu fico na minha Brastemp A320".
Aí passa o Parreira e diz: "Tá na hora, pessoal!". Então nosso goleiro sai da geladeira e vai a campo com a seleção. E de cachecol.
Os reservas também têm um bom potencial. Imaginem Gustavo Nery, Juninho Pernambucano, Ricardinho, Marcos e Cicinho sentados no banco de reservas durante um jogo. Aí um deles diria: "Ninguém entende mais de banco do que a gente, e o nosso é Unibanco".
Cafu, que vai à sua quarta Copa aos 35 anos, seria um bom vendedor de xaropes para rejuvenescimento. Enquanto ele faria malabarismos com a bola, um locutor diria em off: "Quem usa Rejuvenil? Cafu. Quem não usa? Sifu". Pouco sutil, mas impactante.
E, como estamos chegando perto do período de propaganda política, Zé Roberto poderia fazer campanha para o PT ou para o PSDB. Ele, de terno e chuteiras, olharia para a câmera e diria, sério: "Comecei na lateral esquerda, mas hoje jogo no meio-campo. E estou dando conta do recado. Confie em quem começa na esquerda e vai parar no centro".
Tudo bem, não foram grandes idéias, mas em compensação eu cobro bem menos que o Duda Mendonça.

Preto no branco
Antônio Carlos cometeu o maior erro da carreira. Além de ser expulso por cotovelada desleal, deu claras demonstrações de racismo. Claríssimas (sem trocadilho). É óbvio que estava de cabeça quente etc... mas haverá punição. Parece que a carreira do grande zagueiro um terá final melancólico.

Belmiro da Vila
A "Placar" deste mês traz uma saborosa reportagem sobre os bares temáticos que usam o futebol como mote. Há lá dez ótimos botecos, como o clássico Elídio, na Moóca, e o sempre simpático São Cristóvão, na Vila Madalena. Acrescento outro: o Belmiro da Vila. Ele fica, inesperadamente, num shopping, o Litoral Plaza, na Praia Grande. Tem boa comida, bom preço e bela decoração santista.

E-mail torero@uol.com.br


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