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Por Lei Piva, COB infla conquistas do Brasil
Com eventos menores, país soma 104 ouros olímpicos ou mundiais em 2008
Comitê, que sofre assédio de clubes por verba de loterias, considera até os pódios em Copa de piscina curta e em torneios Challenger de tênis
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ameaçado de perder parte
dos recursos da Lei Piva, o COB
(Comitê Olímpico Brasileiro)
inflou os números de conquistas do Brasil em 2008 tentando
demonstrar que, sob sua administração, o esporte brasileiro
obteve êxito internacional.
Beneficiado por parte da verba das loterias da Caixa Econômica Federal, o COB corre o
risco de perder recursos. Os
clubes alegam que são os verdadeiros formadores de atletas e
querem uma fatia da Lei Piva.
Para fazer frente à ameaça, o
COB divulgou, na semana passada, demonstrativo financeiro
de aplicação dos recursos obtidos e as metas para a Olimpíada
de Londres, daqui a três anos.
De acordo com os dados do
comitê, atletas brasileiros conquistaram um total de 104 ouros, 105 pratas e 112 bronzes em
competições de nível olímpico
e mundial realizadas em 2008.
Nos Jogos de Pequim-08, porém, o país esteve bem longe de
alcançar as principais potências esportivas mundiais. O
Brasil terminou a Olimpíada na
23ª posição, com 15 medalhas
(3 ouros, 4 pratas 8 bronzes).
Além disso, dois desses pódios foram obtidos pelo futebol
-prata no feminino e bronze
no masculino-, que não recebe
apoio estatal via Lei Piva.
As medalhas conquistadas na
China -em ano olímpico, esportes mais badalados, como
atletismo, natação, basquete e
vôlei não realizam seu Mundial
mais importante- correspondem a só 0,04% do total.
Para inchar os números, foram considerados títulos de
menor relevância, como torneios Challenger de tênis -que
não contam com a participação
dos mais bem ranqueados-,
GPs de atletismo -em que
sempre há ausência de estrelas- e etapas da Copa do Mundo de natação em piscina curta
-os principais nadadores, como Michael Phelps, costumam
desprezar essas competições.
Embora os dados tenham sido enviados pelas confederações olímpicas, o comitê diz
que foi sua a iniciativa de considerar todos esses pódios como
de nível mundial ou olímpico.
"Essa definição do COB foi
uma forma de agrupar os resultados de acordo com a abrangência e o nível da competição",
afirmou o comitê, por meio de
sua assessoria de imprensa.
E, apesar do desempenho
ainda modesto em Pequim-08,
as confederações prevêem, para Londres-2012, a conquista
de pelo menos 22 medalhas,
um aumento de quase 50% em
relação à última Olimpíada.
Tal previsão também serve
de argumento contra o assédio
dos clubes por um quinhão da
Lei Piva. "O COB reconhece a
importância dos clubes no cenário esportivo do Brasil e se
colocou à disposição para se
reunir na busca de soluções de
recursos para essas entidades",
comenta o comitê brasileiro.
Apesar disso, a entidade é
contra a entrada de mais um setor entre os beneficiados pela
lei das loterias. "Não se pode diluir os investimentos que já
vêm sendo feitos no esporte,
como é o caso da Lei Piva, que
corresponde a apenas um terço
das necessidades do esporte."
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