São Paulo, segunda-feira, 09 de abril de 2007

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Corinthians limita poder de treinador após Leão

Incomodado com herança de ex-técnico, clube não deixará sucessor contratar

A partir de agora, sugestões terão de que ser aprovadas por uma comissão montada no clube que inclui Renato Duprat e Ilton José da Costa


Sergio Alberti / Folha Imagem
Judas
Membros da Gaviões malham bonecos de Dualib e sua neta Carla na sede da organizada


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Traumatizado pelo resultados provocados pela carta branca dada a Leão, a diretoria do Corinthians vai limitar os poderes do próximo treinador.
O novo comandante não poderá definir contratações. Se indicar alguém, a sugestão terá de passar pelo crivo de uma comissão montada pelo clube, da qual o técnico irá participar.
De acordo com Renato Duprat, responsável pelo futebol corintiano, o sucessor de Leão deverá relatar as posições carentes e o perfil dos atletas que deseja. Três observadores farão as indicações. Os olheiros, o gerente Ilton José da Costa, Duprat e a comissão técnica escolherão, juntos, os reforços.
"Não queremos um manager, o técnico terá de se preocupar em treinar o time", afirmou o dirigente. A idéia é evitar que o o treinador erre nas contratações e, ao ser demitido, seus protegidos fiquem encalhados.
É o que aconteceu com Leão. Daniel e Amoroso, trazidos por ele, já foram afastados.
Quando o novo treinador chegar, pelo menos mais seis atletas devem ser dispensados, o que vai gerar despesas para o clube com as rescisões.
A liberdade dada a Leão para tomar decisões também gerou a insatisfação dos atletas revelados pelo clube. Eles reclamam que os indicados pelo treinador chegaram ganhando mais. E que, nas tratativas para renovar, os pratas da casa não conseguem equiparação.
É o caso do zagueiro Gustavo, que ganha cerca de R$ 70 mil mensais. Nenhum jogador formado no Parque São Jorge recebe mais do que a cria de Leão.
Segundo dirigentes do clube, Abel Braga, o preferido de Duprat e do presidente Alberto Dualib, já sinalizou que aceita ter menos ingerência no departamento de futebol em relação a seu antecessor.
Porém, se fechar com o clube, Abel trará praticamente uma nova comissão técnica. Isso porque a anterior esfacelou-se com a saída de Leão, que indicara seus componentes.
"Com o tempo isso vai mudar, o clube terá a sua própria comissão", disse Duprat.
Na prática, o primeiro passo dado pelo dirigente foi a contratação do ex-atacante Mauro, que será um dos três observadores. Como seus futuros colegas, ele será proibido de manter contato com empresários durante as observações.
Para conselheiros do clube, a nova estratégia de Duprat soa como uma confissão de que ele e Dualib erraram ao darem plenos poderes a Leão, contratado para evitar o rebaixamento no Campeonato Brasileiro-06.
A dupla, porém, sustenta, que naquele momento o Corinthians precisava de um treinador centralizador. Duprat não acredita que a demora para a definição do novo técnico atrapalhe o planejamento para o Nacional. "O mais importante não é contratar o treinador, é reestruturar o clube", diz.
A estratégia corintiana é montar estrutura semelhante à do São Paulo. O clube do Morumbi tem sua própria comissão técnica e é a diretoria, e não o técnico, quem decide sobre contratações para o time.
O próprio Leão sentiu isso na pele quando trabalhou lá. Teve de engolir, por exemplo, a estrela do futsal Falcão, contratado para a equipe pelo então presidente do clube.


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