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FUTEBOL
Importante, mas nem tanto
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Não sou radical para propor
o fim dos Estaduais. Reconheço a importância dessa competição para manter a rivalidade
entre os grandes e para motivar
os pequenos, mas não me entusiasmo tanto quanto em outras
épocas.
Se o Botafogo confirmar o título, deve comemorar bastante. Porém o time continuará fraco para
o Brasileiro. Pela importância de
sua história, o Botafogo merece
ter uma equipe melhor e em condições de disputar títulos mais
importantes.
A conquista para o Santos será
mais importante porque os grandes de São Paulo são melhores do
que os do Rio.
Se for campeão, vai merecer o
título, pois foi o mais regular nessa amputada fórmula de pontos
corridos com um turno.
Santos e Botafogo, quase campeões, fizeram nos anos 60 as partidas mais espetaculares entre
clubes que assisti em toda a minha vida.
Estresse faz mal
O Palmeiras está bem colocado
no Campeonato Paulista e é candidato ao título da Libertadores.
No Brasileiro, tem boas chances
de ficar entre os cinco primeiros.
Portanto, não se justificam o menosprezo do Leão e de muitos torcedores ao time.
Quando Leão fala que a equipe
é nota cinco, quer dizer: "Eu sou
muito bom e os jogadores são
mais ou menos".
Se a equipe ganha, é por causa
do técnico; se perde, os jogadores
são medianos. A principal deficiência do Palmeiras é a afobação. A equipe prioriza o estilo
guerreiro do volante Marcinho.
Isso é conseqüência do pouco talento dos armadores e do nervosismo dos atletas, que atuam
pressionados pelo técnico e pela
torcida.
A afobação foi também o maior
erro do São Paulo contra o Chivas. Os jogadores e o bom e sério
Muricy Ramalho estavam agitados, mais que o habitual. O time
não foi campeão mundial porque
tinha um técnico calmo (Paulo
Autuori), porém isso ajuda.
Umas das razões do excesso de
faltas e do futebol violento que se
joga no Brasil são o ambiente hostil de uma partida, dentro e fora
de campo, e a agitação dos treinadores. Quando os jogadores vão
para a Europa, ficam mais calmos e melhores.
Os técnicos brasileiros deveriam
passar um tempo na Europa, não
para permanecerem estáticos e
em silêncio durante o jogo, como
se assistissem a um espetáculo de
música clássica, e sim para aprenderem a trabalhar mais quietos.
A agitação dos treinadores é
ruim para o futebol, para os jogadores e para o próprio técnico. O
estresse faz mal à saúde.
Ótimos atacantes
Foi só o Corinthians ter uma
ótima vitória na Libertadores para muitos dizerem que o jovem,
promissor e vaidoso técnico Ademar Braga corrigiu todos os defeitos do time, que o Carlos Alberto é
muito superior ao Roger e que o
Corinthians tem a melhor equipe
do Brasil. Calma! O time continuou torto, desorganizado e venceu por causa das atuações espetaculares de Tevez e Nilmar.
Crespo e Messi devem ser os atacantes da Argentina na Copa.
Prefiro Tevez ao Crespo. Os técnicos de todo o mundo continuam
reféns do típico centroavante, que
costuma fazer pelo menos um gol
a cada dois jogos, mas que não
participa do jogo coletivo e que
não tem outras qualidades.
Diferentemente do Fred, que
não tem jogado bem no Lyon,
apesar de dizerem o contrário no
Brasil, Nilmar está em grande forma. O fato de ele não ter dado certo na França é um fator negativo
para o Parreira convocá-lo. Fred
possui também características
mais parecidas com Ronaldo,
Adriano e Ricardo Oliveira, que
será o quarto atacante se voltar a
jogar bem.
Nilmar deve ter tido no Lyon a
mesma dificuldade que tem o
Fred. O time francês joga com
dois pontas bem abertos e um
centroavante fixo, isolado, esperando a bola para finalizar. No
Cruzeiro, Fred tinha um companheiro ao seu lado. O mesmo
acontece com Nilmar no Corinthians. A dupla de atacantes é
uma característica do futebol
brasileiro.
Carequinha
Morreu o palhaço Carequinha,
meu ídolo na infância. Sonhava
em ser palhaço e viver até os 90
anos, como Carequinha. Não vou
realizar esses desejos. Pena!
Em compensação, fiz e pretendo
fazer muitas outras coisas, como
viver até os 89 anos.
E-mail :
tostao.folha@uol.com.br
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