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FUTEBOL
Governo programa jogo contra europeus que é recusado por dirigentes
Lula quer Mercosul x UE,
mas esbarra em cartolas
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
ALESSANDRA MILANEZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula voltou a pôr na
mesa a proposta de um jogo de futebol entre seleções do Mercosul e
da União Européia para estreitar
os laços entre os dois blocos. Mas
a idéia, ressuscitada anteontem
pelo ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), não encontra
ressonância na CBF, na Associação de Futebol Argentino e na
Confederação Sul-Americana.
A idéia do governo é reunir no
mesmo time estrelas brasileiras e
argentinas em um duelo contra os
europeus para celebrar o acordo
de livre comércio entre os dois
blocos, que está previsto para ser
assinado no segundo semestre.
O projeto foi apresentado pela
primeira vez em setembro pelo
ministro Agnelo Queiroz (Esportes), mas foi ignorado pelos cartolas sul-americanos.
Na noite de anteontem, foi retomado por Amorim em evento na
embaixada da Argentina em Brasília. A partida reuniria jogadores
das duas únicas regiões que já ganharam Copas e colocaria lado a
lado rivais argentinos e brasileiros, em um time, e ingleses, franceses e alemães, do outro.
"O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirma que a única rivalidade entre nossos países deve ser
a futebolística. Mas isso também
pode mudar, porque estamos tramando uma partida entre Mercosul e União Européia para que
possamos torcer pela mesma camisa", disse o ministro.
"Não tenho conhecimento de
nenhuma negociação para a realização dessa partida. Ninguém do
governo me procurou. E, com o
atual calendário do futebol mundial, acho difícil que aconteça",
disse ontem o presidente da CBF,
Ricardo Teixeira.
Seu colega argentino, Julio
Grondona, vai além. "É impossível realizar uma partida dessas
sem a concordância da família futebol. Futebol é futebol, política é
política. Até agora, nada a este
respeito foi discutido na Sul-Americana, que é a única entidade com poderes para negociar
com a Uefa [a entidade que comanda o futebol europeu]", disse
à Folha o presidente da AFA.
Na verdade, os dois cartolas são
contrários ao amistoso. Avaliam
que a partida pode acirrar ainda
mais o já conturbado relacionamento entre clubes europeus e as
federações nacionais. A interlocutores, o presidente da Sul-Americana, Nicolás Leoz, disse que a entidade só vai agir se for procurada
oficialmente pelos governos brasileiro e argentino.
Segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, porém, a
proposta ainda está em análise e
não estão definidos, por exemplo,
que jogadores atuariam.
Além de Amorim, defende a
idéia Martin Redrado, vice-chanceler argentino. De acordo com a
assessoria do Itamaraty, os negociadores do Paraguai e do Uruguai já foram consultados e se
mostraram entusiasmados.
A assessoria do Itamaraty informa que está elaborando uma proposta mais concreta para ser apresentada aos outros três países. Para viabilizar a proposta, é necessário encontrar patrocinadores.
Com agências internacionais
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