São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2004

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FUTEBOL

Governo programa jogo contra europeus que é recusado por dirigentes

Lula quer Mercosul x UE, mas esbarra em cartolas

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

ALESSANDRA MILANEZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo Lula voltou a pôr na mesa a proposta de um jogo de futebol entre seleções do Mercosul e da União Européia para estreitar os laços entre os dois blocos. Mas a idéia, ressuscitada anteontem pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), não encontra ressonância na CBF, na Associação de Futebol Argentino e na Confederação Sul-Americana.
A idéia do governo é reunir no mesmo time estrelas brasileiras e argentinas em um duelo contra os europeus para celebrar o acordo de livre comércio entre os dois blocos, que está previsto para ser assinado no segundo semestre.
O projeto foi apresentado pela primeira vez em setembro pelo ministro Agnelo Queiroz (Esportes), mas foi ignorado pelos cartolas sul-americanos.
Na noite de anteontem, foi retomado por Amorim em evento na embaixada da Argentina em Brasília. A partida reuniria jogadores das duas únicas regiões que já ganharam Copas e colocaria lado a lado rivais argentinos e brasileiros, em um time, e ingleses, franceses e alemães, do outro.
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma que a única rivalidade entre nossos países deve ser a futebolística. Mas isso também pode mudar, porque estamos tramando uma partida entre Mercosul e União Européia para que possamos torcer pela mesma camisa", disse o ministro.
"Não tenho conhecimento de nenhuma negociação para a realização dessa partida. Ninguém do governo me procurou. E, com o atual calendário do futebol mundial, acho difícil que aconteça", disse ontem o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.
Seu colega argentino, Julio Grondona, vai além. "É impossível realizar uma partida dessas sem a concordância da família futebol. Futebol é futebol, política é política. Até agora, nada a este respeito foi discutido na Sul-Americana, que é a única entidade com poderes para negociar com a Uefa [a entidade que comanda o futebol europeu]", disse à Folha o presidente da AFA.
Na verdade, os dois cartolas são contrários ao amistoso. Avaliam que a partida pode acirrar ainda mais o já conturbado relacionamento entre clubes europeus e as federações nacionais. A interlocutores, o presidente da Sul-Americana, Nicolás Leoz, disse que a entidade só vai agir se for procurada oficialmente pelos governos brasileiro e argentino.
Segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, porém, a proposta ainda está em análise e não estão definidos, por exemplo, que jogadores atuariam.
Além de Amorim, defende a idéia Martin Redrado, vice-chanceler argentino. De acordo com a assessoria do Itamaraty, os negociadores do Paraguai e do Uruguai já foram consultados e se mostraram entusiasmados.
A assessoria do Itamaraty informa que está elaborando uma proposta mais concreta para ser apresentada aos outros três países. Para viabilizar a proposta, é necessário encontrar patrocinadores.


Com agências internacionais


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