São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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JUCA KFOURI

Homenagem ao bom futebol

Mais do que águas, por enquanto, março tem trazido é muito bom futebol para os gramados brasileiros

FLUMINENSE e Cruzeiro foram responsáveis por momentos de futebol de primeira qualidade nos dias 5 e 6 de março.
O primeiro tempo no Mineirão diante do Caracas mostrou um Cruzeiro tão agudo, tão rápido, tão letal, como há tempos não se via.
E os 90 minutos do Fluminense diante do Arsenal argentino foram dignos de uma epopéia, tamanha a qualidade técnica e a disposição tática da equipe tricolor, na base dos três vira seis acaba e dignos do livro de recordes, porque o Flu só foi cometer sua primeira falta já com 42 minutos de partida.
Ao golear os atuais campeões da Copa Sul-Americana (que ultrapassaram, então, o San Lorenzo, o Goiás, o Chivas, o River Plate e o América) por impiedosos 6 a 0, o Flu não se limitou a fazer gols, o que já bastaria.
Não, o time do pó-de-arroz de volta ao Maracanã fez seis belíssimos gols, com Thiago Neves, de falta, com Gabriel, por cobertura, com Washington, na tabelinha, e com Dodô, um belo, outro extraordinário, de sem-pulo, de fora da área, ele que simplesmente participou de todos os gols tricolores, incluindo o sexto, de Cícero, com efeito.
Para quem já estava feliz com a exibição do Cruzeiro na noite anterior, a do Flu foi assim como o clímax, desses de entusiasmar e levar a afirmações definitivas, temerárias, irresponsáveis até, embora seja fato indiscutível que, se o time de Renato Gaúcho jogar sempre como jogou no Maracanã, não será apenas o campeão da Libertadores, mas o campeão mundial de clubes. Pena que, é claro, time algum no mundo seja capaz de manter tal qualidade de jogo.
Pois, se o Flu mantiver, não tem Arsenal, o inglês mesmo, não tem Roma, não tem Barcelona nem Manchester United que lhe faça frente, muito menos Boca Juniors ou São Paulo. Vai ver, no entanto, teve, ontem, o Friburguense a devolvê-lo à realidade pela Taça Rio. Porque o que vimos na quarta passada esteve além do normal mesmo em grandes exibições, algo assim como apenas times que entraram para a história do futebol foram capazes.
Tão bom, mas tão bom que quem, como este que vos fala, estava mais interessado em acompanhar o jogo do São Paulo, acabou reservando apenas um olhar de esguelha para o que acontecia no Morumbi.
Sem querer tirar conclusões precipitadas (e, atenção, eu não disse que o Flu será campeão de nada, disse, apenas, que, se jogar sempre assim, será campeão de tudo!), quem sabe este mês das águas de março não marque o fim da fase de entrosamento de nossos times e o bom futebol comece a aparecer com mais freqüência, como até mesmo o São Paulo mostrou um pouco, contra o Audax, e o Santos também, contra o Chivas, a exemplo do que o Palmeiras já exibira diante do Corinthians.
Enfim, foi um meio de semana muito rico, promissor, porque também na Europa pudemos ver o jovem time do Arsenal dar uma aula de futebol no carcomido Milan, assim como a flamante Roma despachou a arrogância madridista, para não falar da épica jornada do Fenerbahce de Zico em Sevilha. Tomara que este domingo mantenha o nível, para o bem do futebol bem jogado.


blogdojuca@uol.com.br

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