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JUCA KFOURI
Homenagem ao bom futebol
Mais do que águas, por enquanto, março tem trazido é muito bom futebol para os gramados brasileiros
FLUMINENSE e Cruzeiro foram
responsáveis por momentos
de futebol de primeira qualidade nos dias 5 e 6 de março.
O primeiro tempo no Mineirão
diante do Caracas mostrou um Cruzeiro tão agudo, tão rápido, tão letal,
como há tempos não se via.
E os 90 minutos do Fluminense
diante do Arsenal argentino foram
dignos de uma epopéia, tamanha a
qualidade técnica e a disposição tática da equipe tricolor, na base dos
três vira seis acaba e dignos do livro
de recordes, porque o Flu só foi cometer sua primeira falta já com 42
minutos de partida.
Ao golear os atuais campeões da
Copa Sul-Americana (que ultrapassaram, então, o San Lorenzo, o
Goiás, o Chivas, o River Plate e o
América) por impiedosos 6 a 0, o Flu
não se limitou a fazer gols, o que já
bastaria.
Não, o time do pó-de-arroz de volta ao Maracanã fez seis belíssimos
gols, com Thiago Neves, de falta,
com Gabriel, por cobertura, com
Washington, na tabelinha, e com
Dodô, um belo, outro extraordinário, de sem-pulo, de fora da área, ele
que simplesmente participou de todos os gols tricolores, incluindo o
sexto, de Cícero, com efeito.
Para quem já estava feliz com a
exibição do Cruzeiro na noite anterior, a do Flu foi assim como o clímax, desses de entusiasmar e levar a
afirmações definitivas, temerárias,
irresponsáveis até, embora seja fato
indiscutível que, se o time de Renato
Gaúcho jogar sempre como jogou no
Maracanã, não será apenas o campeão da Libertadores, mas o campeão mundial de clubes.
Pena que, é claro, time algum no
mundo seja capaz de manter tal qualidade de jogo.
Pois, se o Flu mantiver, não tem
Arsenal, o inglês mesmo, não tem
Roma, não tem Barcelona nem
Manchester United que lhe faça
frente, muito menos Boca Juniors
ou São Paulo. Vai ver, no entanto, teve, ontem, o Friburguense a devolvê-lo à realidade pela Taça Rio.
Porque o que vimos na quarta passada esteve além do normal mesmo
em grandes exibições, algo assim como apenas times que entraram para
a história do futebol foram capazes.
Tão bom, mas tão bom que quem,
como este que vos fala, estava mais
interessado em acompanhar o jogo
do São Paulo, acabou reservando
apenas um olhar de esguelha para o
que acontecia no Morumbi.
Sem querer tirar conclusões precipitadas (e, atenção, eu não disse
que o Flu será campeão de nada, disse, apenas, que, se jogar sempre assim, será campeão de tudo!), quem
sabe este mês das águas de março
não marque o fim da fase de entrosamento de nossos times e o bom futebol comece a aparecer com mais freqüência, como até mesmo o São
Paulo mostrou um pouco, contra o
Audax, e o Santos também, contra o
Chivas, a exemplo do que o Palmeiras já exibira diante do Corinthians.
Enfim, foi um meio de semana
muito rico, promissor, porque também na Europa pudemos ver o jovem time do Arsenal dar uma aula
de futebol no carcomido Milan, assim como a flamante Roma despachou a arrogância madridista, para
não falar da épica jornada do Fenerbahce de Zico em Sevilha.
Tomara que este domingo mantenha o nível, para o bem do futebol
bem jogado.
blogdojuca@uol.com.br
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