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FUTEBOL
A alma do negócio
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Consumidor leitor, consumada leitora, daqui até a
Copa você verá um monte de
anúncios com os jogadores da seleção brasileira. Além dos seis que
já fazem publicidade do Santander, e de Parreira, que faz propaganda de uma escola de inglês, virão muitos outros. Pode sobrar
até para o roupeiro da seleção.
Sim, meu caro, nos próximos meses todo jogador será um candidato a garoto-propaganda. Ivete
Sangalo que se cuide.
Mas eu não venho aqui criticar
este fato. Pelo contrário. Venho,
por meio desta coluna, colaborar
com a propaganda nacional, sugerindo alguns reclames, como se
dizia nos meu tempo.
O zagueiro Lúcio, por exemplo,
que joga na Alemanha, poderia
fazer um comercial da Volkswagen. Ele apareceria dando muitos
chutes e cabeçadas num carro da
montadora alemã e depois, cansado, diria: "Já quebrei muitos
alemães, mas este aqui agüenta
qualquer coisa".
Já Roque Júnior, que anda falhando em momentos importantes, poderia fazer um comercial
mais ou menos assim. Ele cometeria vários erros na defesa (o que
não deve ser difícil) e, a cada falha, os torcedores brasileiros arrancariam os cabelos, fechariam
os olhos e roeriam as unhas. Menos um, que continuaria calmo e
tranqüilo. Então a câmera daria
um close nesse torcedor, e um
narrador diria: "Quem tem AGF
Seguros fica tranqüilo até nos
maiores desastres".
Para Dida, até já vejo a cena.
No vestiário da seleção, enquanto
vários jogadores fazem seu aquecimento pulando para lá e para
cá, vemos uma geladeira. A câmera vai até ela, a porta se abre, e
lá dentro está Dida. Ele olha para
a câmera e fala: "Sempre me perguntam como é que eu consigo ser
tão frio nos momentos decisivos.
O segredo é esse aqui. Enquanto o
pessoal faz o aquecimento, eu fico
na minha Brastemp A320".
Aí passa o Parreira e diz: "Tá na
hora, pessoal!". Então nosso goleiro sai da geladeira e vai a campo
com a seleção. E de cachecol.
Os reservas também têm um
bom potencial. Imaginem Gustavo Nery, Juninho Pernambucano,
Ricardinho, Marcos e Cicinho
sentados no banco de reservas durante um jogo. Aí um deles diria:
"Ninguém entende mais de banco
do que a gente, e o nosso é Unibanco".
Cafu, que vai à sua quarta Copa
aos 35 anos, seria um bom vendedor de xaropes para rejuvenescimento. Enquanto ele faria malabarismos com a bola, um locutor
diria em off: "Quem usa Rejuvenil? Cafu. Quem não usa? Sifu".
Pouco sutil, mas impactante.
E, como estamos chegando perto do período de propaganda política, Zé Roberto poderia fazer
campanha para o PT ou para o
PSDB. Ele, de terno e chuteiras,
olharia para a câmera e diria, sério: "Comecei na lateral esquerda, mas hoje jogo no meio-campo. E estou dando conta do recado. Confie em quem começa na
esquerda e vai parar no centro".
Tudo bem, não foram grandes
idéias, mas em compensação eu
cobro bem menos que o Duda
Mendonça.
Preto no branco
Antônio Carlos cometeu o
maior erro da carreira. Além de
ser expulso por cotovelada desleal, deu claras demonstrações
de racismo. Claríssimas (sem
trocadilho). É óbvio que estava
de cabeça quente etc... mas haverá punição. Parece que a carreira do grande
zagueiro um terá final melancólico.
Belmiro da Vila
A "Placar" deste mês traz uma
saborosa reportagem sobre os
bares temáticos que usam o futebol como mote. Há lá dez ótimos botecos, como o clássico
Elídio, na Moóca, e o sempre
simpático São Cristóvão, na Vila Madalena. Acrescento outro:
o Belmiro da Vila. Ele fica, inesperadamente, num shopping, o
Litoral Plaza, na Praia Grande.
Tem boa comida, bom preço e
bela decoração santista.
E-mail torero@uol.com.br
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